As Reações de Deus às Deserções do Homem

por T. Austin-Sparks

Capítulo 4 - A Característica Retrospectiva

Gostaria neste momento de voltar por uns minutos ao assunto dos cantos do Tabernáculo, referidos no nosso primeiro capítulo, quando vimos a provisão de Deus para reforçar os cantos, os pontos decisivos, com uma tábua adicional. Pontos ou ângulos decisivos sempre são perigosos, e o Senhor tem sempre deixado provisão especial para semelhantes pontos no curso da história do Seu povo. É algo a ser tomado, se você alguma vez se dispôr a fazer assim, na Bíblia, e você verá como de verdadeiro é. Tenho apenas que lembrar você, mediante um exemplo, do primeiro capítulo do livro de Josué. Você não poderia ter nenhum capítulo na Bíblia que represente um maior reforço de tudo, tomando o passado conduzindo-o até o futuro. Esse foi um grande momento decisivo, do deserto até a Terra, e certamente se precisava de força para dobrar a esquina e lidar com essa crise em segurança.

Usando novamente esta ilustração do Tabernáculo, o ponto que quero novamente indicar é este: que os cantos do Tabernáculo podem ser vistos como uma previsão de uma chegada num determinado ponto. Esse ponto tinha, digamos, um passado. As coisas se moveram até esse ponto, e a partir de esse ponto houve um futuro, uma nova fase, um novo curso na estrada. E o reforço na esquina foi uma recolha do que têm havido até esse ponto, dizendo, 'Agora, devemos salvaguardar isso, devemos conservar isso, devemos ratificar isso; devemos ter a certeza de que não sofrerá perda ou seja permitida qualquer fraqueza, a fim de que tudo que ainda há de acontecer, sejam tomados esses valores e continuemos com eles em força'. Pois Deus não intenciona uma mudança fundamental nas coisas, uma mudança no carácter, uma mudança de natureza, em nenhum ponto: Ele somente pretende que tudo que Ele fizera e dera continue em segurança e em força até e através da seguinte fase.

Ora, quando chegamos a estas cartas de Paulo a Timóteo, temos que reconhecer que elas são os últimos escritos do Apóstolo - um fato no qual representa em si uma esquina sendo dobrada, uma fase encerrando e outra fase entrando. Foi dessa maneira; as coisas mudaram quando Paulo se foi. E foi porque Paulo mesmo era consciente disto que ele escreveu para Timóteo como ele o fez. Estas cartas estão, portanto, mediante o reforço das coisas de Deus, tomando o que têm havido no passado e o confirmando e consolidando para o futuro. Isso é o que Deus quis dizer através destas cartas. E assim, encontramos nelas primeiramente, o que podemos chamar, uma característica retrospectiva, uma revisão do passado. Timóteo é conduzido diretamente de volta para o principio: para o principio do Cristianismo, e para o princípio da sua própria obra e ministério.

Consideremos a retrospectiva como o princípio do Cristianismo, o qual é Cristo. Paulo faz aqui um retorno muito forte e muito compreensivo a Cristo, em duas passagens - uma é uma recordação, a outra é uma declaração muito inclusiva. A primeira aparece na segunda carta, capítulo dois, versículo oito: "Lembra-te de Jesus Cristo, ressurreto dentre os mortos, da descendência de Davi, segundo o meu evangelho". "Lembra-te de Jesus Cristo". Temos chegado a uma crise, temos chegado a uma viragem, temos chegado a um ponto em que as coisas estão mudando. Qual é a nossa salvaguarda neste ponto? "Lembra-te de Jesus Cristo". É simplesmente uma maneira de dizer: 'Traga ELE à luz outra vez'. Esse é sempre o método de Deus em qualquer crise - Seja uma crise numa igreja, ou uma crise pessoal nas nossas próprias vidas espirituais - "Lembra-te de Jesus Cristo". Quantas vezes o Apóstolo recorreu a esse método de lidar com situações difíceis! Em Filipos, por exemplo, onde haviam problemas, desacordos, falta de determinação unida, Paulo recorria a este método: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve em também em Cristo Jesus". (Fil. 2:5).
Não ficarei para reunir todo o material neste ponto. Deixe-me apenas lembrar-lhe do grande ponto decisivo que encontramos no princípio deste livro de Apocalipse. Que momento decisivo na história da Igreja houve lá! Lembre que o princípio desse livro é uma representação de Jesus Cristo, compreensiva e incomparavelmente. "Lembra-te de Jesus Cristo". É sempre assim. Suponha que você está tendo um mal momento - tão mau que está criando uma verdadeira crise para você. "Lembra-te de Jesus Cristo". É a maior ajuda em todos esses momentos. Há algum problema entre você e outro cristão? "Lembra-te de Jesus Cristo". Há problemas na assembleia? "Lembra-te de Jesus Cristo". A maior correção é SE LEMBRAR DE JESUS CRISTO.

