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Cristo o Poder de Deus

por T. Austin-Sparks

Capítulo 1 - Cristo o Poder de Deus

Leitura: Mateus 27:38-50, 54; 1 Corintios 1:24; 1 Corintios 2:2.

“Todavia, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus”.

“Porquanto decidi nada saber entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado”.

Se me fosse perguntado, amado, qual, no que ao Senhor me falar diz respeito, é o tema desta conferência, diria que essas duas passagens a representam. Uma, “Cristo o poder de Deus”, a outra imediatamente ligada a essa, e em grande parte a explicação dela, “Jesus Cristo e Este crucificado”.

Nesta manhã ficaremos ocupados, penso, por um algum tempo, principalmente com a abertura do caminho para uma consideração Dele deste modo, “Cristo o poder de Deus”, “Jesus Cristo e Este crucificado”.

Dois Tipos de Cristãos

Existem dois tipos de vida cristã que me parecem muito em grande parte dividirem o povo do Senhor em dois tipos de cristãos. Um, provavelmente o mais comum, é o de uma luta quase contínua para viver de acordo a algo que tem sido objetivamente apresentado, objetivamente visto. É o Cristianismo como um sistema, como um tipo de vida, composta de um grande número de regras, leis e regulações; coisas que devem ser, e não devem ser: algo como à parte do individual, chamado A Vida Cristã, e o individual tem visto isso, teve isso apresentado, e de uma maneira o apreendido, e então a partir desse momento tem começado e desenvolvido um grande esforço, empenho, luta para viver de acordo; realizá-lo objetivamente. É o empenho cristão – é uma luta, um exercício de esforço para atingir um nível concebido de vida que seria a vida cristã. Em grande parte é um assunto de consciência; em grande parte, portanto, é um assunto de medo, e portanto não é sempre um assunto de alegria. É um negocio árduo, cheio de muitos desapontamentos e muito fracasso. É mais uma existência do que uma vida, caracterizada por experiências de altos e baixos. Pode haver de vez em quando um senso de ter tido sucesso, um sentimento muito agradável e muito feliz, muito alegre, muito contente, mas depois, por todas as mudanças estranhas de nossa vida da alma, nós não sempre nos sentimos simplesmente assim, sentimentos mudam, condições mudam, existem falhas, existem colapsos, existem erros, e nós descemos, e descemos de maneira ruim. A seguir, um novo esforço tem que ser exercitado para levantar e continuar um pouco mais.

E assim, esse tipo de vida cristã é um tanto pesada; e achamos muitos filhos do Senhor nessa esfera, simplesmente ansiando conhecer algo sobre vitória real, algo sobre superação real, algo sobre a permanente alegria do Senhor, libertação do ardor de sermos cristãos. Você entende o que quero dizer? É a experiência de uma grande parte. A vida de luta, a vida de altos e baixos, e em sua maior parte, o senso de que esta vida cristã que é apresentada no Novo Testamento é algo diferente daquilo que é experimentado por estes filhos de Deus, e ou eles têm mal compreendido a coisa toda, ou então a coisa realmente não funciona. E o inimigo nunca é lento para se lançar sobre esses e os assediar e lhes dizer que o Cristianismo não é um sucesso, a vida cristã não é o que é apresentado ser. Bem, esse é um tipo; todos nós estamos bem familiarizados com isso. É a vida cristã que é de acordo a algo objetivamente apresentado e aceito. Mas existe um outro tipo, e esse é, a entrada para algo já completo em Cristo. Não algo a ser alcançado, mas algo já realizado; não é de modo algum algo para o qual viver de acordo, mas Alguém com Quem viver. A vasta diferença entre essas duas coisas no desenrolar pode ser dificilmente medido. É “Cristo, o poder de Deus”. Agora, quando temos dito isso, temos aberto o caminho para ver justamente o que O Senhor Jesus é, e nunca podemos ficar fora disso e nem querer. Mas é muito importante que vejamos exatamente o que isso significa.

