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O Evangelho do Reino

por T. Austin-Sparks

Capítulo 5 - A Proclamação do Reino

"E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim" (Mateus 24:14).

Analisemos primeiramente este versículo, observando suas palavras específicas.

'Este Evangelho [literalmente, 'boas novas'] do Reino [literalmente, 'o reinado real'] será pregado [esta particular palavra significa 'proclamado', 'anunciado', 'aclamado'] por todo o mundo [=toda a terra habitada ou habitável] para testemunho [=como testemunha: Dr. Weymouth na sua versão traduz essa frase - 'para estabelecer a evidência']'.

Agora, com essa análise, construamos tudo na sua completa declaração literal:

'Estas boas novas do reinado real será aclamado por toda a terra habitada, para estabelecer a evidência por todo o mundo. Então, virá o fim'.

É um versículo impressionante, pois abrange nada menos do que a inteira missão, obra, significado e propósito da pessoa, encarnação, vida, morte, ressurreição e exaltação de Jesus Cristo, e concretiza isso como o próprio significado e assunto da Sua Igreja. É realmente um versículo muito abrangente.

Mas devemos ficar por trás desta tremenda declaração, e tentar entrar. É então, para ser compreendido, que o que é chamado o Evangelho, as boas novas - tudo que o Cristianismo tem a dizer e dar - é definido em termos de um Reino, um governo soberano, o funcionamento de uma Realeza. É claro, estamos tão familiarizados com a linguagem e com a ideia que provavelmente nunca temos realmente parado para pensar o que significa isso. Por que o Cristianismo não é referido como outra coisa - 'este evangelho do estado comunal', 'este evangelho do estado social', ou alguma outra designação? É chamado 'o evangelho do governo soberano, o reinado real'; em outras palavras, o evangelho da Realeza de Jesus Cristo. É isso, e nada menos e nada mais do que isso.

A ORIGEM CELESTIAL DA REALEZA DE CRISTO

E isso nos leva a uma nova indagação e investigação. Onde essa ideia se originou e provêm? Ora, é muito difícil localizar a ideia da realeza no que respeita ao homem. Não sabemos quem foi a primeira pessoa a ter o título de rei. Nós podemos ver a ideia em sua forma primitiva evoluindo, em desenvolvimento, até que alcançou a posição completa da monarquia; voltaremos a isso num momento. Mas o que sabemos da Bíblia é que isto não começou com o homem em absoluto. Começou no Céu com Deus. A ideia do reinado real, governo soberano, estava com Deus, e foi transmitida ao Seu Filho Jesus Cristo antes que este mundo fosse criado, e antes que houvesse algo semelhante a uma realiza na terra, nem em princípio ou em realidade. A Bíblia nos conta que Deus designou o Seu Filho Jesus Cristo como o Herdeiro de todas as coisas (Heb 1:2), e que Deus fala do Seu Filho como o Seu Rei. Aparece num dos salmos, onde Deus está falando: "Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião" (Sal. 2:6). Essa é uma expressão profética a respeito do Senhor Jesus, como você bem sabe. A ideia da realeza originou-se com Deus e estava centrada no Seu Filho Jesus Cristo.

UM OUTRO REI

O seguinte que a Bíblia nos faz conhecer é que alguém ficou com ciumes disso. O maior ser criado dentre as hostes angelicais achou ciumes do Filho de Deus no seu coração e permitiu que esses ciumes tomassem tanta conta dele que ele projetou um plano, uma maquinação e um movimento para suplantar o Filho de Deus e obter esse governo em si mesmo e para si mesmo. Essa revolta contra a determinação de Deus concernindo o Seu Filho teve lugar em algum lugar fora deste mundo, antes que a presente ordem da criação fosse trazida à existência; mas Deus procedeu de acordo ao plano e de acordo ao propósito, e através da instrumentalidade do Seu Filho, criou este mundo para ser a esfera do domínio do Seu Filho; e nele Ele colocou o homem.

A seguinte coisa foi que este ser que tinha sido, pela sua revolta, a sua rebelião, expulso do Céu, achou em seguida caminho para a esfera do Rei designado e predestinado por Deus. Pela história é conhecido, por enquanto, por como ele obteve o seu objetivo através de um plano sútil de engano profundamente estabelecido - a sua atração à vida da alma do homem. Ele obteve o seu objetivo ao ganhar o homem para si; e assim se tornou, por enquanto - como mesmo Jesus reconheceu e admitiu ele ser 'o príncipe deste mundo' (João 12:31, etc.) embora o seja ilegitimamente. Aí você tem a raiz de todo o assunto, o pano de fundo da nossa passagem da Escritura.