Mas aqui está a outra grande declaração, na primeira carta, capítulo três, versículo dezesseis: "Sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade" (ou Semelhança a Deus); "Aquele que se manifestou em carne, justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória". Isso é o Cristianismo em poucas palavras, uma representação compreensiva e inclusiva de tudo sobre o qual o Cristianismo repousa. Existem outras características retrospectivas fragmentadas nestas cartas, mas essa é suficiente. O primeiro grande retorno do Apóstolo nesta altura da crise e perigo é a Cristo, voltar a Cristo; pois Cristo sempre é o padrão, não somente para trás mas para a frente. Num dado momento onde existem perigos, onde mudanças são arriscadas, devemos remeter a Cristo, e desse ponto temos que continuar a desenvolver o que tem havido de Cristo desde o princípio.

Aqui diz que Cristo é a personificação da piedade, ou semelhança a Deus. É um mistério: 'grande é o mistério da semelhança a Deus'. a palavra grega (eusebeia) combina as ideias de adoração, devoção, e piedade. Aqui Cristo é apresentado como a personificação inclusiva, compreensiva de tudo isto - a semelhança de Deus, sem dúvida. Ora, isso tem uma aplicação muito prática nesta carta, pois o verdadeiro propósito de Deus na Igreja é a semelhança a Deus, ou conformidade com a semelhança do Filho de Deus. É o grande propósito e objetivo dominante de Deus nas nossas próprias vidas como o Seu povo. Como explicaremos ou definiremos a piedade? É Cristo - a reprodução de Cristo, a expressão de Cristo. É a introdução de Cristo nesta situação atual. Ele é a personificação da piedade.

Apenas considere por um momento quem Cristo é. Tenho certeza de que muitos de nós, cristãos, não temos realmente entendido Cristo - e nós precisamos entender Ele. Veja, Cristo era mais do que um homem dentre muitos, se bem que melhor do que o resto, uma verdadeira melhora em relação ao resto dos demais homens. Você poderia achar em algum lugar um homem de um caráter moral muito elevado, de integridade inquestionável, e você poderia dizer, 'Um exemplar esplendido de retidão e bondade moral - e Jesus combina mais'. Não, Ele não é apenas melhor do que o melhor. Ele não um homem dentre muitos, embora melhor do que todos.
Me permita colocá-lo de outra maneira. A bondade de Jesus era a bondade Divina, e não a bondade humana. Era por Ele, Jesus, que a vida e a incorrupção foram trazidas à luz, através do Evangelho (2 Tim. 1:10). O melhores modelos da humanidade, moralmente, que você possa encontrar, é ainda corruptível: ele ainda pode ser corrompido - ele tem as sementes da corrupção na sua natureza. Mas não assim com Jesus Cristo. Nele não existe corrupção, não existe nenhuma semente de corrupção. É vida incorruptível que veio com Ele. E a vida que Ele dá ao filho de Deus é vida incorruptível. Isso não é o que somos em nós; é um dom inconfundível que, embora esteja em nós, se distingue de nós. E note-se, essa é a chave dada para a nossa sobrevivência espiritual, a despeito de um mundo de corrupção, e de uma natureza de corrupção. Ele nos deu a Sua própria vida incorruptível. Vida e incorruptibilidade têm sido trazidas à luz através do Evangelho.

