por T. Austin-Sparks
Capítulo 4 - “A Controvérsia de Sião”
Querido Senhor, não por formalidade, nem por mero costume, mas por meio de uma profunda e forte consciência de necessidade, oramos. Devemos orar. Estamos esta manhã permitindo a nós mesmos ser colocados debaixo de uma nova responsabilidade. Se Tu falares, como temos pedido a Ti que fales, então, as Tuas palavras irão nos julgar naquele dia. Percebemos que até permitir a nós mesmos ouvir o Senhor falar não é algo pequeno, pois, Senhor, também é uma questão de capacidade. Nós não podemos compreender a menos que o Espírito de Sabedoria e de entendimento nos dê a capacidade. Coisas serão ditas,as quais são a verdade, e nós não iremos compreender, a menos que algo seja feito por Ti em nós. E certamente não podemos seguir adiante em obediência, a menos que Tu, Senhor, faça isso. Como Tu disseste a um discípulo muito amado: “Vocês não podem Me seguir agora, porque para onde Eu vou não podereis ir agora. Ireis mais tarde” Este “não pode” está acima de nós e sobre nós. Não podemos seguir adiante, Senhor, a menos que Tu faça isso. Agora, tudo isso que trazemos, e aquilo que é digno de se ouvir e de se obedecer também é digno de se falar. Nós não somos autoridades. Não somos professores. Não podemos falar, a menos que Tu, Senhor, fale. A Unção deve fazer isso. Nós nos submetemos, para que esta hora seja uma hora ungida, uma hora do Espírito Santo, em todos os sentidos. Será o Senhor esta manhã. Conceda que a Tua Glória venha, e todo fruto seja para a Tua Glória. No nome do Senhor Jesus, pedimos isto, Amém.
Voltemos para continuar com aquele primeiro fragmento de Hebreus, capítulo doze, verso vinte e dois: “Mas chegastes ao Monte Sião, e à cidade do Deus Vivo, a Jerusalém Celestial.” Agora, para esta manhã, eu quero linkar aquele fragmento à uma ou duas outras passagens da Escritura. Primeiramente, de volta às profecias de Isaías, capítulo trinta, no verso oito: “Vai, pois agora, escreve isto numa tábua perante eles, registra-o num livro; para que fique como testemunho para o tempo vindouro, para sempre..” E, então, vá para Salmos capítulo dois, e quero que leia este salmo; comecemos com o verso seis: “Eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu santo monte. Falarei do decreto do Senhor; ele me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei.” Agora mantenha este salmo na mente, por favor, enquanto continuamos. Todo o resto desse salmo, daquele verso e os anteriores, dê uma olhada; mas quero que agora você vá para a Carta aos Romanos, ao teu grande favorito, capítulo oito, verso dezenove.: “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” Agora vamos para o verso vinte e nove: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.”
Agora, entre aquelas duas porções que acabamos de ler, temos estes, versos vinte e dois e vinte e três: “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.” Estamos ocupados com aquilo a que temos chegado: “chegastes,” e temos estado a pensar sobre Sião, no Sião a que temos chegado. Temos dito sete coisas a respeito de Sião, sete coisas às quais temos chegado, constituindo esta posição; e chego à oitava esta manhã, que é de um momento muito sério e solene. Sinto que, se o Senhor revelar a Sua Palavra esta manhã, muito amplamente (no que diz respeito à esta ministração), a conferência pode se apegar a ela. É a questão mais prática em toda esta consideração e posição, _ a que temos chegado, vindo a Sião. Aqui, como você percebe, nesta passagem em Hebreus, Sião e Jerusalém parecem sinônimos. “Chegastes a Sião ... à Celestial Jerusalém.” Em toda esta seção, você não está lidando com coisas diferentes nessas várias questões de dimensão. Tudo isso é uma coisa só. Aqui Sião e Jerusalém aparecem juntos, são ditos como sendo um, e isto nos dá o nosso ponto inicial para esta presente consideração.
