por T. Austin-Sparks
Capítulo 3 - Sua Relação Atual com a Vida
“Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar?” (Sl. 24:3).
“Tu o introduzirás e o plantarás no monte da tua herança, no lugar que aparelhaste, ó SENHOR, para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.” (Êx. 15:17).
“Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, tendo na fronte escrito o seu nome e o nome de seu Pai.” (Ap. 14:1).
Essa é a grande pergunta de todas as eras, como já dissemos: “Quem subirá ao monte do Senhor?”. A resposta é encontrada, em sua primeira instância, naqueles que são chamados “primícias para Deus e para o Cordeiro” (Ap 14:4), esse grupo representativo. Esse grupo é chamado simbolicamente (não literalmente) de cento e quarenta e quatro mil. Nós já indicamos o sentido desse número em nossa meditação anterior.
Em primeiro lugar, iremos identificar esse “monte do Senhor”. Para a maioria de nós, não é algo novo dizer que existe tanto uma história como uma geografia espiritual por trás daquilo que está literalmente registrado na Bíblia. Isso também é verdadeiro em relação a esse lugar denominado “monte do Senhor”. Acredito que tudo na Bíblia tem esse sentido duplo: temos as coisas visíveis, tangíveis e palpáveis, usadas para indicar uma contraparte espiritual. Eventos e acontecimentos estão atrelados a um sentido espiritual equivalente. Mesmo no campo fisiológico, em nosso corpo, temos essa correspondência.
Talvez no âmbito da geografia Bíblica, isso seja ainda mais patente. Pense em todos os nomes de lugares que não somente foram usados como simbolismo, mas também como representação de um princípio espiritual daquilo que ali ocorreu. Por exemplo, “Betel” (que significa “a casa de Deus”) não é apenas um nome dado a um lugar, mas indicou algo que aconteceu ali, implicando no sentido espiritual da casa de Deus. Quando Jacó esteve em Betel pela primeira vez, se deitou para dormir e os céus se abriram. Em um sonho ele viu uma escada, e sobre ela ocorria uma comunicação entre os céus e a terra. Então, Deus começou a falar com Jacó a respeito de Sua aliança. Isso deve indicar para nós a representação espiritual da casa de Deus, caso contrário pode ser que a não tenhamos visto ainda. A casa de Deus espiritual LIGA o céu à terra, é o meio de comunicação entre Deus e o homem. Isso também implica na existência de alguns aqui na terra vivendo sob um céu aberto, que adentraram nas bênçãos da aliança. Isso é Betel. Não é apenas um nome, mas representa algo espiritual, que nasceu da experiência de um homem.
Poderíamos seguir usando nomes de lugares, evidenciando esse princípio, enquanto temos um nome, um lugar, isso indica algo mais: chegamos a um pensamento Divino, um princípio, uma lei, algo da mente de Deus. Quando enxergamos por trás do visível, encontramos algo que é eterno, poderoso, tremendo. Então lugares, montanhas, vales, e tudo o mais relacionado à geografia tem um sentido espiritual na Bíblia.
Precisamos identificar esse “monte do Senhor” primeiro literalmente. Isso não toma muito tempo, porque os Salmos praticamente se iniciam indicando a identidade do monte do Senhor. “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião” (Sl. 2:6).“Meu santo monte Sião” é, histórica e literalmente, o monte do Senhor.
O que seria Sião então, no sentido espiritual? Será que nos lembramos que o Salmo Segundo foi citado logo no início da história da igreja? Quando as forças terrenas tentaram combater o Senhor e os Seus ungidos, e os irmãos oraram a esse respeito eles citaram esse Salmo, então o lugar onde estavam tremeu (Atos 4). O próprio tremor dos céus tomou aquele lugar. O que isso indica? Ali tocamos no monte santo de Sião! Onde ele está localizado? O Senhor Jesus ascendeu à destra da Majestade nos céus. Esse é um lugar de absoluta ascendência, vitória e poder. Quem é o Senhor agora? “Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido... Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião.” [Sl. 2:3;6]
Sião, portanto, não é um lugar na terra. Sião se resume no absoluto senhorio de Jesus Cristo à destra de Deus. Assim o apóstolo escreveu: “Mas tendes chegado ao monte Sião... a Jerusalém celestial, a ... igreja dos primogênitos arrolados nos céus” (Hb.12:22,23) . Esse não é mais um lugar, mas é uma posição espiritual. Isso é Sião, já identificamos o monte santo.
