por T. Austin-Sparks
Capítulo 2 – Cristo a Luz da Nova Criação
Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo. 2 Cor. 4:6.
É claramente entendido nesta passagem que Cristo é a luz de uma nova criação. A idéia das duas criações, a velha e a nova, não é desconhecido nesta carta. Sabemos que no capítulo 5 versículo 17 o Apóstolo fala da nova criação bem definidamente. Estas são as palavras precisamente traduzidas: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criatura…” Aqui, nesta passagem no capítulo 4 há uma conexão com a velha criação: “Deus… disse, das trevas brilhará a Luz”. Essa é a forma dada aqui para as palavras mais familiares de Gênesis 1:3: “Deus disse, haja luz, e houve luz”. É uma referência à velha criação. Agora tomamos o indício e o acompanhamos até seu alargamento, até que somos trazidos por ela até o Senhor Jesus.
Ao voltarmos para a primeira criação vemos bem claramente que a primeira característica da velha criação era luz. Quando chegamos à nova criação a mesma coisa é verdadeira; a primeira característica da nova criação é luz. Mas lá há um elemento extra, inferido por Paulo; isto é, a luz é para o conhecimento da glória de Deus. É uma coisa dizer que a luz é a primeira característica da criação: isso não passa duma declaração de um fato. Mas a questão surge, para quê? Por quê? Para o quê? Paulo diz que era para o conhecimento da glória de Deus. A intenção da luz, o propósito da luz, era para o conhecimento da glória de Deus. Esse fim, o conhecimento da glória de Deus, governava o fiat (faça-se) Divino no princípio. Quando Deus disse, haja luz! Ele o disse com o intuito de que deve haver um conhecimento da glória de Deus.
Isso é transferido pelo Espírito à nova criação, como é declarado aqui através do Apostolo, que Deus que disse, haja luz! Ou, Luz brilhará das trevas, “resplandeceu em nossos corações para a iluminação do conhecimento da glória de Deus…” Deus resplandeceu para a iluminação do conhecimento da glória de Deus. O veículo disso é a face de Jesus Cristo, o qual é somente um termo simbólico para a humanidade de Cristo.
De modo que, em primeiro lugar, a característica primária da nova criação é a revelação da glória de Deus na face de Jesus Cristo, e isso no coração do crente. Tudo começa lá, e tudo está ligado a isso. Assim como na velha criação, o princípio foi com luz, e tudo estava ligado à luz, assim é o princípio da nova criação, e tudo para o propósito de que a glória de Deus na face de Jesus Cristo seja revelada no coração do crente. Cristo no coração, revelado pelo Espírito Santo, significa o conhecimento da glória de Deus. Essa é a natureza e propósito da nova criação.
Agora, vamos olhar para isso um pouco mais de perto. Temos dito que é um indício. Não afirmamos que Paulo tinha na sua mente tudo que estamos dizendo, todavia, não estamos dizendo que ele não o tinha. Penso que Paulo tinha um grande número de coisas na sua mente quando ele estava escrevendo estas palavras nos primeiros capítulos da carta. Ele era como alguém incapaz de se conter, pulando da escritura do Velho Testamento para a escritura do Novo Testamento. Era como se ele estivesse pulando de cume a cume, da criação até a entrega da aliança através de Moisés, e depois, de um salto, para Gideão, e você percebe que ele está tocando coisas palpitantes, cheias, ricas, no Velho Testamento, e com esse toque, todo o assunto fica iluminado com sugestões, implicações, e faz você parar para se perguntar: o que ele disse? O que ele deu a entender? O que ele sugeriu? Se tudo isso na realidade, não esteve na sua própria mente, é a sugestão que o Espírito traz à luz por estas coisas que estamos procurando observar.
Voltando para a primeira criação, e o primeiro movimento inclusivo da luz, passamos para outra fase. Isto é para ser observado um pouco mais adiante no livro de Gênesis, no capítulo 2, versículos 8-10. Tudo do que queremos falar pelo momento é da primeira cláusula nesse parágrafo: “E plantou o Senhor Deus um jardim…” Por quê? Para qual propósito? Um novo mundo tem sido trazido à existência: não existe nenhuma falha a ser achada, é tudo bom, não existe pecado: tudo é para Deus; a mente de Deus completamente satisfeita até aquele momento, ou seja, lá não havia não que era contrário à mente de Deus. Porém, tendo trazido à existência o mundo inteiro, toda a terra em beleza e luz primitiva, o Senhor Deus escolheu um lugar no todo e plantou um jardim; colocou um jardim no coração do Seu mundo, Sua criação.