Sião, como o coração de Jerusalém, como a essência de tudo aquilo que Jerusalém foi designado a ser, como o real significado espiritual de Jerusalém, o ponto concentrado de tudo aquilo que Jerusalém representava, Sião_Jerusalém, na história e nas nações, sempre foi centro de conflito, o centro de conflito da história, o centro de conflito das nações. Naturalmente, levaria muito tempo para que ao menos olhássemos de forma genérica para a história de Jerusalém. Você pode fazer isto qualquer hora, mas quantos cercos, quantas investidas, quantas vezes foi Jerusalém o objeto e o centro da atenção e da preocupação do mundo! Cada vez mais, os olhos estão voltados para Jerusalém, para a destruição de Jerusalém, para varrer Jerusalém do mapa, para a conquista de Jerusalém. Uma longa e tumultuada história é a história de Jerusalém, até mesmo para o nosso próprio tempo. É o centro de conflito e de controvérsia do mundo. Este fato todo mundo reconhece. Sião, o que os profetas chamam de “a controvérsia de Sião”.
Sião_Jerusalém tem sido objeto de controvérsia na história e nas nações em todo tempo. É extraordinário. Você perguntaria: “Por quê?” Ela não é uma cidade tão maravilhosa, ela é? Ela não é tão grande. Quanto tempo levaria para atravessá-la a pé, ou mesmo para caminhar ao redor dela? O que ela foi, e o que ela é? Talvez ela seja o melhor tipo das cidades do mundo hoje, no que se refere a estrutura e modernização. Mas o que ela foi, e agora o que ela é? Como podemos compará-la a Londres, Nova Iorque, Paris, e qualquer das outras que você possa mencionar? Eles podem ser centros de atração, realmente. Houve uma batalha tremenda em nosso próprio tempo para se dominar Londres. Oh, se você tivesse estado na batalha de Londres, você teria sabido. Catorze meses, dia e noite, sem cessar, uma cidade bombardeada, queimada, atacada, assaltada. Se você tivesse estado nisso, e visto isto acontecendo, grandes áreas virando poeira e fumaça, você teria dito: “Bem, Londres é um objeto. Ele vale alguma coisa.” Naturalmente, muitos de vocês não sabem nada sobre isto dessa maneira. E espero que nunca o saibam.
Mas Jerusalém,— o que é Jerusalém? O que é isto? Não uma ou duas vezes na vida, mas ao longo de toda a longa história dos séculos tem havido uma controvérsia sobre Sião; e, se você olhar mais de perto, e olhar para isto mais cuidadosamente, você chegará a ver isto _ que Sião, ou Jerusalém, sempre foi um sinal. Havia um significado ligado a ela, e o significado não eram os seus temporais aspectos dos prédios, e estruturas, e economias, e assim por diante. Porque Babilônia podia ir muito além de tudo isso. Mas a significância de Sião era algo espiritual, para isso note o seguinte: sempre que a vida espiritual de Jerusalém, como representando o povo, a nação, sempre que a vida espiritual estava bem; sempre que estava numa posição correta diante de Deus, Jerusalém estava em ascendência. Ataque se quiser, deixe as hordas da Babilônia, ou da Assíria, virem contra Jerusalém, e a sitiarem. Há um Ezequias lá dentro! Há um povo lá dentro que está bem com o Senhor! Esperando no Senhor! Clamando pelo Senhor! Fazendo do Senhor a sua confiança! E isso é ruim para a Assíria, para Babilônia. Numa noite, suas hostes foram varridas pelo Anjo do Senhor. Quando as coisas estão bem espiritualmente, não importa quão difícil, poderoso, e grande a investida — o antagonismo — Sião vence.
Mas de tempo em tempo, não foi isso que se deu lá dentro. O estado espiritual estava em baixa. Havia declínio. Havia erro. A permanência diante de Deus não estava bem, e, então, Jerusalém estava sempre em fraqueza, sempre em medo, sempre em pavor. Enfraquecido lá dentro, espiritualmente não podiam vencer; e finalmente, após mais do que uma investida bem sucedida, simplesmente por causa desta pobre e baixa condição espiritual, Jerusalém é destruída. Finalmente destruída, isto é, roubada de seu lugar na economia e propósito Divino. Sião é o sinal de uma condição espiritual. Sião tem sempre sido tal sinal, barômetro da vida espiritual. É absolutamente inútil, caros amigos, referir-se à tradição e dizer: “Bem, Deus fez isto no princípio, e este é o lugar onde os oráculos de Deus são encontrados, e o templo de Deus é a grande tradição de Israel como o povo escolhido. Está aqui, e nós descansamos sobre isto.” Não, a tradição não irá valer agora. A história não irá valer agora. Instituições não irão valer agora. Parece que Deus não tem consideração pelo templo, pela arca, ou pelo altar, ou pelo sacerdócio. Ele alerta através dos profetas: “Fora, fora vocês. Eu não quero os seus sacrifícios” Isaias 58. Que capítulo! “Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua.” Então, o que se segue? “Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos;” “Eu não aceitarei a nenhum deles, diz o Senhor. Esses não são os sacrifícios que eu aceito. Eu não procuro a tais rituais. Eu não desejo a tal sistema tradicional. É um estado espiritual.” O Senhor pode associar a Si mesmo, aliar-se a Si mesmo somente a isto: a Sião.