Quem subirá ao monte Sião? Quem permanecerá ali? Essa é a pergunta. Enquanto que a consumação disso está no final do caminho, essa questão é algo que exerce uma influência no presente do povo do Senhor. Uma clara definição de Sião, ou do monte santo do Senhor, é que ele espiritualmente personifica toda a expressão do propósito Divino em relação ao povo, que se estabelecerá quando Ele os possuir completamente de acordo com Sua vontade. Em outras palavras – quando o Senhor obtiver um povo onde Ele se propôs, então Ele terá neles a contraparte espiritual de Sião – absoluta ascendência sobre todos os outros poderes.
Esse propósito Divino tem início de uma forma muito simples. Tudo se inicia por meio da implantação e transmissão da vida Divina.
“Grandes coisas mui gloriosas,
Da cidade de Sião,
Que palavras não traduzem,
Preparadas já estão.
Seus preciosos fundamentos,
Deus os pôs, e eternos são”.
[“Grandes Coisas, Mui Gloriosas” – John Newton]
O Salmo [87] que foi a base da composição desse hino faz comparações entre grandes cidades e lugares mundialmente famosos e Sião. “Farei menção de Raabe” (que é no Egito) “e da Babilônia, Filístia e Tiro com Etiópia” ; e os homens dizem: “Esse nasceu aqui, aquele nasceu lá, e estão orgulhosos disso”. Mas “com respeito a Sião se dirá: Este e aquele nasceram nela”. “O Senhor ama as portas de Sião mais do que as habitações todas de Jacó... Este nasceu lá” (Sl 87). O início do propósito de Deus por meio de Sião acontece por meio do nascimento. Ao receber a vida Divina, recebemos toda a força dessa poderosa ascendência espiritual que nos conduzirá finalmente ao Trono, se não for impedida.
Não é como se isso fosse algo adicional ou diferente do curso normal da vida Cristã. Não podemos argumentar que ser um Cristão e discípulo do Senhor Jesus é uma coisa, e que isso que estou mencionando é um algo mais. De jeito nenhum! Uma mente que raciocina assim está totalmente confundida. Esse é o fluir normal da vida de todo filho de Deus nascido de novo, se ela tiver liberdade de se desenvolver naturalmente. Entretanto, se nos contentarmos rapidamente em um certo ponto, ou se nos desviarmos, nos permitindo adotar preconceitos, desafetos e influências de coisas que nos impedirão de seguir em frente, iremos interceptar o curso normal da vida Divina dentro de nós. Por outro lado, se aceitarmos tudo o que envolve seguir ao Senhor (que é seguir o Cordeiro por onde quer que Ele for, envolvendo sofrimento e sacrifício), se a Ele concedermos implícita obediência, confiando Nele mesmo quando não O compreendemos, permitindo que Ele faça tudo que desejar conosco, nossa vida tomará o seu curso normal, sendo conduzida ao Trono. Em outras palavras, chegaremos finalmente à uma absoluta ascendência espiritual. Não estamos procurando colocar um fardo a mais sobre os Cristãos, mas sim dizer: “Esse é seu direito de primogenitura”.
Falamos anteriormente sobre Jacó. Ele percebeu que havia uma ascendência no direito de primogenitura, e ele a obteve por meio disso. Eventualmente, Jacó se tornou um príncipe com Deus, o pai das doze tribos, que representavam o corpo governamental no propósito de Deus na eleição, um prenúncio dos cento e quarenta e quatro mil, o doze vezes doze mil. Tudo isso está implícito no direito de primogenitura. Ninguém tem nenhum favoritismo particular no que diz respeito a um direito pelo nascimento. Ninguém é eleito para o nascimento, ou seja, ninguém é eleito para a salvação. Se somos eleitos, é de acordo com o propósito de salvação. Isso é outro assunto. O ponto aqui é que logo a partir do dom da vida eterna, no novo nascimento, já temos o Trono implícito e vislumbramos a ascendência. É assim que funciona, em qualquer nível, e devemos nos lembrar que esta vida Divina não é algo abstrato, mas pessoal; ela é o próprio Espírito da Vida.