A VITORIA DO REI DE DEUS

É claro, Deus não irá tolerar isso para sempre. A sua intenção não irá ser estragada, nem o Seu Filho irá ser privado da Sua herança. A história da encarnação encontra a sua explicação lá: era a vinda do Filho de Deus neste mundo na carne para assumir todo este assunto da intenção de Deus, e da Sua própria (do Filho) herança, e do lugar do homem nessa herança, e combater até um glorioso triunfo final. E vendo que não era algo oficial, mas um assunto espiritual e moral, foi direito para a profundidade das coisas - na mesma natureza do pecado e maldade, do qual tudo veio. Se concentrou e lidou com todo esse mal, como é personificado no maligno em si. Jesus o enfrentou, Ele aceitou a batalha do governo eterno, do reinado real, e combateu todos os seus implicados até um resultado vitorioso. 'Pela Sua Cruz Ele triunfou', e na Sua Cruz Ele "despojou os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz" (Col. 2:15). Ele arrancou o cetro das mãos do usurpador, e expulsou, como Ele disse, o príncipe deste mundo (João 12:31); e, ressuscitando triunfante dentre os mortos e do sepulcro, recebeu às mãos do Seu Pai o Reino, juntamente com 'toda a autoridade no Céu e na terra' (Mat. 28:18), 'o Nome que está acima de todo nome' (Fili. 2:9), e o lugar 'acima de todo poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir' (Ef. 1:21). Esse é o grande drama que a Bíblia contém e estabelece; e disso surge o que é chamado o Evangelho, as boas novas - as boas novas do Seu reinado real em virtude de tudo que Ele fez.

A NECESSIDADE DO REINADO HUMANO

Agora voltemos para o lado humano, a história do reinado, domínio. É bastante claro que começou numa maneira muito simples. Primeiramente o princípio foi achado expresso numa família. Problemas na família têm uma longa e remota história. Parece que quase imediatamente que houve a família lá houveram problemas, e alguém na família tinha que assumir a autoridade. Os primeiros reis, embora eles não fossem chamados assim, eram cabeças das famílias. Daí, as suas autoridades se estendeu até a tribo, e da tribo para as tribos, e das tribos para a nação. E depois, até onde eles conseguiam, eles tentavam obter o reinado sobre várias nações, e finalmente sobre todas as nações.

Mas a nossa questão é esta. Esta situação ocorreu por motivo de circunstâncias e da necessidade do homem. Um governante ou regente - um rei em princípio ou em nome - era uma necessidade, pois alguém tinha que tomar decisões nos problemas do homem e decidir nos assuntos de conflito, seja em famílias ou tribos ou nações; alguém tinha que dar o veredito do certo e errado. Por causa de novas circunstâncias de conflito no mundo, antagonismo colocando pessoas contra pessoas, tribo contra tribo, nação contra nação, alguém tem que assumir a causa e comandar em guerra para a vitória. Pois paz não era o estado normal das coisas, mas 'desassossego' - qualquer coisa menos paz - alguém devia assumir a responsabilidade da tentativa para proporcionar ao homem paz, para garantir a paz e estabelecê-la.

Assim, o reinado tem como seus componentes, estas ideias de adjudicar, de julgar, de determinar o certo e o errado, de comandar contra o que ameaça o bem-estar do homem, e a própria integração do homem, e de estabelecer paz. Existem componentes do reinado, como encontramos no seu desenvolvimento. O reinado existe por causa das condições existentes, algo estabelecido contra eles. Isto nos dá o pano de fundo e o princípio do assunto.

REI DE JUSTIÇA

Numa esfera distante, muito mais distante do que o temporal e o terreno, o Senhor Jesus, como Rei de Deus, assumiu essas mesmas questões. São componentes do Seu Reinado. Neste mundo tudo deu errado; um estado de anarquia e iniquidade - de 'desigualdade', deslealdade, erro de homem a homem - prevalece. É o que a Bíblia resume numa palavra: injustiça. Afeta todos os tratos do homem com o homem, todos os relacionamentos e transações humanas. O sistema inteiro do relacionamento humano simplesmente não está certo; não é reto, não é 'justo e honesto' - é injusto. Toda a questão da injustiça está ligada a este assunto do Reinado; e é portanto, muito significativo que, num dia em que, nessa nação traçada de Israel, o Reinado, o governo soberano, o governo real de Deus intencionava ser exibido, existiu o pior estado de injustiça.