Estou dizendo que Sião sempre foi um sinal da condição espiritual, e isto tem ficado evidente em situação de ascendência ou declínio. O apoio de Deus _ fazendo deles superior à força adversária, ou uma vergonha entre as nações, uma reprovação entre as nações. Com o elemento profético apontando para algo mais, como sempre os profetas, você vê Jerusalém lamentando, lamentando; o grande coração lamenta: “Ai de mim. Ai de mim. Todos os que passam pelo caminho se comovem”. Que situação trágica para Sião. Uma vergonha entre as nações! E essas duas coisas, ascendência e vergonha, glória ou desonra — bem no centro da história e das nações _ estão associadas à condição espiritual, dependem da condição espiritual. Você sabe, há muito a ser incluído nesta afirmação, caros amigos. Mas se vocês olharem novamente para a Carta aos Hebreus, verão que nós temos chegado a Sião. Nós não chegamos à uma coisa, à alguma coisa religiosa, à alguma tradição, nós não chegamos ao Cristianismo histórico _ se eu puder colocar desta forma _ chegamos à uma condição espiritual na qual deveríamos ficar assombrados. Oh, dizemos nós, “Nós estamos no tempo da graça. Esta é a dispensação da Graça.” Verdade! Está a Carta aos Hebreus em qualquer outro terreno que não o da Graça? Certamente que não, mas você sabia que é nesta Carta que estão escritas as coisas mais terríveis da Bíblia? “Como escaparemos nós [nós, nós escapamos, nós cristãos, nós crentes desta dispensação] como escaparemos nós se negligenciarmos uma tão grande salvação?... o nosso Deus é um fogo consumidor... terrível coisa é cair nas mãos do Deus Vivo”. É isso o que é dito a essas pessoas, a esses Cristãos; e outras coisas como essas são ditas. Mas estou salientando estas, porque esta Carta foi escrita no tempo da Graça; e é um tempo que traz à vista não um novo sistema cristão, não a formação de uma nova tradição cristã, mas uma condição espiritual, sem a qual tudo mais não vale de nada. Chegastes a Sião, sim, mas chegastes à controvérsia de Sião. Vocês chegaram, nós chegamos à grande batalha de Sião; e é uma batalha espiritual. E QUE BATALHA! Este é o pano de fundo.
Bem, agora, eu não quero que vocês fiquem carrancudos. Vejo que as suas faces estão ficando pesadas; seus queixos estão caindo, e vocês podem estar pensando que estou voltando para o Sinai, vindo de Sião, mas não, como disse, este é um tempo muito solene. Vocês irão receber bastante ensinamentos esta semana. Isto não irá avaliar nem um pouquinho se não há ou não uma posição espiritual correspondente. Assim, tendo dito isto, e deixando isto como pano de fundo: é a batalha _ a controvérsia _ de Sião. E, qual é a natureza desta controvérsia? Olhemos para uma ou duas coisas sobre isto, e estou trabalhando numa coisa muito vital, a qual confio que alcançaremos antes de terminarmos.