O que é que o Espírito Santo faz em uma vida quando Ele tem um caminho livre, sem reservas? Ele jamais deixará que ela desça a níveis mais baixos, sem que essa pessoa tenha consciência disso. Logo no início de nossa caminhada, na simplicidade de nosso relacionamento com o Senhor Jesus, ao cometermos um erro, dizendo, fazendo, vendo ou sentindo algo que está no nível baixo da nossa velha vida, logo o perceberemos, e não ficaremos satisfeitos enquanto não acertarmos as coisas. À medida que caminhamos mais com o Senhor, nos tornaremos infinitamente mais sensível a isso, e não o contrário. Sofreremos muito mais com nossos lapsos, o quanto mais longe seguirmos com o Senhor. Aprenderemos de forma cada vez mais inteligente o que representa entristecer o Espírito Santo. Por quê? Porque o Espírito estará gravitando de volta para o lugar de onde Ele veio, gravitando em volta de nós, e a gravitação de uma vida governada pelo Espírito é sempre em direção ao alto. Isso é uma afirmação e um teste para todos nós. Você está gravitando para o alto? Está sendo atraído para lá? Consegue viver feliz e confortável vivendo uma vida cristã em um nível tão terreno? Existe algo errado com você, se a resposta for afirmativa. Isso é muito simples. O início dessa vida de ascendência é encontrada no dom da vida Divina, e todo o seu curso é o seu desenvolvimento. Quando chegamos (se pela graça de Deus chegarmos lá, eventualmente) ao ponto em Apocalipse 14, não será por um nenhum mérito particular, mas simplesmente porque essa vida triunfou em nós. A consumação desse grande pensamento e propósito de Deus é glória. O início é vida, e o final é glória.
Mas o que é glória? É o triunfo da vida. O corpo da nossa humilhação será tornado igual à Sua glória (Fp 3:21). Como isso acontecerá? Tudo será pelo Senhor, o Espírito [2 Co 3:18]. Tudo será pela obra interior da Sua vida, a vida de ressurreição. Glória é o fim quando a vida é triunfante. Essa é a vida Cristã normal, e a vida Cristã anormal é aquela que responde aos trancos e barrancos, gravitando para cima e para baixo, se contentando em não seguir adiante. Tem sempre algo errado nela, algo interferindo em seu crescimento.
Vemos que Sião é algo que foi plantado em nós pelo nascimento. Podemos lembrar de outro fragmento dos Salmos nessa conexão: “em cujos corações se encontram os caminhos elevados” (Sl 84:5 - tradução da versão ESV, usada pelo autor) . Esse verso não diz: daqueles cujos pés estão nos caminhos elevados de Sião. O que foi dito refere-se a algo subjetivo: Sião está dentro, [nos corações] e isso representa uma tremenda transformação ou mudança interior.
Vamos voltar a usar Israel como nossa grande ilustração. Israel saiu do Egito e seguiu visivelmente na direção daquele monte santo, mas de fato não foi isso que realmente aconteceu. Busque uma razão para o longo tempo que eles tomaram para um progresso tão pequeno, sem sequer terem chegado lá. Ao buscar uma explicação, veremos que mesmo que tivessem saído do Egito, o Egito não saiu de seus corações. Algo objetivo aconteceu, mas nada foi realizado na esfera subjetiva. O tempo todo o coração deles se voltava para o Egito. O mundo ainda estava em seus corações, e essa foi a causa de seus problemas. Quando você tem os caminhos elevados de Sião [Sl. 84:5 - ESV] em seu coração, o Egito é suplantado e seus caminhos não permanecem mais ali. Esse é o único modo de erradicar algo do coração. Devemos suplantá-lo, colocando um poder maior em seu lugar. Foi isso que o Dr. Chalmers denominou em seu famoso sermão de “poder repulsivo de uma nova afeição”. O único modo de expulsar o mundo é ter uma nova afeição. “Com respeito a Sião se dirá.... este e aquele nasceram nela...todas as minhas fontes estão em ti” [Sl 87:5;7].