Me permita dizer aos jovens cristãos: seja muito cauteloso com um engano insidioso - parcialmente através das infelizes traduções erradas da Escritura, mas mais através da linguagem comum e fraseologia sobre imortalidade, a 'imortalidade, da alma'. A Bíblia não ensina isso! A palavra bíblica, onde os tradutores da Versão Autorizada têm colocado 'imortalidade', é realmente 'incorrupção' (Veja a Revised Version) - e a incorrupção é uma coisa completamente diferente do que homens querem dizer pela imortalidade da alma. Eles catalogam todos os homens juntos nisto e pela palavra deles 'imortalidade' nos eleva num nível ao qual não todos pertencemos, e para o qual nunca podemos chegar naturalmente. A incorrupção é a VERDADEIRA imortalidade.

Mas a imortalidade é concebida como uma continuidade da existência, e nós permitiremos isso para a alma; mas existe uma diferença muito grande entre continuidade da existência e incorrupção, vida incorruptível. Vida eterna é uma coisa totalmente diferente de só uma continuidade da vida. é um TIPO de vida, um CARÁCTER de vida. É a vida que temos EM CRISTO. Veja, isto vai ao fundo de toda a questão. Temos que voltar diretamente para Jesus Cristo. Cristo é diferente de todos os outros homens na natureza essencial que está Nele; e, quando Ele nos dá a Sua própria vida, nós como cristãos somos essencialmente diferentes, com a maior das diferenças possíveis, de todas as outras criações - porque isto é um assunto eterno.

Agora, Paulo vê a corrupção entrando na Igreja. A negligência moral, e todo tipo de coisas que pertencem a esta criação caída, a este mundo malvado, estava entrando sigilosamente na Igreja nos dias de Paulo; a corrupção estava se manifestando na vida do povo de Deus. O que vai ser feito sobre isso? "Lembra-te de Jesus Cristo"! Pois só considere: você e eu temos uma outra vida, através de Cristo, e temos que viver na base dessa vida, e lembrarmos que não é necessário para nós corrompermos. Temos em nós uma vida, a poderosa vida de Deus, que em Cristo venceu a morte e a corrupção, para o homem. "Lembra-te de Jesus Cristo"! Lembre que, em Jesus Cristo, existe aquilo que atravessou toda a corrupção sem se contaminar, e é ainda possível - e louvado seja Deus, tem sido provado ser real uma e outra vez - para um filho de Deus andar com vestes no meio de Sodoma e Gomorra. No lugar onde o próprio assento de Satanás está você pode achar santos andando em pureza. É o milagre maravilhoso da vida cristã à qual podemos estar sujeitos contra toda a imundície e todo o horror, toda a corrupção e polução deste mundo à nossa volta, e ainda continuar, sem manchas, imaculados.

Então, quando a corrupção está assolando, está se infiltrando, lembre: a sua vida é uma vida diferente dessa. Essa não é a sua vida, isso não é para você; esse não é o seu caminho, esse não é o caminho de Cristo. ESTA vida não é imposta sobre você por lei - é algo em você pelo poder. Graças a Deus por este milagre. Um jovem ou uma jovem, sem um elevado nível de conhecimento, instrução, ou ensino, ou experiência, tem de andar pelo mundo, e, sem um outro cristão por perto, ser cercado por pessoas do tipo mais baixo, e esse moço ou moça pode ser mantido pelo poder de Deus despoluído. Esta vida incorruptível é muito prática. Jesus é diferente. Ele não é só melhor do que o resto; Ele é diferente, basicamente diferente do resto. Essa é a verdade sobre Jesus, e essa é a verdade sobre o filho de Deus: não apenas um pouco melhor do que outras pessoas, mas diferente. O princípio de vida é diferente. É isso importante? Certamente é, se é que vamos lidar com este curso de forma segura até o final.

