Austin-Sparks.net

Os Caminhos de Deus

por T. Austin-Sparks

Capítulo 4 - Os Maravilhosos Caminhos de Deus

"O teu caminho estava no mar, e as tuas veredas nas grandes águas, e os teus passos não eram conhecidos. Guiaste o teu povo, como um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão”. Salmos 77:19,20. Tu conduzes o teu povo como um rebanho, pela mão de Moisés e Arão "(Salmo 77: 19-20).

Que estranho contraste de símiles! Seria difícil ter um maior contraste do que temos nesses dois versos - o piloto pelo mar e um pastor com seu rebanho. O mar em fúria e em tumulto, tempestade, e, ao lado dele, o pastor e seu rebanho. No primeiro quadro temos uma imagem de agitação, perturbação, ansiedade, estresse e poderosas forças em ação. No segundo, uma imagem de tranqüilidade, descanso e calma. Que contraste! - e, no entanto, trazidos juntos numa declaração sobre o que o Senhor é para o Seu povo - um piloto e um pastor.

Você precisa ler o salmo todo para obter o valor total disso. A primeira parte do salmo é um registro de angústia, perplexidade, confusão; um grito de apuros, de agonia: "Esqueceu-se Deus de Sua graça?" "Cessou a Sua misericórdia para sempre?" E, então, o escritor lembra e diz: "Esta é a minha enfermidade ... Eu me lembrarei dos anos da mão direita do Altíssimo "(v.10), então, todo o tom da conversa muda. Há lembrança e revisão de como tudo funcionou ao longo de toda a caminhada - tranquilidade. É um resumo no final, e também uma introdução, sem dúvida, porque os dois últimos versículos deste salmo fazem uma introdução ao próximo, aquele grande histórico de registro do trato do Senhor com o Seu povo - Salmo 78. Que salmo longo é, o qual fala dos movimentos, orientações e tratos do Senhor com Seu povo! Com tudo o que há aqui, para uma meditação útil, encorajadora e reconfortante, nós só iremos olhar para a essência do assunto.

Vamos mudar a metáfora novamente do piloto no meio da tempestade, o pastor com o seu rebanho, para a do montanhista. Há três picos que todo filho de Deus tem que escalar; são os picos sugeridos aqui por este salmo. Não estaremos realmente qualificados para o serviço do Senhor, nem para a própria vida em relação ao Senhor, até que possamos escalar esses três picos. Eles nos desafiarão vezes após vezes, porém, de uma forma ou de outra, devemos ser os mestres deles e eles precisam perder totalmente o poder de exercerem o seu terror e medo sobre nós, o seu poder de nos derrotar e de nos enfraquecer.

O Propósito Divino Governando Tudo

O primeiro desses picos que notadamente surge aqui neste salmo é o propósito Divino que governa todas as coisas. Você sabe como esta montanha se apresentou a Israel no início de sua história como um retorno ao mar e a seus caminhos em grandes águas. Do que está falando o salmista? Indubitavelmente sobre o Mar Vermelho quando os confrontou. Ah, que terror, que temor naquela noite! O vento do Leste, sem dúvida, uivava e a água amarrava. Que terrível esse mar foi para eles; foi com medo e tremor que eles se aproximaram de sua margem, embora as suas águas estivessem levantadas. Foi uma noite terrível, a passagem pelo Mar Vermelho. Em certo sentido, era uma montanha a ser escalada e uma montanha de - para eles - terríveis possibilidades. Mas você percebe o que o salmista diz? Ele diz que essas águas estavam numa determinada condição; nossa tradução não nos dá a palavra exata. Eles estavam perturbados, angustiados, gemendo, e a palavra original que foi usada para descrever o estado das águas era que elas estavam trabalhando, o mar estava em trabalho de parto, e a nação nasceu daquele mar aquela noite. Uma nação nasceu no Mar Vermelho naquela noite, e as águas estavam angustiadas. É uma ilustração.