Ele plantou esse jardim, o enriqueceu, e o encheu com tudo que era bom. Por quê? Esse jardim era uma síntese, um microcosmo, uma representação do pensamento de Deus para o mundo inteiro. Poderíamos dizer que era um tipo de sementeira para o mundo. A mente de Deus para o mundo inteiro estava reunido em plenitude naquele jardim; árvores, agradáveis aos olhos, a beleza do Senhor no jardim; ervas, para comida, o sustento do Senhor para o homem; frutas, para regozijar o coração. O Senhor nunca para apenas nas necessidades suficientes para manter a vida. Seu pensamento é de plenitude; de algo mais luxuoso; pleno mantenimento da vida e saúde em ervas e arbustos. Nutrição, beleza, regozijo, vida num alto nível é Sua provisão para nós. Depois havia um rio para regar o jardim, e saía do jardim, separando-se em quatro (quatro representando toda a criação), para beneficiar a criação inteira. Tudo que há naquele jardim é para toda a criação; é o pensamento de Deus para toda Sua criação. Uma árvore da vida no meio do jardim, e uma árvore do conhecimento do bem e do mal. Tudo isto, com a exceção da árvore do conhecimento do bem e do mal, era para ser cultivado, explorado, se pudermos usar tal palavra, para ser aproveitado, para ser trabalhado em relação a toda a terra. Deus colocou o homem que Ele tinha criado para manter, cultivar, para cuidar o jardim, para exercitar a si mesmo no jardim, de maneira que o que havia lá fosse de valor prático, aproveitado. Este foi o ponto de partida do conhecimento de Deus.
Olhe para esse jardim, o contemple (e lembre que a palavra “Éden” significa “deleite”), e você verá que é uma revelação da glória de Deus. Todos os pensamentos lá no jardim são pensamentos da glória de Deus, a natureza de Deus, a graça de Deus, a bondade de Deus, a beleza de Deus. São expressos no jardim. Se você quiser saber como Deus é, vai para o jardim do Éden. Os pensamentos de Deus estão escritos lá, a natureza de Deus está lá.
Uma tênue reflexão de Deus é para ser vista em qualquer jardim encantador desta criação. Tênue no máximo, no entanto, se você o contempla pelo fugaz momento de sua existência, você terá motivos para se maravilhar. Esse jardim, portanto, era uma revelação, uma iluminação do conhecimento da glória de Deus.
Quem pode falhar em ver que este jardim é um tipo de Cristo! Não é Ele a árvore da vida? Não é Ele o rio da vida? Não é Ele a árvore do conhecimento do mal e do bem? Não é esse conhecimento secretamente ligado a Ele, a fim de que através Dele fosse conhecido?
Acaso não estão os segredos mais profundos de Deus concernindo o bem e o mal, ligados ao mistério da pessoa de Cristo? Ele é o fruto. Ele é a saúde. Ele é a nutrição. Numa palavra, ele é a soma do conhecimento da glória de Deus. Cristo é estabelecido em tipo por esse jardim. Tudo do que o jardim fala está Nele, e é para toda a criação. A criação é para tirar seu caráter Dele. Esse é o pensamento de Deus. A partir Dele, para toda a criação, a intenção de Deus é que a plenitude de Sua própria semelhança vá adiante. É assim como a criação anterior deveria ter sido, e é assim como tudo é para ser ao fim. A terra será preenchida com o conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar, e tudo vai sair através de Cristo, Cristo é, por assim dizer, a sementeira de Deus para toda a criação, o microcosmo do pensamento e intenção universal de Deus. Ele encherá todas as coisas. A partir Dele, todas as coisas deverão ser cheias.
Isso tem que ser expandido. Tudo é ressumido Nele. É, afinal, apenas um jardim no meio do universo de Deus. Tem de ser expandido, aumentado, e isso pelo exercício. Isto nos leva novamente de volta a 2 Coríntios, e a natureza de nosso ministério. Qual era o ministério de Adão? Era cuidar esse jardim em relação a toda a criação; desenvolver na criação, por assim dizer, o benefício desse jardim, fazer com que esse jardim fosse de significado e valor prático para toda a criação. Esse foi o ministério de Adão.