Você vai para o seu Novo Testamento, e você conhece a mensagem deles, enquanto percorriam por todas as partes do mundo daquela época, em todo lugar a mensagem deles era esta: “Jesus Cristo é o Senhor: nós pregamos a Jesus Cristo como Senhor”. Isto os colocou diretamente em oposição a César, porque César havia dito: “Eu sou o senhor.” O Império Romano havia dito: “César é o nosso senhor”, e os romanos adoravam a César; e o argumento, a contenda, a acusação, era _ “Esses homens estão pregando a um outro rei, que não César”. Ah, sim, era aí que estava a controvérsia, sobre esta única coisa: o absoluto Domínio de Jesus Cristo. A controvérsia de Sião está, afinal das contas, neste ponto: O Ungido de Deus. Agora você entende porque lemos o salmo 2: “Por que se levantam as nações?” _ Conspiração das nações, estaremos abordando isso em uma outra conexão mais adiante. As nações se levantam, os reis da terra se juntam conta o Senhor e contra o Seu Ungido. “Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.” “Elas são uma ameaça, uma ameaça.”—“Contudo tenho estabelecido o Meu Rei sobre o Meu Santo Monte de Sião” Tenho estabelecido o Meu Rei! O levante, a tempestade, a controvérsia está focada sobre o Ungido; no Ungido de Deus.
Mas você observa, não se estendeu muito no Novo Testamento, você apenas tem em Atos aquilo que está registrado mecanicamente pelo capítulo 4 (e tenho dito isso várias vezes, que é uma coisa muito boa varrermos essas coisas e lermos o texto linearmente, ignorando os capítulos), e você percebe quando lê o capítulo 4, da forma como está marcado, você chega a um ponto de controvérsia, a controvérsia de Sião, _ oh, a batalha continua! As forças do mal e as forças neste mundo têm colocado suas marcas sobre o Ungido e sobre a proclamação Dele; e, quando eles estão empenhados em matar Tiago e prender a Pedro, Sião se reúne. E o que eles fazem? Citam o Salmo dois. “Senhor, Senhor,” e, então, mencionam: “Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?... contra o Senhor, e contra o Seu Ungido?” Eles citam isto, e o que acontece? “O Rei está em Seu Monte Santo de Sião”: Ele intervém. Oh, sim, Herodes parece ter obtido grande sucesso matando Tiago; e ele está todo satisfeito consigo mesmo, e o povo também está satisfeito junto com ele, parece que ele vai fazer o serviço todo. Ele pega Pedro e o põe na prisão. Aquilo parece estar tudo muito bem. Mas tanto será pior para você, Herodes. Qual é o final dessa história? Ele foi comido pelos vermes e morre, e a próxima sentença: “A Palavra do Senhor cresceu e se multiplicou”. Lá está o monte Santo de Sião e Aquele que está entronizado à destra de Deus. Por isso eles citam o Salmo dois, significando que o tempo não tem lugar ali; a geografia não tem lugar ali; mas onde quer que haja uma verdadeira representação de Sião, podem haver ataques que pareçam que os poderes do inimigo está obtendo sucesso, contudo, o assunto é com Aquele que está em Sião. O assunto é vitória. Deus tem estabelecido o Seu Ungido sobre o monte de Sião. O Ungido está lá.
Agora, caros amigos, vocês estão ouvindo tudo isto como uma exposição bíblica. Talvez eu não saiba o que vocês estão pensando, quais são as reações de vocês; mas eu sei aquilo que busco. Eu persigo algo, e espero que vocês se movam comigo para o objeto que estamos buscando alcançar. Se temos chegado a Sião _ e você talvez tenham ficado muito contentes com as sete coisas sobre Sião e podem estar dizendo: “Oh lindo! oh, maravilhoso! oh, glorioso! Sim , Sião. Vamos cantar mais sobre Sião. Vamos tê-la como a cidade de nossas solenidades. Vamos ter algumas festividades!” — muito bem, tudo isso é verdade, mas vocês têm que conhecer o número oito. Se temos chegado a Sião, temos chegado à controvérsia de uma posição espiritual, por parte das pessoas, a controvérsia da história deste povo em união com o Ascendente e Exaltado Senhor. É uma questão de controvérsia neste universo. Os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, as hostes da maldade, todos focados em apenas uma coisa: a negação do Absoluto Senhorio de Jesus Cristo; e a Igreja tem a custódia desse testemunho. Este é o nosso chamado. Esta é a vocação do povo de Deus, ser este testemunho. É contra isso que a batalha se levanta. Todas as forças do inimigo estão contra o testemunho de Jesus: uma batalha terrível está em curso por causa do “testemunho de Jesus”. Bem, este é o foco de tudo, mas, então, a batalha, perceba você, não está somente na atmosfera, por assim falar ( ela está lá, lá é o seu território, os lugares celestiais, a atmosfera, num sentido abstrato); mas perceba você novamente, como ocorria no Velho Testamento, assim também, na realidade espiritual no Novo Testamento, este antagonismo possui sua mídia, seus veículos, seus canais, seus meios. E o que é? É o espírito do mundo.