Você vê o propósito divino trabalhando na tempestade. Atrás do medo, do terror e de tudo que parecia tão horrível naquela noite, o propósito estava governando, produzindo uma nação, trazendo uma nação à existência - caminhos nas grandes águas. Essa é uma coisa que, mais cedo ou mais tarde, teremos que resolver, que a raiva, o terror, a ameaça, a coisa que parece significar a nossa destruição, está sendo governada pelo propósito divino de produzir algo de tremendo valor para o Senhor. A lembrança disso salvou o salmista quando ele estava clamando com estas perguntas: "Esqueceu-se Deus de Sua misericórdia? Cessou a Sua misericórdia para sempre? " O salmista estava em estado de angústia. Acho que ele estava expressando o estado do povo naquela época, e se perguntando se o Senhor não tinha abandonado o Seu povo. Então ele diz: "Olhemos para trás, voltemos ao nosso início como uma nação; não nascemos nós de uma ameaça? Não começamos a nossa história daquilo que parecia falar de destruição? Não foi na tempestade mais terrível que nós, pelo poder de Deus, como Seu povo, fomos libertados, salvos e separados? Essa lembrança salvou o salmista em sua hora, e nós temos que chegar a um lugar onde possamos dizer de cada nova tempestade furiosa, de cada ameaça, de cada medo, ataque feroz, seja lá o que for: "Deus tem algo nisso; o Seu propósito governa. Mas, então, isso envolve outra coisa.

A Sabedoria Divina Governa

O outro pico da montanha é este: a sabedoria divina governa; não só há um propósito final, mas também uma sabedoria governando o caminho para que o propósito seja alcançado. O salmista olhou para trás e viu: "Oh, no momento em que não podíamos ver qualquer sabedoria de Deus em ação, pois a forma como estávamos indo parecia ser tão confusa, tão contraditória, que parecia qualquer coisa, menos que a sabedoria divina estava governando; porém, agora, consigo ver. Deus escolheu o caminho, o método e os meios que Ele sabia que alcançariam eficazmente o objetivo que Ele tinha em vista, e devemos escalar essa montanha". Parece tão estranho o caminho que o Senhor toma. O que o Senhor está fazendo? Quê? Nós fazemos todas essas perguntas. A sabedoria está ditando o caminho até o fim.

O Amor Divino Está No Controle

E, então, o amor divino controla. O fim, o caminho, o motivo, o piloto ... mas não um piloto desinteressado, que apenas executa o seu trabalho sem qualquer afeto pelas pessoas sob seus cuidados. A metáfora muda imediatamente: "Ah, há algo mais nesta situação do que apenas isso; Deus não está simplesmente trabalhando através das dificuldades de maneira fria e desinteressada; Ele é um pastor. E, se há uma imagem na Bíblia de uma relação de coração com as pessoas, sem dúvida alguma é esta do pastor. O coração de Deus está ligado ao Seu povo, e o salmista diz algo interessante aqui. "O teu caminho estava no mar, e as tuas veredas nas grandes águas, e os teus passos não eram conhecidos". O que ele quis dizer? Volte novamente, depois de tudo se acabar, para o outro lado do Mar Vermelho. O vento se acalmou, e a tempestade foi aplacada, e você olha para ver onde estão as pegadas do Senhor, porém você não consegue encontrá-las. Você não pode dizer: "Ele assim e assim". O fato é que Ele fez; isso é tudo, e você não pode explicar como. O salmista está dizendo: "É assim que Deus faz as coisas". Ele faz as coisas mais maravilhosas, coisas que envolvem toda a questão de vida e de morte para nós. Ele fez, e agora você não consegue achar nenhum vestígio de como Ele tenha feito, mas foi feito. Não dizemos nós o mesmo? Sim, nós enfrentamos uma situação como a do Mar Vermelho e dizemos: 'Como vamos vencer isso? Como o Senhor vai resolver este problema? Olhamos para trás e falamos: "O Senhor fez isso de novo e de novo, mas eu não sei como". 

"Os passos do Senhor não eram conhecidos".

Você não consegue descobrir como o Senhor faz as coisas, mas Ele as faz. Ele traz a tempestade poderosa para servir ao Seu propósito, pela Sua sabedoria, em Seu amor, porque Ele é o Pastor de Seu rebanho; isto é, o coração dele está ligado ao nosso. Ele se importa conosco.

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.