Mas no meio de tudo - toda esta injustiça, sim, mesmo a dos próprios reis - um profeta se levanta e grita: "Eis aí está que reinará um rei com justiça"! (Isa. 32:1). Um raio de luz é lançado direto para Aquele que estava vindo. Sabemos que o Senhor Jesus, na Sua vida e morte, assumiu toda esta questão da justiça - em primeiro lugar como estando relacionado com os direitos de Deus. O Seu primeiro objetivo, a Sua primeira tarefa, era trazer a Deus Seus direitos, o que lhe é devido, para consertar as coisas com Deus no que se refere ao homem. Quanto Evangelho é contido nisso! Toda a carta maravilhosa de Paulo aos Romanos é reunida nessa ideia de Deus requerendo justiça, do homem sendo incapaz de Lhe fornecer isso, e Jesus Cristo entrando na brecha para fazê-lo no meio dos homens, e onde este reinado real de Jesus Cristo for achado no coração dos homens você tem justiça, verdade e equidade, 'igualdade e honestidade' e justiça - tudo isso se entende por justiça. Ele 'reina em justiça'.

REI DE PAZ

Então, quanto a este assunto do conflito, vai além das guerras entre os homens. Donde vem todas estas guerras? Elas emanam do Maligno que abalou este universo com conflito, discórdia, luta, ódio, malicia. Esta grande guerra no universo é primeiramente espiritual, antes de se tornar temporal, e foi de Satanás que surgiu. Sabemos bastante bem que está aqui. Sabemos que nos nossos corações; antes de Cristo os tomar como o Seu trono, não há paz, não há paz lá à parte de Ele. Sabemos tudo sobre discórdia e luta dentro de nós mesmos; sabemos, também, que é a coisa mais difícil é conviver com outras pessoas por muito tempo sem achar alguma discórdia. Talvez, cristãos, mais do que ninguém, sentem os antagonismos que estão ao exterior. Satanás tem concentrado as suas forças e atenção especialmente em cristãos, para destruir o testemunho do que Jesus fizera; para estragar este governo real reduzindo e enfraquecendo seu significado de unicidade, comunhão, unidade. A comunhão e unidade é uma verdadeira batalha em qualquer esfera, mas provavelmente maior entre cristãos do que em qualquer lugar.

Mas há um Rei para comandar nessa batalha. Este governo real significa que não é preciso haver este estado das coisas, mas pode haver vitória sobre a luta e discórdias humanas, e divisões, antagonismos, malícia e tudo isto. Ele obteve a vitória sobre a obra terrível de Satanás que era despedaçar este universo e criar uma grande esfera de conflito. Cristo, somos informados, tem "feito a paz pelo sangue da sua cruz" (Col:20). A ideia de um Rei era, dentro do possível, manter e estabelecer a paz. Nenhum rei conseguiu isso por muito tempo, ou apenas dentro de uma esfera limitada, mas Cristo entrou nesse reino hostil, avançou para a batalha, e garantiu a paz.

Aqui, também, embora conheçamos naturalmente nos nossos corações os elementos da luta, discórdia e guerra, em Cristo conhecemos o outro lado. Sabemos que Ele trouce o Seu reino de paz aos nossos corações. "Temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (Rom. 5:1), e a paz de Deus que excede de todo entendimento, guardará os nossos corações (Fili. 4:7), mas enquanto haja muito mais necessário, e tenhamos que sempre estar atentos e sempre permanecermos na Sua vitória neste assunto, no entanto, existe o fato glorioso de que conhecemos algo de uma comunhão, uma comunhão abençoada e maravilhosa entre nós como o povo de Deus, o qual é único, o qual não é conhecido deste tipo em qualquer outro lugar em todo o universo. A coisa mais preciosa e abençoada que os cristãos têm herdado através do Senhorio soberano de Jesus Cristo nos seus corações é a comunhão de um com o outro. Quanto há ligado a isso! Quanto devemos um ao outro em Cristo, quanto necessitamos um do outro, quão impossível é se dar bem sem o outro justamente porque Deus está contra darmos bem sem o outro. Descobrimos que tentarmos nos dar bem uns sem os outros simplesmente envolvemos o Senhor em controvérsia conosco.