Eu não penso que nós realmente temos compreendido o que o Novo Testamento tem a dizer sobre este mundo. Este mundo: ele é um inimigo de Deus. Ele é um inimigo de tudo aquilo que é de Deus. “Não ameis o mundo, nem as coisas que nele há.” Num grande clamor vindo do coração do Senhor Jesus, a oração feita momentos antes da Cruz é esta: “Eles não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo.” “Não peço que os tire do mundo,[a esfera geográfica que é chamada de mundo] mas que os livre do mal”, daquele que governa o mundo. Não, isto ainda não foi compreendido pela Igreja. O espírito do mundo. Penso que vocês devem conhecer aquilo a que me refiro. Como você vê, no Velho Testamento, eram estes interesses mundanos, essas forças mundanas, o mundo, que estava o tempo todo contra Sião. Se vocês perguntassem a eles por quê? Eles teriam que sentar e pensar muito. “Por que nós não gostamos daquela insignificante e tola cidade? Aquelas pessoas _ quem são eles, o que são eles, por que não gostamos deles?” Eles teriam dificuldade para responder as suas próprias perguntas, mas há algo sinistro por trás de tudo isso. Aquelas inteligências sinistras sabem de algo. O que eles sabem? Eles sabem para que o eleito foi chamado, e, ao longo da jornada, o inimigo sabe que esse eleito vai ser a sua destruição. Ele irá perder o seu poder sobre o mundo, seu título mundano de príncipe deste mundo. Ele vai perder tudo isso para as mãos daquele que está em Sião, e através da expressão corporativa de Sua Soberania, de Seu Senhorio. — Aquele Sião a que temos chegado. Ele sabe disso, e se você estiver relacionado com isso, vou confortar você dizendo: “você é um homem marcado”; você é uma mulher marcada”; e não ceda a causas secundárias e diga: “É a terra do meu senhorio. É isto e aquilo, e outra coisa mais.” Oh, isto pode ser o veículo e o instrumento, há algo muito mais sinistro por trás de tudo isso. A nossa luta não é contra carne nem sangue, ou outra coisa mais, em última análise. Comitês? Organizações? Não, há algo por trás de tudo isso. O espírito do mundo.
Eu me lembro que o Dr. Campbell Morgan em sua palestra sobre a Carta aos Coríntios simplesmente disse isto: “A razão para toda aquelas condições em Corinto _ tão vergonhosa, tão terrível,_ é porque o espírito do mundo em Corinto tinha entrado na igreja.” A batalha é contra o espírito do mundo. Assim como literalmente no tempo antigo, assim também espiritualmente agora, no Novo Testamento. Eu não preciso discorrer sobre 1 Corintios, preciso? O espírito do mundo? A sabedoria do mundo: o apóstolo está em oposição à sabedoria deste mundo e à sua concepção de poder. “A sabedoria e o poder de Deus é Jesus Cristo,” ele diz: “como Senhor.” Muito bem, esta é uma outra linha. Vamos continuar, e esta é a última fase à qual eu quero definitivamente chegar nesta manhã. É o que Romanos oito, as partes que temos lido, traz a nós como sendo a síntese de tudo aquilo que estamos dizendo sobre a controvérsia de Sião.
O tumulto das nações. Salmo 2, naturalmente, é o motim das nações, os reis da terra se juntam: tumulto nas nações. E a razão para isso? Por que o tumulto nas nações? Há alguém aqui esta manhã que não concordaria comigo quando disse que as nações estão em tumulto neste exato momento? Será que já houve um tempo quando o mundo, quase em sua totalidade, se não totalmente, esteve em tumulto como está agora? Tumulto, não apenas nas pessoas e nações, mas convulsões na natureza. Nós jamais a tivemos desta forma, tivemos? Todas essas convulsões. Eu não sei o quanto você está em contato com ela, mas de alguma maneira ou outra nós sabemos a respeito dela. Os terremotos, a fome, uma ruptura de estações, e o que não. Há, e é a melhor palavra para ela: “convulsões nas nações” Romanos 8 _ “Toda criação geme”.
