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Vimos a Sua glória - Volume 1

por T. Austin-Sparks

Capítulo 1 - O Nome do Senhor em Sião

Capítulo Um

Leia: João 1:1-18.

“E o Verbo se fez carne, e habitou (tabernaculou) entre nós... cheio de graça e de verdade”. “O Verbo tabernaculou entre nós cheio de graça e de verdade”. A parte central desse versículo, como podemos perceber, é um parêntese: “... (e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai)...”. .Esse é verdadeiramente o coração do verso. Entretanto, as partes anterior e posterior desse parêntese, estando na continuidade do texto, são o que certamente tenho em mente como chave para a nossa meditação neste momento. ”O Verbo... habitou entre nós, cheio de graça e de verdade”.

“João”, especialmente para a igreja

Muitas vezes dizemos que o Evangelho de João, num sentido peculiar, é o Evangelho para a Igreja. Isso não significa que os outros três Evangelhos não sejam para a Igreja, mas que cada um deles têm uma ênfase específica, como sabemos. Porém, quando chegamos a este Evangelho, nos afastamos de tudo o que possa ter algum sentido particular no que tange a sua aplicação entre os homens da Terra, pois imediatamente nos encontramos naquilo que o apóstolo Paulo chamaria de "lugares celestiais". Podemos perceber que o registro de Mateus foi em primeira instância uma nota peculiarmente endereçada aos judeus; assim como o registro de Marcos ou de Lucas, que também tiveram uma aplicação local, em primeira instância. Mas o evangelho de "João" é o registro daquilo que não está limitado no tempo, está na esfera da eternidade. Não se limita à Terra, abrange todo o universo. Todo tipo de limite e aplicação locais é ultrapassado quando chegamos a "João", e somos levados rapidamente para a esfera das cartas dirigidas aos Efésios e aos Colossenses – percebemos a mesma atmosfera, abrangência e destaque. Se ouvirmos o tom de João, veremos que há algo maravilhoso e estranhamente semelhante ao tom do apóstolo Paulo, especialmente nessas duas cartas que mencionei. E é nesse sentido que vemos que este Evangelho de João é peculiar, sendo particularmente o Evangelho para a Igreja.

Duas principais características

1. A Pessoa de Cristo

Temos dois pontos principais ao longo desse Evangelho. Um é o Filho de Deus, o próprio Cristo em pessoa. Essa é a primeira nota que permeia todo esse Evangelho. Ela surge como chave logo na primeira sentença do Evangelho, concedendo-lhe harmonia. Nos registros finais do Evangelho, sabemos que essa chave, mais uma vez, é ouvida de maneira distinta e num sentido exclusivo: "...Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus" [Jo 20:31]. Ali João começou e terminou, e o todo do seu Evangelho está voltado para aquela chave: Cristo, o Filho de Deus. Isso estabelece o objeto do Evangelho.

2. União com Cristo

O segundo ponto que permeia todo esse registro de João é a união com Cristo. Isso surge logo no início do Evangelho. Logo na introdução do primeiro capítulo, isso é apresentado em conexão com aqueles que O receberam e, em tendo feito isso, lhes foi dado o direito de se tornarem filhos de Deus. A natureza desse relacionamento é manifestada, mostrando que se trata de uma união orgânica, fundamentada no nascimento do alto. Desde os primeiros versos até o final, temos o pensamento e a verdade da união com Cristo. Estas são as duas notas dominantes ou ênfases do Evangelho de João.

Duas características de Cristo em manifestação

Temos, então, duas principais características de Cristo como o Filho de Deus em manifestação: graça e verdade. Ele “tabernaculou entre nós, cheio de graça e de verdade”. Utilizei a palavra “tabernaculou” que traduz melhor o sentido do original, do que a palavra utilizada na nossa tradução – “habitou”. O sentido de tabernacular equivale ao de entrar numa tenda, e a tenda sempre indica um símbolo de transitoriedade, o oposto de permanência. Aqui, a implicação é clara de que Ele veio por um período, não para habitar para sempre, como se estivesse em uma tenda, de um modo transitório. No entanto, mesmo em Sua transitória estadia entre nós, houve uma manifestação de Deus nEle. Aquela manifestação de Deus em Cristo foi na linha da graça e da verdade, essas foram as suas duas principais características.