Justiça e paz - estes são os elementos do Seu reinado. O inimigo é derrotado, seus cativos e vítimas são libertadas, a paz é estabelecida; enquanto o guardião de dentro encarrega-se da questão do estabelecimento da justiça. Tudo isto é a nossa necessidade, assim como sempre foi, e Ele a satisfez completamente, plenamente. Ora, isso tudo está enquadrado nesta maravilhosa palavra 'Evangelho' - boas novas. Mas existem multidões - talvez até haja alguém lendo este texto - que não conhecem esta obra maravilhosa que Jesus Cristo fez, que não estão no benefício e alegria da paz com Deus, e da paz nos seus próprios corações, que nós conhecemos. Isto lhes parece muito estranho, embora talvez olhem para nós saudosamente e invejosamente. Esta comunhão entre cristãos é algo impressionante; não é algo fingido, montado ou maquiado. Temos sabido de pessoas não salvas entrando em reuniões cristãs, e saindo, se não realmente salvas, ainda dizendo um ao outro, 'há uma atmosfera maravilhosa aqui. Você sente que estas pessoas têm algo que outros não possuem'. Eles falam da impressão feita sobre eles pela comunhão maravilhosa do povo de Deus, e isso constitui um testemunho. É, de fato O testemunho; é a evidência.

ESTABELECENDO A EVIDÊNCIA

Assim sigo imediatamente. Estas boas novas do governo ou reinado real, nestes termos dos valores espirituais - vida interior, comunhão abençoada, luta vencida, justiça estabelecida - estas boas novas são comprometidas à Igreja e aos arautos para levar a todas as nações. Mas note que não é só alguém saindo e anunciando as boas novas como uma teoria. Temos que tomar posse disto muito fortemente. Haveria uma situação muito, muito diferente no mundo hoje, como resultado do Cristianismo e evangelização, se este ponto tivesse sido mais firmemente e claramente compreendido. Enquanto é a obra do arauto fazer a anunciação, a passagem que temos ido considerando não termina aqui, com 'Estas boas novas do reinado real serão proclamadas em toda a terra habitada'. Não acaba aqui, e é aí onde justamente fica a falha e fraqueza. Continua: 'será proclamado... COMO TESTEMUNHO'. Tradução de Weymouth, que citei anteriormente, nos dá o cerne da questão. Ele diz: 'para estabelecer a evidência'. O arauto não está apenas anunciando alguma teoria abstrata, ou mesmo um fato, objetivamente. Ele está lá na verdade para estabelecer ou prover a evidência de que é o caso.

Torne para seu Novo Testamento, e o que você tem? Você tem os arautos indo para a terra habitada, bem o suficiente: mas o que estão fazendo? Estão só andando em alguma cidade e subindo numa plataforma e fazendo uma anunciação, e depois indo embora? Fazem eles a anunciação, e depois continuam para o seguinte lugar e o seguinte lugar e o seguinte lugar, até que eles cobrirem toda a terra habitada com a anunciação? Fizeram isso? Certamente não. Eles tinham uma melhor apreensão do assunto deles, e ao que o Senhor se referia do que isso. O significado que estava nos seus corações e mentes ao estar em qualquer lugar era este: 'Algo tem de ser estabelecido neste lugar, o qual será uma concreta evidência de que Jesus está no trono!' Ao passo que a anunciação de algum ensino, alguma verdade objetiva, poderia não ter importado ninguém, quando eles entravam nesse solo com aquela ideia e motivo, todo o inferno se levantava para dizer, 'Apagaremos essa coisa aqui se pudermos!'

Assim você tem um apóstolo entrando numa cidade e fazendo a proclamação, e o inferno se levantando e mexendo os homens para o apedrejar, arrastar ele para fora da cidade, e deixar ele como morto. Quando eles tinham se retirado, ele se levanta; e o que ele diz? 'Tenho feito a minha anunciação nesta cidade - irei para a seguinte'? Ele volta de novo para a cidade, diretamente para lá. Por quê? Ele diz, 'Não temos a concreta evidência aqui ainda. Não temos obtido aquilo que é a personificação deste testemunho; até que a tenhamos, aguentaremos. O diabo não vai conseguir o que quer sobre este assunto'.