Todos os que estão no último Adão estão nesse ministério. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é”. O que o homem em Cristo é levado a descobrir em Cristo tem que ser apropriado em primeiro lugar por ele mesmo, como foi no caso do primeiro Adão, e depois ministrado. Esse é o nosso ministério. Semelhante fato destrói toda a concepção de uma classe especial chamada ministros. Significa que todos no último Adão, estão no ministério, assim como o primeiro Adão foi um homem todo abrangente, e foi chamado para o ministério no jardim. Estamos no ministério do Jardim, o qual é Cristo. “Visto que temos este ministério…”
Ora, você observa o que é a nova criação. A nova criação é conformada a Cristo, o conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo revelada nos nossos corações pelo Espírito Santo. Esta é a nova criação em Cristo Jesus. Esse jardim anterior foi perdido, mas todo seu significado e valor tem sido preservado e apresentado em Cristo.
Dissemos que há muito mais na história. Você deve ler o segundo capítulo do livro de Gênesis para obter a plenitude. Todo seu significado simbólico, todos seus valores simbólicos têm sido preservados no Senhor Jesus, e são trazidos para nós, e enquanto é verdadeiro que no fim estaremos num jardim, enquanto é verdadeiro que a Bíblia encerra, assim como abre, com um jardim, nós não estamos dando a isso um significado literal. Não estamos pensando que ir para o céu, ir para a glória, é para resultar literalmente num passeio eterno por um bonito jardim. O paraíso afinal, o jardim afinal, é o mesmo como no princípio. No pensamento de Deus é Cristo. Nossa eternidade vai ser um alargamento ao máximo de tudo que Deus tem guardado em Cristo, sem a intrusão do pecado, ou morte, ou qualquer coisa má. Esse é o tipo de jardim para habitarmos para sempre. Lá estará a árvore da vida. Lá estará o rio da vida, claro como o cristal. Lá as folhas da árvore serão para a saúde das nações. Toda a criação será beneficiada de lá; pois em cada um dos quatro lados da cidade – leste, oeste, norte e sul – há três portas abertas para toda a criação. É a glória universal de Deus em Cristo que é para ser nosso ministério através da eternidade; é para ministrarmos dessa plenitude.
Estamos treinando para o ministério agora. Estamos aprendendo numa maneira prática como ministrar Cristo, e é na escola da aflição que estamos a aprender. Estamos descobrindo o que há em Cristo através do sofrimento. Como temos visto, Paulo frequentemente destaca isso nesta carta. O caminho do conhecimento que resulta em ministério, é o caminho do sofrimento, o descobrimento das riquezas de Cristo nas aflições. Que grandes aflições foram no caso dele! Você fica espantado com duas coisas enquanto você lê nessa carta o que Paulo diz acerca das suas aflições. Ouça ele dizer como ele foi sobremaneira oprimido acima de suas forças, de modo tal que até da vida desesperamos. Paulo, se você foi sobremaneira oprimido acima de suas forças, como eu fico? Se você desesperou até da vida, haverá alguma esperança para mim? Se semelhante homem como Paulo chegou até esse extremo, não havendo saída, oprimido acima de suas forças, sinto que poderá haver alguma desculpa para nós se às vezes ficamos deprimidos. Paulo chegou até lá. “Tão horrível morte”, ele disse; “em todas as nossas aflições”. Você se admira ao Paulo falar dessa maneira, você fica espantado; mas você fica mais espantado quando um pouco mais tarde se ouve dele: “nossa leve e momentânea aflição (perceba a mudança; ele capturou um vislumbre da glória), produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória, não atentando nós nas coisas que se veem, mas sim nas que se não veem…” Para o que são todos os sofrimentos? Para “um mais abundantemente eterno peso de glória”. Isso muda nossa estimativa. O caminho do sofrimento é o caminho da glória.
Mas nossa ênfase particular é sobre o ministério, o qual está ligado a isto.