"Contudo, tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes" (Ap. 3:4). Isso é um testemunho - "em Sardes". E é um retorno ao capítulo primeiro de Apocalipse, onde Jesus é visto vestido com uma túnica até os Seus pés - a túnica branca da incorrupção. "Eu sou... O que Vive; e estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos" (Ap. 1:17,18). Assim Ele diz, vestido com esta prenda de vestir branca até os pés. O que significa? Certamente isto: que Ele foi parar na Sua morte na fossa da iniquidade humana por nós - "Ele foi feito pecado por nós, Aquele que não conheceu pecado" - e surgiu impoluto, triunfante, numa túnica branca. E "tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes" - o que é isso? É simplesmente A Sua vitória nas vidas destas pessoas em Sardes, onde as coisas eram de fato moralmente muito, muito sombrias. "Lembra-te de Jesus Cristo".

Jovem, se você vai ser em breve chamado para ir no exército, bem, você vai. Talvez você não ache um outro cristão perto para lhe ajudar. Talvez você fique sem contato com todos os meios da graça externamente; pode significar uma crise para a sua vida espiritual. Muitos têm perdido nesse momento decisivo. "Lembra-te de Jesus Cristo". Lembra - Cristo em você está aí como o poder de uma vida incorruptível. É possível que você passe e saia triunfante por causa de Jesus Cristo. E o que é verdadeiro nessa conexão é verdadeiro em todas as outras. Veja a diferença entre Jesus Cristo e todos os outros homens, mesmo os melhores. A sua bondade era uma bondade diferente.

Dê a volta num outro ângulo para olhar para Ele - o Seu CONHECIMENTO. Ora, ninguém questiona ou disputa que Jesus tinha um conhecimento muito amplo, era tremendamente bem informado, era muito rico no Seu entendimento. Todo o mundo nos Seus dias tinha tanto que reconhecer como aceitar isso. Mesmo os Seus críticos e inimigos levantaram essa questão: 'De onde lhe vem tanta sabedoria?' Ele falava como alguém tendo autoridade, e não como os próprios conhecedores, os Escribas; havia algo adicional aqui. Mas o Seu conhecimento não era o conhecimento das escolas. Ele nunca foi para a escola ou para a universidade. Ele tinha que trabalhar em casa, arduamente e longas horas, por uma esmola para manter a mãe e irmãos com comida e roupa. Ele não tinha a capacidade para ganhar a fim de reservar um dinheiro extra para tempos difíceis - se isso não for uma mistura de metáforas! - pois, quando chegou o dia de sair para a obra da Sua vida, Ele não podia dar-se ao luxo de um alojamento, Ele não tinha onde reclinar a Sua cabeça. Ele tinha que fazer um milagre para pagar as Suas taxas.

Não admira que eles perguntavam: "Como sabe este homem letras, sem nunca ter estudado?" (João 7:15). Como obtém Ele este conhecimento - conhecimento que tem prorrogado e esgotado toda a inteligência desde os Seus dias? E eles ainda estão nisso. Veja todas as librarias que têm sido escritas sobre Ele e Seus ditos! - e ainda voltamos e nos perguntamos o que Ele quis dizer quando Ele disse isto e alquilo; nós ainda não o temos descortinado. Portanto, todo o mundo reconhecerá que Ele tinha um conhecimento muito, muito amplo: mas qual era a origem? Voltamos a dizer: não era o conhecimento das escolas; era uma outra coisa, algo diferente e além. Bem, nós cristãos temos a resposta: nós sabemos. Mas, note-se, essa diferença é A diferença entre Cristo e todos os outros - os 'conhecedores'; e a diferença entre cada filho simples de Deus e todos os homens mais sábios.