“Toda criação geme e juntamente está com dores de parto.” Há uma integração num gemido. Está integrada por esta dor de parto em toda criação. “E não somente isso, mas também nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, até nós mesmos gememos, aguardando...” Aguardando! A criação está gemendo em seu interior desta maneira e com dores de parto, e se tivéssemos um ouvido espiritual para ouvir, gemendo conosco por algo. Ela está sujeita à vaidade, não por sua própria vontade, mas pela vontade Dele que a sujeitou. Para que é esse gemido? O que são essas dores de parto? Para dar à luz a algo, e o que é isso que deve ser gerado? Observe o restante da passagem. Os eleitos! Você chega naquela seção, aquela controversa seção de Romanos a respeito da predestinação, pré-ordenação, a eleição. Agora não venha me perguntar sobre isso. Eu não tenho nada a ver com esses sistemas de predestinação, e tudo mais. O que estou dizendo é: existe tal coisa como os eleitos de Deus escondidos, escondidos entre as nações. Deus sabe. Você não. Eu também não, e eu não posso dizer a você quem é eleito, e quem não é eleito. Deus sabe. Eles estão escondidos, e dentro disso há um espírito de gemido, de dores de parto, de ânsia: “Oh, que esta vaidade, este vazio, impedimento, seja removido; e que possamos aparecer, sair, ser gerados”. Que as dores de parto possam cessar.
Aí nós atingimos o coração das coisas. Sobre o que são todas essas convulsões entre as nações, e na natureza? Uma vez que nos movemos em direção ao fim da dispensação, por que ocorre este tumulto, essas convulsões? Por quê? Porque Deus tem algo aqui que não é desejado por este mundo e por seu príncipe. É alguma coisa como Jonas dentro do grande peixe. O momento, ou a hora vai chegar quando o grande peixe vai dizer: “o que tenho eu no meu interior? O que é isto dentro de mim?” E o peixe tem o mais terrível ataque de dipepsia. “Oh, preciso me livrar disso. Nunca estarei confortável enquanto não lançar fora isto que tenho no meu interior. Deixe-me ficar livre disso.” Naturalmente, debaixo da Soberania de Deus, o peixe vai à costa “e vomita Jonas na areia da praia”. E eu posso imaginar que, quando o peixe retornou para o mar, ele disse: “Oh, agora me sinto bem. Aquilo se foi.” Eu estou exagerando, imaginando; mas venha comigo, para Israel no Egito. O que aconteceu ali? Convulsão após convulsão no Egito. Convulsão, sob a Soberania de Deus, sim, de modo que gradualmente, persistentemente, o Egito chega à seguinte posição: “Oh, Será um belo dia quando nos livrarmos desse povo”. Você sabe o que aconteceu no final? “Eles foram impelidos a sair”! “Os egípcios os lançaram fora, vomitaram-nos”; e eu suponho que, embora o exército de Faraó tivesse perseguido os hebreus, a fim de trazê-los de volta, a maioria (se não todos) lá no Egito disseram: “Graças a Deus, o exército não teve êxito em trazer aquele povo de volta. Estamos livres deles, e é um grande desembaraço.” Agora, isto não é uma interpretação. Não. Há realmente um povo lá, os eleitos de Deus, e mais cedo ou mais tarde, o lugar onde eles estão irá desejar se livrar deles. “Eles são uma ameaça, uma ameaça.”
Vamos para Babilônia, e lá estão eles. Os eleitos estão lá. Não temos muito a quem indicar, mas temos Daniel e seus três amigos; e devemos concluir que eles não eram os únicos em Babilônia. Há Ezequiel. Há um remanescente em Babilônia. Deus possui um povo. Ele se mantém fazendo algo através de setenta anos, e, então, os setenta anos terminam e o que acontece? O profeta Isaías lamenta, capítulo 43: “Por vossa causa Eu tenho enviado a Babilônia, e tenho abatido todos os seus nobres.” E como isto aconteceu? Belsazar tem uma festa, e a mão escreve na parede: “o teu reino foi dividido e removido”. Naquela noite Belsazar foi assassinado, como? Ciro e seu exército entraram furtivamente à noite, se moveram pelo canal do rio, do vale que secou, pelo subterrâneo, e usando as palavras do profeta: “quebraram em pedaços os portões de bronze, e cortaram em pedaços as barras de ferro.” Belsazar foi morto _ “Por causa de vós, por causa de vocês, os eleitos, Eu enviei a Babilônia, e abati todos os seus nobres.” Seus mais elevados nobres. Os eleitos são uma ameaça para o mundo, porém eles são o objeto de todas as atividades de Deus. — as convulsões do mundo, como queira. E eu acredito, caros amigos, que na medida em que nos aproximarmos do fim, quando a igreja estiver para ser removida, essas convulsões serão significantes, muito significantes, pois o dia do nosso aparecimento estará próximo. Você se lembra das palavras proféticas do Senhor, sobre “o fim”. Ele diz: “angústia das nações, ... Homens desmaiando de terror” pelas coisas terríveis que sobrevirão à terra (Lucas 21:25–26); mas no original Grego não é “angústia das nações”, mas sim “não há saída para as nações”. Não há saída para as nações. Oh, não é isto verdade hoje? _ Elas estão tentando achar uma saída; mas não há qualquer saída para as nações. Mas, então, observe, quando esse tempo chegar: “Levantai os vossos olhos, porque a vossa Redenção se aproxima.” Haverá uma saída para os eleitos quando tudo isso acontecer.