Temos dito que o primeiro jardim foi perdido, porém, todos seus valores e significados têm sido preservados em Cristo, e Nele apresentados para nós. Mas agora, é através de dores de parto que se entra em tudo isto. Retornamos, como se fosse, para o jardim através das dores, através do sofrimento. Cristo é conhecido e ministrado através do sofrimento. Duvido que haja um outro caminho. Tal como estão as coisas, não há outro caminho. Não sejamos restritivos na nossa apreensão da palavra “sofrimento”. O que é o sofrimento para alguém que não sofreria por outro. O sofrimento tem seu próprio significado para cada um. Alguns podem sofrer com muita pouca aflição o que outros podem achar agonia intolerável. O sofrimento abrange muita coisa. Paulo parece ter tido uma prova de todo tipo de sofrimento. Ele foi um homem representativo. O Senhor sabe o que é para nós o sofrimento, e os meios mais adequados para nos levar ao conhecimento Dele mesmo em Cristo, e Ele escolhe para nós o caminho que vai mais provavelmente nos conduzir até lá. Seja qual for a forma que o sofrimento assuma, não haverá nenhuma dúvida quanto à sua realidade, mas o sofrimento é o caminho para este ministério de Cristo.
Vamos portanto, considerar estes sofrimentos não mais como penalidades, como julgamentos, mas como os meios escolhidos do Senhor pelos quais nos levam ao conhecimento de Sua glória, a plenitude de Deus em Cristo, a fim de que haja o ministério de Cristo.
Há beleza a ser vista no jardim, e devemos ser exercitados em relação a essa beleza para a sua exposição a outros. Há frutificação no jardim, a delícia da qual é para ministrar. Descobrimos algumas das coisas mais doces de Cristo na hora do sofrimento. Aqui estamos de volta em Coríntios 2: “Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação”. Como você tem sido mais consolado? Quem tem sido do maior consolo para você em sua aflição, em sua prova? Tem sempre sido uma pessoa que nunca tem conhecido a necessidade de consolo para ele mesmo? Não, é aquele que, tendo estado nas profundezas, e tendo estado no ponto da extremidade, tem descoberto o consolo de Deus, e é capaz de falar a partir da experiência dos consolos de Deus para a sua experiência: alguém que tem estado no jardim, e tem sido exercitado quanto ao que havia no jardim, e tem saído com algo que cura, que consola: alguém que tem estado na morte, alguém que sabe o que o Apóstolo quis dizer quando disse: “trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus”; “sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal”; “de modo que em nós opera a morte, mas em vós a vida”. Vocês obtêm o benefício. Isso é ministério. Isso é ir para o jardim. Isso é conhecer Cristo através do sofrimento, a fim de ter fruto do jardim, o benefício do jardim, as riquezas, os benefícios de Cristo para outros.
Isso explica por que razão temos tanta provação. É a fim de que possamos ter um ministério muito mais rico. É para que o que há em Cristo chegue ao conhecimento de outros. Ele é a luz da nova criação.
Existem várias coisas que estão conetadas com esta luz. Não abordaríamos a matéria adequadamente se não olhássemos novamente para o contexto, e ao menos observemos estas coisas.
Esta luz, que Cristo é como a luz da nova criação, divide. Na primeira criação Deus dividiu entre a luz e as trevas, entre o dia e a noite. Quando Ele entrou nas trevas, as trevas eram tais que representavam a inimizade da luz. A luz, portanto, dividia entre a obra de Satanás e a obra de Deus. É exatamente isso o que Cristo faz como a luz da nova criação. Ele divide entre luz e trevas, entre dia e noite, entre a obra de Deus e a obra de Satanás.
A primeira aplicação desta verdade é para pessoas, e assim o Apóstolo diz aqui: “Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto”. Aqui as pessoas estão nas trevas, cegados. Dos outros é dito: Deus resplandeceu nos nossos corações. A luz tem feito uma diferença entre pessoas; entre o crente e o descrente; os que estão na luz, e os que estão nas trevas; os que são filhos do dia, e os que são filhos da noite; os que são filhos de Deus, e os que são filhos de Satanás. Cristo faz essa divisão. Ele é quem divide.
Portanto, Paulo confrontará os Coríntios com a pergunta: “Que comunhão, da luz com as trevas? E ele fará uma aplicação prática: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos”. Cristo como a luz da nova criação faz essa demanda sobre nós, que não devemos ter nenhuma comunhão com as trevas; que andemos longe das trevas; que os nossos relacionamentos, e nossas escolhas, e nossas afeições sejam todas na luz, não aproximar a lacuna que Deus estabeleceu entre luz e trevas, para que não destruam uma ordenança estabelecida do céu, e nos trazer de volta para as trevas. “A luz do conhecimento da glória de Deus” se desvanece no nosso coração se há um relacionamento que você escolheu com alguém que não está na luz, ou com alguma coisa das trevas. A luz põe uma diferença entre pessoas. Sabemos muito bem que uma vez que a luz faz seu caminho em nós, há uma diferença. Não é um assunto de conceitos religiosos, ou orgulho; sabemos que há uma diferença. É a diferença das duas criações, a diferença do dia e noite. Deus nos quer que sagradamente preservemos essa diferença através da vida, e não brinquemos com as trevas.