"Lembra-te de Jesus Cristo". Existe uma fonte e um tipo de conhecimento, pelo qual podemos ser aprovados, o qual todos os príncipes do conhecimento neste mundo não possuem. É um TIPO de conhecimento. Gostaria de me aprofundar sobre isto mais tarde, mas estou fazendo a declaração aqui. A menos que tenhamos este tipo de conhecimento, este entendimento espiritual, esta inteligência espiritual - esta inteligência que é diferente, que é outra, esta mente que é a mente de Cristo - nós não conseguiremos lidar com estas críticas esquinas na vida e experiência cristã e na obra de Deus. Nós precisamos de um entendimento maior do que o melhor entendimento neste mundo para contornar estas crises. Como vamos lidar com esta situação? Pode ser que você esteja enfrentando uma crise dessas. Você está incomodado; você está se perguntando - Como vamos contornar isto, como vamos ultrapassar isto? Bem, existe um tipo de conhecimento, um tipo de entendimento, um tipo de inteligência espiritual, disponível para o filho de Deus, que nos fará ultrapassar. Isso é um fato incontestável na experiência e na história. Se não tivéssemos conhecido o Senhor em determinadas horas, onde nós estaríamos? O nosso conhecimento do Senhor nos salvou. E muitas vezes o nosso conhecimento de princípios espirituais nos salva, o nosso conhecimento de como Deus faz as coisas tem sido uma tremenda assistência em tempos de necessidade.

Sim, lembre de Jesus Cristo. Ele tinha um conhecimento que estava além de todo o conhecimento deste mundo, e diferente: era o que Ele tinha pelo Espírito. Estas cartas em si são provas positivas disto. Aqui há uma nova situação surgindo, e a grande questão é, como vai a Igreja ultrapassar esta crise sem desastres, sem calamidades? Bem, as cartas estão só cheias de um conhecimento, que de fato supre a necessidade: é o conhecimento de Cristo. Você sabe que Cristo é mencionado doze vezes em cada uma destas cartas? São cartas muito curtas; você pode ler ambas as cartas em uns minutos; e se referem a Cristo vinte e quatro vezes. Quando você obtém uma palavra dominante assim, certamente dá uma pista acerca do que tudo se trata. Paulo aqui está voltando com Cristo: é CRISTO, é CRISTO - Ele é Aquele sobre quem devemos basearmos.

Deixemos, então, o assunto do Seu conhecimento. Uma palavra sobre a Sua INFLUÊNCIA. É indiscutível que Ele tinha uma imensa influência. A sua presença sempre manifestava isso. Ele não poderia estar em algum lugar sem que fosse apercebido que Ele estava lá. Sem qualquer necessidade Dele para falar, as coisas começavam a aparecer; a Sua presença era uma presença poderosa. Isso não precisa de ser provado ou ampliado. Esta misteriosa influência e impacto - o que era? Algumas pessoas, é claro, têm tentado explicar isso psicologicamente: que Ele tinha um efeito psíquico poderoso sobre as pessoas. Eles o têm resumido tudo na frase, 'uma pessoalidade tremendamente forte'. Bem, eles podem pensar isso se quiserem, mas essa não é a resposta. A sua influência, o Seu impacto, era algo além do psíquico, algo além de só uma pessoalidade forte. Era essencialmente ESPIRITUAL. Os espíritos malignos reconheciam a presença Dele - demônios clamavam na Sua presença. Isto não é psíquico; estão são entidades e inteligências reais. É registrado no mundo espiritual.