Bem, você tem o ensino agora. “Chegastes a Sião.” Fico imaginando, não sei, naturalmente no pequeno mundo do Novo Testamento, houve aquelas perseguições e martírios, de fato creio que existiram; porém o mundo é muito maior hoje do que naqueles dias, este grande mundo, comparado com aquele pequeno mundo do Império Romano _ fico imaginando se já houve um tempo na história deste mundo quando os santos passaram por pressões espirituais maiores das que passam hoje? Pressão Espiritual. Não estou falando somente de perseguições exteriores. Alguns hoje sofrem essas perseguições, mas até mesmo hoje, neste nosso tempo, esta semana, alguns filhos de Deus me disseram: “Nunca em minha vida passei por tantos conflitos espirituais, pressões espirituais. Às vezes tais pressões ficam insuportáveis, intoleráveis. E fico pensando como irei conseguir passar por elas”. Muitos de vocês podem não saber muito sobre isso. Se você não sabe, não se preocupe por enquanto. Mas, se vocês sabe a respeito disso, queridos irmãos, e alguns de nós de fato sabemos, nós nunca em nossas vidas _ e alguns de nós têm bastante tempo de vida com o Senhor _ nós nunca conhecemos uma pressão espiritual tão intensa e visível. Às vezes ela parece que alcança um ponto onde iremos sucumbir. Muitos queridos filhos de Deus ao redor do mundo me escrevem nestes termos a respeito disso. O que isso significa? Vocês chegaram a Sião _ é isto o que significa. Deixe a sua teologia de eleição e predestinação. Abandone-a _ ela não irá levá-lo a lugar algum, somente irá levá-lo a problemas e confusão; mas tome o fato de que Deus tem um povo neste mundo, nas nações, que está escondido entre nações, um povo que Ele conhece.
“O Senhor conhece aqueles que lhe pertence”. Ele os conhece, e o Diabo possui o maior interesse neles, Eles estão marcados, e estão envolvidos na controvérsia de Sião. Se você quiser ignorar a palavra “Sião”, se ela cria imagens mentais, ignore-a, esqueça-a, apenas entenda o significado espiritual do que ela representa que é “o testemunho de Jesus”, que representa o Absoluto Domínio de Jesus Cristo, que representa a verdadeira vocação da Igreja! Uma pessoa como essa não irá ter um tempo tranqüilo. Sinto muito dizer isso para vocês, mas temos dito isso esta semana, de maneira muito clara. Mas aqui está, e vocês irão deixar este local e, talvez haverá problemas, dificuldades, esse tipo de coisa, família, trabalho; e então vocês irão dizer: “O que tem acontecido comigo?” O que está errado?” Mas é o contrário, tudo está correto. Oh, gostaria que todos nós pudéssemos acreditar nisso. Se o que estou falando é verdade, a controvérsia de Sião é um conflito sobre algo muito precioso para o Senhor, porque Sião foi muito precioso para o Senhor na história. Leia os salmos. Algo muito precioso para o Senhor está sendo desafiado, por todas as forças do mal, abertamente e por todos os meios; e esta é a explicação para as convulsões atuais. O príncipe deste mundo e o espírito e o sistema do mundo, consciente ou inconscientemente, estão desgostosos conosco. As nações estão fechando as suas portas, expulsando aqueles que representam o Senhor. O mundo está afunilando o seu objetivo para aquilo que é de Jesus Cristo. Pressionando. A explicação? _ É a hora da “Expulsão da Igreja”.