Ora, essas são as duas características que a Igreja é eleita para representar, em razão da sua união com Ele. Se esse Evangelho é peculiarmente o Evangelho para a Igreja, se Cristo manifestado como o Filho de Deus e a união com Ele são os dois principais pontos desse Evangelho, então queremos saber qual é o objeto dessa manifestação e dessa união, pois ambos estão atrelados até o final. Essas duas coisas que Deus uniu: a manifestação de Si mesmo em Cristo, e a intenção de trazer um grupo à uma união com Ele naquela manifestação, são as duas partes de um pensamento eterno. Então, qual é o objeto dessa dupla revelação - Cristo em pessoa como o Filho de Deus manifestado e a revelação da união com Cristo? A resposta é que o que Ele veio revelar de Deus em Si mesmo, deve ser demonstrado em ou através daqueles que adentram essa união com Ele, e isso é graça e verdade. A Igreja é eternamente eleita para ser o meio da manifestação universal de Sua graça e da verdade, para Ele, devido à sua união com Ele. Vamos observar isso em Efésios: "... a igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas" [Ef 1:23]. Então, a Igreja deve ser, para Ele, o veículo por meio do qual será conhecida a multiforme graça de Deus. Temos a "graça", mas existe outra coisa correndo em paralelo, o tempo todo. "Segundo é a verdade em Jesus" [Ef 4:21]. A Igreja é chamada para a demonstração de graça e verdade, como estão manifestadas em Jesus. (Isto está apenas cooperando para o objeto de nossa meditação. Acredito ser um fundamento útil para a entrada no nosso lugar no propósito eterno de Deus.)

Um testemunho vivo em meio à morte religiosa

Gostaria que lembrássemos que João, dentro do conteúdo de seu Evangelho, se refere especialmente à região da Judeia (isso nos ajudará em direção ao nosso objeto). O que está sendo dito e feito nesse Evangelho, está principalmente relacionado ao contexto do judaísmo. Os outros três Evangelhos estão basicamente relacionados com a Galiléia, mas aqui, o Senhor está Se movendo, operando e falando principalmente em relação à Judeia. Isso traz consigo o significado de que é em meio ao mundo religioso que a parte principal do Evangelho de João está sendo promulgada. A Judeia representa especialmente o mundo religioso, como era estabelecido no tempo desse Evangelho. Persistia ali um estado de intelectualidade religiosa antagônica à Cristo. O mínimo que se pode dizer é que a Judeia não apreciava Cristo. Vemos a tremenda ênfase dada por João à Quem o Senhor era, e essa ênfase tem sua própria implicação, de que a mente religiosa não estava reconhecendo e aceitando o fato supremo da Pessoa de Cristo como o Filho de Deus, e que o mundo intelectual religioso estava alienado do fato básico de Quem era Cristo. A ênfase aqui estava nessa esfera: primeiramente, Quem é Cristo e, em segundo lugar, qual é a ocupação da Igreja.

Vejo nisso tudo a seguinte aplicação para nós: não é tão difícil estabelecer o fato da Pessoa de Cristo entre aqueles que nunca ouviram e nunca conheceram nada a esse respeito, quanto é estabelecer o pleno Testemunho do Senhor Jesus entre aqueles que tem uma história religiosa. É na esfera religiosa da tradição, história, intelectualismo, e do extenso conhecimento das coisas que a envolvem, que surge a maior dificuldade no estabelecimento do Testemunho de Jesus. Se você ler este Evangelho tendo isso em mente, ficará tremendamente impressionado. Ao chegar aos capítulos onze e doze, perceberá em uma atmosfera de tremendo antagonismo espiritual para com o Senhor, por parte dos religiosos. Eles procuraram apedreja-lo, então Ele partiu para além do Jordão, e então as notícias de Lázaro chegaram até Ele. Ele Se demorou, então disse: "Vamos", e os discípulos disseram: "Senhor, Tu vais voltar para a Judeia, onde eles procuraram Te apedrejar?". Podemos nos lembrar da Sua resposta e depois a fala do pobre Tomé: "Bem, vamos lá para que possamos morrer com Ele. A morte é certa se Ele voltar para a Judéia; talvez não haja nada melhor para nós do que ir e morrer com ele" [Jo 11:6-8]. Talvez Tomé achasse melhor morrer com o Senhor Jesus do que viver sem Ele. Ele viu que voltar para a Judéia indicava morte certa, como se provou ser verdade, no final. Será que podemos perceber que é lá, na esfera da tradição e do intelectualismo religioso, que encontramos a falta de compaixão?