Essa ascendência se inicia com a suplantação do mundo em nossos corações, por Cristo e tudo o que Ele significa. Voltaremos ao grande exemplo do apóstolo Paulo que clamou, mesmo depois de caminhar muito tempo com o Senhor: “considero todas as coisas como refugo, pela sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (Fl 3:8) . Na versão King James, no lugar da palavra “sublimidade”, foi adotada a palavra “excelência”, o que considero muito interessante. Essa palavra significa “a ‘ascendência’ do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” – algo que está acima de tudo mais. Todas as coisas foram consideradas como refugo pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus. Ter isso no coração é o único caminho para ficar livre de ‘tudo mais’.
Mas esse ‘tudo mais’ é muito sutil, e encontra uma grande resposta em nosso interior. É aí, claro, que as obras astutas do inimigo tentam frustrar nosso progresso espiritual. O mundo? “Oh, sim”, podemos dizer, “entreguei minha vida ao Senhor, nasci de novo, acabei tudo com o mundo, estou à disposição do Senhor agora. Toda a minha vida, serviço e energia é dEle”. “Muito bem”, diz Satanás, “vamos colocar o seu nome em letreiros por todo o lugar, como uma grande testemunha do Senhor, e você será muito valorizado pelo Cristianismo organizado!” Tudo isso está envolvido na aparência de uma grande oportunidade, e você não está apercebido de como isso te agrada. Qual é o problema? Esse não é o caminho do Cordeiro. Qual é o caminho do Cordeiro? Ele “se esvaziou” (Fl 2:7) . O diabo quer te encher. Se ele não conseguiu te encher com o mundo, vai te encher com a gratificação da vida natural no serviço a Deus. Mas isso não durará muito tempo. Isso irá passar e irá, além disso, representar imaturidade espiritual. Esse não é o caminho do Cordeiro.
Se fossemos nos alongar mais nesse assunto, poderíamos expor tudo de forma bem completa com muitas evidências. Se o inimigo não pode nos colocar em um caminho, ele vai tentar nos levar a tomar outro. Ele pegou muitos jovens com a adulação, arruinando muitos servos de Deus poderosos por meio da popularidade. Sim, ele abateu muitos de sua excelência por meio do uso de artimanhas como fama, colocando pessoas em evidência, tornando-as o centro das atenções, concedendo-lhes projeção. Suas vidas espirituais então gradualmente retrocederam e o final foi trágico. Isso não é ficção. O caminho para Sião, na direção do Trono, e da ascendência é o caminho da Cruz, e essa Cruz deve ser plantada profundamente nas raízes do amor próprio, da auto-gratificação, da indulgência, até mesmo nas coisas de Deus. Finalmente seremos trazidos a um ponto onde não serão as coisas do Senhor que nos darão prazer, mas o próprio Senhor será a nossa vida. Portanto, todo o esquema do inimigo é tornar a obra do Senhor tão atraente, cheia de prêmios, de esferas, oportunidades e todo esse tipo de coisa. Tudo então acaba sendo muito agradável, prazeroso e traz alguma apelo à nossa natureza caída. Tudo isso deve passar pela prova da Cruz. Pode até ser que seja algo aparentemente legítimo, algo implantado por Deus, e até mesmo essencial para a realização do Seu propósito, mas foi arrastado para dentro de uma esfera de corrupção.