Influência não é só uma questão de ter uma pessoalidade forte, ou ser capaz de deixar um registro psíquico forte onde quer que você esteja. Isso é uma concepção falsa da influência. No que diz respeito ao homem e a este mundo, você pode estar sem o treinamento das escolas e todos os valores de uma rica educação; você pode não ter tido nada no seu nascimento, herança e crescimento para fazer de você uma pessoa importante ou alguém com um caráter forte: e ainda assim você pode exercer uma influência muito grande, você pode valer mais do que tudo aquilo. É outra vez verdade - e aqui está o milagre de tudo isso - que "Deus escolheu as coisas fracas... e as coisas que não são", para que Ele destrua, nulifique, derrube as coisas que são sábias, e as coisas que são fortes, e as coisas que são. Muitas vezes é, humanamente falando, uma pequena pessoa muito insignificativa que está valendo grandemente para Deus. Existe uma grande diferença entre influência natural e influência espiritual.

Nas igrejas no livro de Apocalipse, encontramos que o testemunho tinha perdido seu poder e a sua influência no mundo; e hoje, em grande parte é assim. Qual é o remédio? É, como temos procurado indicar, a restauração e o fortalecimento da espiritualidade. A espiritualidade é um poder tremendo. Pessoas realmente espirituais, sejam quem elas forem do ponto de vista do mundo, são as pessoas que contam; elas são as pessoas de influência, e elas são as pessoas que este mundo precisa. Deus precisa de homens e mulheres espirituais para a preservação e a continuação do Seu testemunho. Ele precisa de espiritualidade fortalecida. "Lembra-te de Jesus Cristo". Você só pode representar Ele - em Seu conhecimento, em Sua influência, como em todas as outras maneiras - pela unção do Espírito. "Deus ungiu [Jesus de Nazaré]... o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo; porque Deus era com ele" (Atos 10:38). Era a unção. E nós temos a unção - a mesma unção. E por isso, a Sua AUTORIDADE, para usar a palavra das Escrituras, não vinha da pessoalidade; era autoridade ESPIRITUAL. Como nós precisamos disso! Seus juízos das coisas, a Sua percepção, Seu poder de discriminar (fazer distinção), não era apenas sagacidade humana, não só um elevado nível de perspicácia humana; era sabedoria espiritual. Isto é o que Paulo argumentava tão profundamente na sua primeira carta aos Coríntios.

O ponto é este: Jesus Cristo, Jesus o Ungido (pois esse é o significado de "Cristo"), é diferente, e superior. O que era verdadeiro Dele então é verdadeiro hoje. Como o tenho indicado - sabedoria, entendimento, poder, juízo, e tudo o mais - Ele precisa ser trazido diretamente para cada crise espiritual. "Lembra-te de Jesus Cristo". Tudo é pela unção. Se nós temos alguma noção qualquer da real necessidade hoje na Igreja, dentre o povo de Deus - sim, e em nós mesmos - por causa de como estão as coisas, como elas se tornaram, como estão em perigo, acaso não bate o nosso coração com o de Paulo em tudo isto? Podemos assumir a preocupação de Paulo? Observe, este homem simplesmente derramou o seu coração nestas cartas. Existe como que um anseio, se não for um coração quebrado, na maneira em que Paulo aqui diz: "Ó Timóteo" - "Ó Timóteo, guarda o depósito ". Esse clamor, essa exclamação, essa explosão do seu coração que é achado pelas cartas, não só nessa linguagem, mas em outras formas, revela a tremenda preocupação de Paulo sobre este assunto da vida espiritual, o fortalecimento da espiritualidade.

Devemos participar com Paulo dessa preocupação hoje; devemos nos sentir assim. Está você preocupado com coisas espirituais? Está você preocupado sobre a maneira em que, falando geralmente, as coisas estão decorrendo - o declínio, a partida, o desvio, a caída, as diferenças, que têm ocorrido desde o princípio? Está você preocupado? Bem, lembre que não deve só haver um suspiro e um lamento sobre isto, mas uma preocupação inteligente, uma plena e clara percepção de qual é a solução - o fortalecimento da espiritualidade em nós mesmos e no povo do Senhor. Que o Senhor nos dê a preocupação do Seu servo neste assunto!