Isso surge logo no início desse Evangelho. Em Nicodemos, temos uma representação da classe intelectual, e fica claro, nessa esfera, que a religião, tal qual ela é, pode se tronar mais num obstáculo do que numa ajuda. É bem verdade o que o Senhor disse ao profeta: "Filho do homem... tu não és enviado a um povo de estranho falar nem de língua difícil, mas à casa de Israel; nem a muitos povos de estranho falar... se eu aos tais te enviasse, certamente, te dariam ouvidos. Mas a casa de Israel não te dará ouvidos” [Ez 3:4-7]. A nossa tarefa mais difícil, mesmo sendo algo delegado a nós pelo Senhor, é a restauração e o estabelecimento, em finalidade e plenitude, do Testemunho de Jesus entre aqueles que já têm todas as tradições. Todo o Evangelho de João nos oferece uma apresentação abrangente do Testemunho de Jesus. Gostaria que nos lembrássemos que a Judéia representou a esfera religiosa intelectual, que não simpatizava com Quem era Jesus e, portanto, não simpatizou com aqueles que se posicionaram pelo Seu Testemunho, isto é, no estabelecimento da plenitude do significado de Cristo ter vindo para revelar o Pai.

A Palavra Favorita de João para Milagre

Existe outra coisa relacionada a isso, a ser observada no Evangelho de João. Há seis palavras que são traduzidas como “milagre”, a saber: Terata = prodígio ou presságio; Dunameis = poder; Thaumata = maravilha; Paradoza = contrário à expectativa; Erga = atos; Semeia = sinais. Dentre essas, a última, em particular, é a favorita de João. Na Judéia - o mundo do antagonismo religioso e intelectual - Cristo não está atraindo as pessoas através de maravilhas, impressionando por poderes ou trazendo à luz o inesperado. Não, percebemos algo com implicações e sentido mais profundo. Ele está ensinando algo por meio do que faz. Há uma grande verdade escondida em Seus atos, e somente um coração solidário e de fé será capaz de ver essa verdade.

O primeiro milagre ocorreu em Caná da Galiléia: “deu Jesus princípio a seus sinais” [Jo 2:11]. Desejamos saber o significado da transformação da água em vinho nas bodas. Temos o milagre dos pães e peixes, um sinal (o significado nos é dado quase imediatamente depois: “Eu sou o pão da vida”). O Senhor está procurando conceder ao Seu povo o conhecimento de Quem e o que Ele é, os levando à comunhão e à uma união com Ele, tornando-nos em um grupo que O conhece nesse sentido. O esforço de João indica que o Senhor buscava um instrumento e vaso de manifestação contínua de Quem Ele é. João não estava lidando especificamente com pecadores, mas está tratando, fudamentalmente, com os religiosos. Não encontramos a palavra “arrependimento” em João. Não vemos nada nessa esfera ali. É preciso manter em mente que a ideia central desse Evangelho é conduzir a Igreja a um lugar de união com o Senhor, a fim de que ela seja para Ele o instrumento da Sua manifestação.

O Tema de João – O Testemunho de Jesus

O tema de João, não apenas de seu Evangelho, mas também de suas Epístolas e do livro de Apocalipse, é o Testemunho de Jesus: “Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus” [Jo 20:31]. As cartas de João são todas sobre essa nota; e sabemos que Apocalipse contém essa mesma frase, usada repetidamente – “O testemunho de Jesus”. O tema de João é o Testemunho de Jesus.