Dê o nome que quiser: aspiração, ambição, desejo de seguir em frente ou anseio por ascender. Vemos que Deus colocou isso na própria constituição do homem. “Deste-lhe domínio” (Sl 8:6). Isso não é algo apenas oficial, posicional, mas é a operação do poder Divino na própria constituição humana, fazendo-o sentir a necessidade de ascender, mas esse desejo acabou sendo pervertido. Tal anseio foi desvirtuado pelo grande iníquo, que se desviou pelo seu próprio orgulho ao dizer: “subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is. 14:14). Foi ele que se aproximou de Eva e disse: “Disse Deus...? Porque, Deus sabe que no dia que você comer… terá a raiz da questão em você mesma, não vai depender Dele para conhecer, não precisará obedecer a Deus, terá tudo em você!” Adão e Eva caíram, trazendo junto com eles toda a raça, e daquele dia em diante essa santa aspiração (ou chamaríamos de ambição?), aquele grande poder que nos leva a sentir que nascemos com um destino, foi pervertido e manchado pelo ego e orgulho. Dessa forma, um homem que já avançou o suficiente no caminho da santidade, não será capturado pela adulação e popularidade porque anda humildemente com seu Deus, se for manso e humilde de coração. Todos os prêmios e bugingangas não o atrairão. Digo que isso é o santo monte Sião. Estamos com o foco em outro assunto no momento, de como a santidade é inerente à ascendência. Esse assunto ainda deve esperar.
Não é errado ter ambição, aspirações, mas é errado que isso seja motivado por interesses e motivações pessoais. Tudo isso deve passar pelo cadinho da Cruz e ser queimado. Aqui está o paradoxo, o problema, a dificuldade de uma vida Cristã verdadeira: ela deve ser quebrada, esvaziada, humilhada e reduzida a nada, ainda assim preservando uma ardente aspiração. Como reconciliar essas coisas? Encontro isso no apóstolo Paulo. Com exceção do Senhor Jesus, nenhum outro homem foi tão dominado pelo espírito de ascendência e domínio do que ele (ou devemos chamar isso de ambição, aspiração?), e mesmo assim nenhum homem foi tão altruísta. Como ele sofreu nas mãos daqueles que lhe deviam tudo! Mas ainda assim não notamos traços de elemento pessoal. Ele foi o homem que pôde escrever: “o amor não busca os seus próprios interesses, não se ufana, não se ensoberbece”. Tudo isso é ascendência; não apenas uma localização geográfica, mas se trata de uma ascendência espiritual. Vamos pedir ao Senhor para plantar em nós uma ambição apaixonada por Sua glória, e que nós possamos ser preservados puros por meio da Cruz, para que a nossa glória não force um caminho de entrada. Isso vai depender muito da graça de Deus.
Tudo isso é o sentido de Sião, de ascendência espiritual, e devemos realmente encarar suas implicações. Como já disse anteriormente, é uma questão que tem uma aplicação presente muito prática. Sei que corro o risco de ser responsabilizado por espiritualizar tudo na Bíblia. Entretanto, busco apenas aquilo que é eterno. Podemos ter um caixão onde as jóias eternas estão depositadas, mas o caixão deve ficar para trás, pois estou buscando as jóias. Por trás de todos os símbolos existe algo espiritual, e para mim é muito mais proveitoso chegar ao propósito de Deus nas coisas que Ele diz, do que estar apenas ocupado como o que Ele diz. Podemos tomar o livro de Apocalipse de forma histórica, podemos tomá-lo na base futurista, ou até mesmo interpretá-lo literalmente, mas isso não vai nos levar muito longe espiritualmente. O que precisamos é de um crescimento de nossa vida espiritual, e o que vejo como a grande questão do livro de Apocalipse é esse grupo de pé com o Cordeiro sobre o monte Sião, independente de quem eles sejam. Ao meu ver, a interpretação à luz das Escrituras é que isso não é meramente um tempo ou localização geográfica, mas se refere a chegada ao objetivo e propósito de Deus em nossa redenção, que é chegar à plenitude do sentido de ser redimido desse mundo perverso, sendo transportado para o reino do Filho do Seu amor, alcançando o lugar de ampla utilidade para o Senhor quando o tempo não mais existir. Lembro a você que essas coisas têm muito mais valor espiritual imediato para nós, do que perguntas como se os Judeus vão realmente voltar para a Palestina.
Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.