E assim, em cada lugar eles deixavam para trás algo que era concreto. Não era só uma palavra lançada ao ar. Havia algo lá que era a personificação da verdade de que Jesus é Senhor, e de que o reino de Satanás não é universal. Foi quebrado aqui e aqui, e naquilo que é deixado para trás está a evidência. Leia sobre aquelas igrejas outra vez, aqueles vasos da evidência; leia sobre eles. Eles estavam lá naquele lugar, perseguidos, assaltados, passando por um tempo muito terrível, e no entanto - e no entanto - segurando o terreno: por causa de que eles sabiam que se eles não o segurassem, Satanás o teria, e eles não estavam permitindo isso. Eles estavam comprometidos com este governo real. E então, a proclamação era mais do que uma proclamação. Tinha em vista um estabelecimento da evidência, o estabelecimento de um testemunho lá. É bom ouvir companhias locais do povo do Senhor falando deles mesmos assim: 'Estamos aqui para dar um testemunho neste lugar'.

Ora, ISSO é o propósito dos arautos, ESSA é a função das igrejas. É por isso que estamos aqui nesta terra, como cristãos - principalmente, que onde quer que estejamos, em casa, no trabalho, ou em qualquer lugar, forneçamos a evidência de que Jesus é Senhor. Essa será a explicação do sofrimento e da oposição, e de todos os esforços do diabo para nos apagar e expulsar. Estamos lá como evidência de algo. Como disse tempo atrás, se isto apenas tivesse sido compreendido, mantido e entendido desde o começo, teria havido uma situação diferente. A pregação do Evangelho parece ter muito amplamente se resolvido em transmitir as verdades, as doutrinas, do Cristianismo; mas tem que haver algo muito mais do que isso. É preciso que todos os que assim se sentiram chamados digam: 'Sim, mas tem que haver evidência concreta de que isto é verdadeiro. Deve haver prova positiva sobre este assunto, personificado em algo aqui que declare que Jesus é Senhor'.

Tem você estabelecido a evidência? Está você representando isso? Esse é o desafio na proclamação do Evangelho. São boas novas, mas essas boas novas têm de ser personificadas em algo que constitua a sua própria evidência e prova.

UM DESAFIO PARA CRISTÃOS

É um desafio para nós como cristãos, é também uma explicação muito abençoada e útil. Explica por que razão o diabo nos odeia tão intensamente. Explica toda a pressão que ele exerce sobre nós. Explica essa provocação, essa provocação terrível, que é sempre o prelúdio para alguma atividade do inimigo, 'se apenas pudermos impedir isso, estragar isso, em alguma maneira frustrar isso!' Então, é uma explicação e uma ajuda saber isso. E é um desafio para nós cristãos, que não vamos ser movidos até que o Senhor nos mova. Sim, o Senhor pode nos mover, o Senhor pode nos tomar, o Senhor pode nos conduzir para longe, mas pela graça de Deus o diabo nunca o fará. Não estamos situados onde estamos só pelos nossos próprios interesses, para conseguir algo que queremos. Estamos numa posição muito mais séria do que essa - em nada menos do que este grande conflito cósmico entre os dois príncipes, os dois reis. Estamos lá para estabelecer a evidência. É um desafio muito grande para nós.

UM DESAFIO PARA O NÃO SALVO

Mas é também um desafio para qualquer um lendo este texto que não é do Senhor. O desafio é este: Existem só dois reis neste universo. Não existe zona neutral neste assunto, não existe 'a terra é de ninguém' aqui. Existem somente dois governos, dois reinos; Cristo, o Rei eternamente designado de Deus, e o diabo, o antigo usurpador. Nós fazemos a declaração, a anunciação para você de que "Jesus Cristo é Senhor" (Fil. 2:11). Deus nomeou Ele Senhor, e Ele é Senhor por direito da Sua própria conquista do diabo. Cabe a você decidir em qual dos dois reinos, esferas e governos você está. Esse é o desafio que tem que entrar em toda a terra habitada, e você não pode sair disso.

Se você não acredita que você está no reino e governo de Satanás, se você não está definitivamente comprometido e entregue a Jesus Cristo, eu posso lhe dar a mais perfeita e completa prova disso, se você a aceitar. Tente sair do reino de Satanás! Tente se tornar um cristão! Você perceberá que não acontece e se consegue automaticamente. Você logo descobrirá que forças espirituais se levantam, e a coisa se torna cheio de complicações e dificuldades. Eles se levantam de dentro de você - ou revolta ou antagonismo à ideia, ou surgem questões e dúvidas relacionadas, ou medos a respeito. Logo que você entra neste assunto você descobre que outras coisas começam a se mover - não que você as moveu, mas que elas se movem por si só.