O que é o Testemunho de Jesus? Bem, o que João diz ser o Testemunho de Jesus? O próprio Jesus! Ele mesmo é o Testemunho. Há coisas ditas, coisas feitas, grandes fatos apresentados, mas não obteremos nada de “João” à parte da Pessoa. Gostaria que notássemos como, em “João”, tudo está relacionado à Pessoa. Ele introduz a Pessoa e mantém essa Pessoa em vista em todo tempo.

Tome uma ou duas ilustrações. Vejamos no capítulo quatro. Temos a pergunta a respeito da água; no incidente da mulher no poço de Sicar. A água é vital e inseparavelmente ligada à Pessoa do Senhor Jesus. Veja o pão do capítulo seis. Não é algo que Ele dá, mas Ele mesmo é dado: “Eu sou o pão”. Ele mesmo sendo dado. Veja a ressureição de Lázaro. Ele diz: “Eu sou a ressureição”. Não se trata do fato dEle ressuscitar alguém da morte. O Testemunho de Jesus não é que Ele te dá vida, mas que ELE É a Vida. Não é que Ele te dá o pão, ELE É o Pão. É assim iremos até o fim. O Testemunho de Jesus é o que Ele mesmo é. Quando dizemos que chegamos ao âmago da questão, temos: “Cheio de graça e de verdade”. O Testemunho, amados, não é alcançado por meio do ensino, mas sim por uma união viva. Oh, é aqui que está o desdobramento de tudo. O Senhor obteve em algumas vidas tal união e comunhão, ao ponto de ser capaz de fazer-Se conhecido de uma forma muito rica, maravilhosa e abençoada por meio delas, o que significa foi demonstrada uma revelação viva dEle, com tremendos resultados. Naqueles dias, muitos foram trazidos a uma viva revelação dEle, chegaram a um contato vivo com o Senhor e se regozijaram, não em uma doutrina, em um ensino, mas em algo real, uma nova experiência do Senhor. Mas a próxima geração agregou tudo isso em um ensino e buscou preservar tudo em termos da sua doutrina. Gerações sucederam gerações sustentando a doutrina daquilo tudo, e eles chamavam isso de “carregar o Testemunho”. Não poderemos entrar na essência original daquilo tudo, apenas aceitando seu ensino. Precisaremos trilhar os mesmos caminhos que os primeiros palmilharam. Não é apenas cheio de verdade, mas é cheio de graça e também verdade. Verdade pode ser luz; graça é amor.

Algumas Grandes Palavras em “João”

Vamos tomar as três grandes palavras de João: vida, luz e amor. Essas palavras de João estão ligadas ao Senhor Jesus, conectadas à Sua Pessoa. Elas são as notas grandes e fortes que percorrem esse Evangelho. Podemos ter luz, mas, se não tivermos amor e vida, estaremos desbalanceados e não teremos o Testemunho. Podemos ter a vida sem a luz. Ao juntar os três, o Senhor Jesus quis dizer que, em comunhão espiritual com Ele e O possuindo, devemos ter essas coisas em igual medida, balanceadas: vida, luz e amor. O Testemunho de Jesus não é somente ter luz, mas é também ter vida e amor. É bem possível absorvermos um sistema de verdades sustentado inteira e indubitavelmente em uma doutrina Neotestamentária, mas, que existe sem a vida e o amor, e então não teremos o Testemunho de Jesus. O Testemunho de Jesus é Ele mesmo. Vida, Luz e Amor, esse é o Testemunho de Jesus.

Trazendo isso para uma aplicação prática, a resposta para tudo está em possuirmos o Senhor, ou, em outras palavras, nossa união vital com Ele. Todas as nossas falhas e desarranjos, assim como as dos outros, podem ser explicados pela ausência disso. Podemos ter a tradição e a doutrina; ter a verdade e, mesmo assim, podemos experimentar as maiores e mais incoerentes inconsistências, contradições e desarranjos, por não termos obtido a vida e o amor nas mesmas proporções. O que precisamos não é de mais luz, mas é da vida e do amor na mesma proporção da luz. Muitos que possuem muito de luz carecem de amor, assim como é verdade que muitos possuem muita luz, mas estão sem muita vida. “CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE”. Assim Ele se manifestou. A Igreja é eleita eternamente para estar em união com Ele no propósito de levar Seu Testemunho, e o Testemunho da Igreja deve levar o próprio Cristo, não algo a Seu respeito. Nossa tarefa neste mundo, como povo do Senhor, é levar Cristo, cheio de graça e de verdade.