Naturalmente, é uma falsa esperança da parte do mundo. Pode ter sido verdade que os egípcios ficaram alegres quando aquelas pessoas foram embora. Eles tiveram um tempo de descanso, mas não durou muito tempo. Foi uma coisa transitória; sua história posterior foi problemática. Babilônia pode ter sentido um pouco mais confortável quando aquele remanescente retornou a Jerusalém, mas não durou muito tempo. “Eu os abati...” O Senhor destruiu Babilônia, como Ele destruiu o Egito. E pode ser que quando a Igreja for embora, o príncipe deste mundo e o seu reino digam: “Lá se foram eles. Agora podemos ficar com tudo isso aqui para nós.” Mas, se você observar, o contexto daquilo é que eles não ficam com tudo pra eles por muito tempo. Pois lá vêm os julgamentos. O julgamento deste mundo está apenas esperando até que a Igreja seja removida, e este tempo está muito próximo. Eu acho que já falei bastante. Poderia dizer muito mais quanto aos aspectos deste conflito, os meios usados pelo inimigo, para tentar desfazer este testemunho, para tentar destruir Sião. Os meios usados? Bem, um deles é por meio da confusão. Esses poderes malignos são espíritos de confusão. Eles sempre foram. Nunca houve um tempo, eu me aventuro a dizer, na história deste mundo, quando houve mais confusão, e confusão dentro da cristandade, dentro do Cristianismo. Confusão. É verdade? É verdade que você não sabe o que fazer? Como responder? O que significa? Confusão espiritual invadindo tudo que está sobre esta terra? —Confusão.
Existem espíritos de corrupção, para perverter, para manchar. Há espíritos de engano. Será que já houve um tempo em que o engano era maior do que agora? Em todo lugar há engano. Oh, eu não tenho a pretensão de impedir isto, tenho? Mas aí estão as coisas que são engano, que estão assumindo uma aparência divina; é tudo falso, tudo mentira; essas coisas não irão durar. Haverá um dia em que cessarão. As raízes, as sementes de sua desintegração estão dentro delas. Existem divisões. E não há fim para isto. Até entre duas pessoas do povo de Deus haverá este ataque, para dividir, para separá-los de alguma forma. Sim, na Universal Igreja, um ataque para dividir; nas igrejas locais, sim, divisão, e divisão atrás de divisão; e na família, e entre os dois _ marido mulher. Nós estamos numa batalha! É uma coisa terrível para se dizer, contudo você sabe que apesar do amor e da certeza de que o Senhor uniu você e seu cônjuge, muito frequentemente há esta batalha sobre o relacionamento de vocês. É demais isto que estou falando? Mas é verdade. Uma batalha, desentendimentos podem vir e dividir, isolar. Em qualquer lugar! Os espíritos de divisão estão trabalhando hoje, e o lema deles é: “dividir e conquistar”. Depende do terreno sobre o qual vocês estão. Se estiver no terreno natural, no terreno doutrinário, no terreno teológico, no terreno da interpretação, se vocês estiverem em quaisquer desses terrenos, vocês não permanecerão juntos. Se estiverem apenas no terreno de Cristo, e de Seu Senhorio, então haverá uma resposta. Quero fechar com o seguinte: Sião é muti precioso para Deus, porque Seu Filho é o Seu Rei Ungido sobre o Monte Sião. Ah, há um grande amor neste testemunho de Sião. É por causa de Seu Filho. Você e eu devemos ter a causa do Filho de Deus como motivação para todos os nossos caminhos. “Chegastes a Sião”, mas vocês também chegaram a um envolvimento num grante conflito! Assim, ajuda-nos, Senhor Deus. Nós apenas pedimos a Ti, Senhor, que toda autoridade que tem sido dada a Ti no Céu e na Terra possa cobrir, cercar e envolver aquilo que foi dito aqui nesta manhã. Tu sabes que não é fácil. É uma batalha até mesmo para sair dela, mas, Senhor, precisamos ser protegidos. Confiamos em Ti, Senhor. Cremos em Ti e na proteção da Poderosa Virtude do Teu Sangue, para a Glória do Teu Nome, Amém,
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