A luz não somente divide entre pessoas, mas divide entre obras. Você percebe com que frequência na segunda carta aos Coríntios o Apóstolo fala sobre a consciência? “antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus; “Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que, com santidade e sinceridade de Deus… temos vivido no mundo…” Note o que ele diz ainda: “rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus…” (2 Cor. 4:2). Você quase pode ver a serpente na passagem logo que o Apóstolo se refere a essas coisas. “Pelo contrário, rejeitamos as coisas que se ocultam…” A entrada da luz faz uma diferença na sua conduta, na sua vida moral, na maneira em que você anda diante dos homens.
Olhe para algumas destas grandes coisas no capítulo 6 versículos 3-10. Leia-os novamente. Este é o ministério. “Recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Cristo”. É a vinda de Cristo ao coração que faz a diferença. Na consciência, na conduta, no caráter, as coisas das trevas se vão.
A luz divide entre verdadeiro e falso ministério. Assim o Apóstolo diz: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus”; “Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus”. “Corrompendo a Palavra de Deus”. Quando você verifica isso você vê que realmente significa “mercadejando a Palavra de Deus”. A Palavra de Deus foi o instrumento da primeira criação. Ele falou, e houve luz. Nós cremos que os mundos foram orquestrados pela Palavra de Deus. A Palavra de Deus introduz toda esta beleza, glória, frutificação, e significado para a glória de Deus, e depois há aquilo no universo que tomaria posse de tudo para seus próprios fins, para a sua própria glória. “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor”, diz o Apóstolo. Foi o caso então que alguns estavam usando a Palavra de Deus, pela qual uma nova criação para a glória de Deus é trazida, para a própria glória deles? “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor”. A diferença entre o verdadeiro e o falso ministério é que um sempre traz a glória de Deus em Cristo em evidência, e o outro sempre tem o ministro em evidência. Isso é mercadejar, corromper a Palavra de Deus. Cristo no coração significa que uma diferença é feita entre o verdadeiro e o falso ministério.
Finalmente, a luz divide entre carne e espírito. Não diremos mais sobre isso agora.
De modo que voltamos a ver que o ministério é a obra do último Adão, e de todos os que estão Nele. Em termos práticos, isso significa conhecer a glória de Deus e ministrar essa glória, revelar essa glória; a expressão pessoal da glória de Deus em Cristo estando nos nossos corações. Esse é o ministério. O aprendizado de Cristo, como temos dito, é na escola do sofrimento, no exercício através da prova. Qual será o resultado? Pode haver um pouco de brilho aqui. Às vezes, podemos nos perguntar porque o Senhor nos dá tanta luz quando parece haver tão pouco resultado, mas isso não é o fim da história. Pode haver valor numa palavra como esta nos nossos próprios corações agora, com a revelação de Cristo que vem até nós pelo Espírito Santo; alguma mudança para nós, alguma ajuda para outros; mas principalmente, nosso ensino é para um ministério que é para ser um ministério de Cristo para o universo inteiro ao longo da eternidade. É para o universo inteiro derivar o benefício dos nossos sofrimentos, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. Sim, existem valores que vão além.
Esta é a única explicação desse profundo, profundo, problema doloroso do porquê os filhos do Senhor muitas vezes sofrem direito até o fim, e muitas vezes o período do fim é o tempo do mais severo sofrimento. Será que estes estão ministrando Cristo numa altura dessas? Às vezes é assim. Mas muitos são chamados para sofrer for a do alcance de qualquer outra pessoa. Os sofrimentos deles de nenhuma maneira são relacionados imediatamente a alguém. No entanto, eles estão fazendo descobertas de Cristo. Para qual propósito, então, são estes sofrimentos? O sofrimento vai produzir o fruto mais tarde; o valor desse descobrimento de Cristo vai ser a natureza do ministério deles naquela esfera onde “Seus servos servirão ele, e eles virão a sua face”.
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