Tudo isso deve ser visto nesse Evangelho, em sua própria e respectiva conexão. Essa é uma afirmação básica para a nossa meditação. Nossa necessidade é de mais do Senhor Jesus. Esse é uma afirmação muito simples, mas que chega à raiz de tudo. Você pode dizer: “Quero mais luz”. Não, você precisa de mais do Senhor. Então você diz: “Quero mais amor”. Você precisa de mais do Senhor. Não precisamos de coisas, mas dEle. Esse é o Testemunho que nos foi confiado.

Isso, naturalmente, atingirá nossos corações se formos espiritualmente sensíveis. Imediatamente isso estabelecerá um padrão pelo qual poderemos julgar tudo. Isso significará que devemos ir ao lugar secreto com o Senhor e dizer: “Senhor, vida e amor devem ser proporcionais a luz”. É o que o Apóstolo quis dizer quando usou essa expressão em particular: “a verdade em Jesus” [Ef 4:21]. Isso significa que a verdade não é algo a ser obtido intelectualmente. Precisamos da Pessoa, então teremos a verdade. Isso traz em si seu próprio desafio, e deve ser uma palavra introdutória para nossa meditação. Não estamos procurando obter uma maior quantidade de luz em si mesma; estamos buscando obter mais do Senhor, ver o Senhor, conhece-Lo.

A menos que o ponto principal dessa meditação dirija-nos a uma união mais profunda, forte e completa com o Senhor, falamos em vão, nossa obra não atingiu seu propósito. Oh, que toda nossa mensagem tenha esse resultado: mais dEle! Queremos encontrar o Senhor e, quando isso se torna uma questão pessoal, o resultado do nosso estudo deve ser que os outros encontrem em nós mais do Senhor, em plenitude de graça e verdade. Perceba o que o Apóstolo diz: “Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” [Jo 1:16]. Isso deve ser o resultado da nossa meditação conjunta, mesmo que apenas nessa palavra introdutória. A única razão justificável para nossa consideração é que, em nós, os outros possam encontrar mais do Senhor em graça e verdade. Não devemos ser um povo conhecido por ter apenas uma boa quantidade de luz, mas que possa ser dito sempre que com a luz há também vida, e com a vida há também amor.

Que não seja uma luz que abrasa e queima, tornando-se intolerável, mas que seja a luz daqueles tons suaves que foram vistos no Cristo encarnado. Esse é o significado da Encarnação. Ver Deus a olho nu representaria destruição; mas Deus manifesto em Cristo indicou que algo se interpôs entre aquela luz flamejante e nós, a fim de desdobrá-la em seus componentes, nos dando o efeito de um prisma, de modo que o raio branco resplandecente fosse agora visível em todas as suas múltiplas nuances. O corpo humano de Cristo era como um prisma, refratando para nós os raios de infinita santidade, nos tornando capazes de ver o que Deus é nEle.

É isso que devemos ser, ao nos tornarmos membros da Igreja: um prisma para que outros possam ver Deus. O Deus assustador, o Deus intolerável? Não! O Deus cheio de graça e de verdade. Deus que é vida, que é luz, que é amor. Oremos para que haja mais Dele em Cristo, visto e conhecido por meio de nós. Precisamos tornar isso na nossa verdadeira busca diante Dele; Mais de Cristo para nós; mais de Cristo para os outros por meio de nós. A solução para todos os seus problemas está aí. Você quer mais conhecimento? Não pense em conhecer mais sobre a verdade, como algo em si. É o conhecimento pessoal da nossa união com o Senhor Jesus que vai até a raiz de tudo, respondendo a todas as questões e resolvendo todos os problemas. “Para O conhecer” [Fp 3:10], não conhecer isso ou aquilo. Tendo o Senhor, temos tudo. Será uma bênção podermos dizer depois dessas horas juntos: “Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” [Jo 1:16].

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.