A ilustração do Velho Testamento disto é Israel, o povo de Deus, em Egito. Eles estavam em escravidão, mas as coisas estavam relativamente tranquilas até que a ideia de eles saírem do Egito foi sugerida. Mas imediatamente que este pensamento de um êxodo de Egito começou tomar forma, então as coisas começavam a acontecer. Parecia que o reino inteiro estava em agitação, se preparando até o furor final para impedir isto. Ora, você continua tranquilamente sem pensar em vir para o Senhor Jesus, e, enquanto você pode ter perguntas e não ter um tempo agradável consolidado, no entanto, a sua vida pode ser comparativamente mais fácil. Mas quando você começa a ponderar em vir para o Senhor Jesus e entrar no Seu reinado e reino, então você descobre, sem você fazer absolutamente nada, que as coisas começam a operar, as coisas estão ocorrendo para parar isso. Surgem de dentro, e surgem de fora. Ninguém nasce no Reino do Céu sem conflito, sem uma luta; e quão grande luta é para algumas almas - uma luta prolongada até que elas o conseguem. Como disse, você pode por isto à prova. Você toma uma atitude em direção a Jesus Cristo, e você descobrirá que está numa escravidão que você não conhecia anteriormente. Está lá, é um fato. Mas, bendito seja Deus, há vitória para você com o Senhor Jesus Cristo, para tirar você dessa escravidão, diretamente para a Sua vitória.

Mas o meu objetivo imediato é este. Estamos declarando que Jesus Cristo é o Rei de Deus, e que o governo final deste universo é investido Nele. Por natureza nós nascemos no outro reino, o reino do Maligno, a quem nós pertencemos. A Bíblia diz que somos 'filhos das trevas' e 'filhos da ira'. Nós somos filhos do diabo por nascimento, pois Adão nos colocou a todos no seu poder e na sua mão. Jesus veio para nos resgatar, para nos tirar, para nos introduzir no Seu próprio reinado. Onde você está? Essa é a questão presente. É anunciado, declarado. É uma coisa tremenda, pois o destino eterno depende da sua resposta a isto.

E é algo solene - ó, que os homens o percebam - ter em qualquer vizinhança um testemunho, do Senhorio de Jesus Cristo. Todas essas áreas irão ser julgadas um dia, porque essa companhia esteve lá com este testemunho. Sim, significará juízo. A acusação será: 'Mas você sabia que estava lá: O seu lar foi visitado, você foi informado, você foi invitado; Jesus Cristo estava bem lá no meio daquele povo. Você não o quis ter. Você ou o ignorou, ou se rebelou, ou o repudiou. Mas estava lá em evidência. Você não pode dizer que você não sabia'. É uma coisa tremenda para Deus plantar num distrito um testemunho vivo do Senhorio do Seu Filho. Todos nesse distrito vão ser julgado pelas suas atitudes a isso.
Não entenda mal ou interprete mal. É um assunto espiritual. Este é o método de Deus, colocar nas nações algo que seja uma evidência estabelecida do grande fato do Senhorio do Seu Filho, e julgar tudo pelo mesmo. Parece duro, mas devemos ser fieis, e devemos advertir como também implorar. Em amor a sua alma diria, não permaneça sob a bandeira do usurpador. Aqui está o Rei de Deus, e nós proclamamos a você estas boas novas do Seu governo soberano.
E quando a evidência disso tenha sido estabelecida, diz esta palavra em Mateus, "em toda a terra habitada", o tempo de Deus chegará para encerrar a dispensação. Não me vou alargar nisso, mas existe muito ligado a isso. A dispensação espera por isso, e portanto, existe uma urgência em relação às coisas, porque nós nunca sabemos, num dia como este, quando o testemunho terá achado a sua última declaração neste mundo. Enquanto que o reino de Satanás está destituindo os mensageiros pessoais, eles não podem acabar com o ar. Este Evangelho da soberania, está conseguindo chegar ao seu destino, pois é, em verdade, soberano.

Que o Senhor nos ajude como o Seu povo para enfrentar o desafio quanto ao verdadeiro significado e propósito de estarmos aqui nesta terra. E se você não pertence ao Senhor Jesus, se você não está no Seu Reino, que Ele lhe ajude a enfrentar o outro desafio - abandonar a falsa bandeira e domínio do usurpador, e procurar a cidadania no Reino do nosso Senhor.

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.