O Perigo no “Ensino Avançado”

Ora, não existe tal coisa como um ensino que é um sistema avançado como tal. Ensino não é departamental ou secional. O que quero dizer é isto. Você ouve pessoas falarem sobre verdade, que tem a ver com o “mais avançado estágio da vida cristã”, como se fosse algo num compartimento à prova d'água por si mesmo, secionado, e, bem, você o pode aceitar ou você o pode deixar; “essa linha de coisas”, esse ensino particular, considerado como algo extra, algo diferente, algo que é mais do que a vida cristã normal, algo por si mesmo, e você o toma ou o rejeita, e não importa muito. Se você vai viver a “vida mais elevada” então você deve ter o “ensino mais elevado”, mas se você não vai entrar nesse tipo de coisa, bem, você deve permanecer, como você diz, “um cristão simples” e crente, e permanecer pelas simplicidades do Evangelho de Cristo, e não importa muito, é somente um assunto de seu interesse no ensino e na verdade. Agora, quero muito enfaticamente, conforme o Senhor habilitar, minar e rebaixar todas essas noções, porque não existe tal coisa como um “ensino avançado” como um sistema separado. Não existe tal coisa! Não importa com o qual você lida no Novo Testamento, você nunca o achará como uma coisa por si mesma, departamentalizada, secionada, num compartimento à prova d'água, a ser tomado ou deixado a sua vontade. Nunca! Nunca você pode chegar ao Novo Testamento dessa maneira!

Temos falado muito do “Vencedor” por exemplo. O Vencedor do livro de Apocalipse e a companhia Vencedora chegando afinal ao trono. Ora, é muito fácil começar a tomar isso como um ensino avançado, como algo que é para um determinado povo e não para outros. Isso é para alguns que se importam em entrarem para ele; isso não precisa ser para todos, e afinal de contas é bem opcional se você entrar para isso. Agora, o que é o Vencedor individualmente, e coletivamente? O Vencedor do Livro de Apocalipse é somente o produto maduro e completo da obra de Cristo na Sua cruz; é somente Cristo em Sua mais plena manifestação e expressão. O Vencedor é ainda um assunto de Cristo, o poder de Deus. Exatamente como na salvação no seu inicio, assim em pleno triunfo na sua consumação. O ponto mais avançado é vitalmente conetado com o ponto mais elementar. Somos constantemente levados do último para o inicial na Palavra de Deus. Você chega a Apocalipse e você chega ao trono, e você chega à companhia Vencedora triunfante, mas mesmo lá você é imediatamente ligado ao sangue do Cordeiro, e o Cordeiro imolado, e isso é inicial e fundamental, básico. As duas coisas, o final e o principio são unidos, não estão separados, e você não pode tomar ensino do “Vencedor” e departamentalizá-lo e fazer um sistema disso, e dizer que é um ensino avançado para determinados crentes. Não, amado, é o resultado normal de sua fé inicial em Cristo. É para ser o que Deus pretendeu que o Calvário fosse para cada crente. É simplesmente a realização do pensamento de Deus ao perdoar nossos pecados bem no começo. É somente o desenvolvimento, o desenvolvimento normal de acordo à mente de Deus, das coisas elementares de nossa salvação, e existe um perigo muito grande em ficar absorvido e fascinado por um ensino avançado, como se fosse algo em si mesmo. Um perigo muito grande, por esta razão, que muitas vezes essa fascinação causa um ignoro dos passos do avanço. É algo lá fora, objetivamente, e pessoas entram nisso com suas cabeças mentalmente e o tomam e estão fascinados por isso, e estão sempre falando disso, mas eles não têm avançado progressivamente nisso em experiência e desenvolvimento espiritual, e há uma falha em reconhecer que você não pode chegar a nenhuma coisa exceto por passos definidos de avanço espiritual, e esses passos estão sempre relacionados à Cruz de Cristo, pois não há um passo em frente na vida espiritual que não seja primeiro um passo para trás.

O que quer dizer é isto, que tem de haver algum desfazer antes que possa haver algum construir; tem de haver uma aplicação da Cruz em alguma maneira mais plena antes de podermos dar um passo adiante; e todo avanço nas coisas mais plenas é em virtude da Cruz sendo progressivamente aplicada e forjada para nos liberar do que nos segura; aquilo na carne que nos segura daquilo que está no Espírito. Assim então, não podemos chegar a qualquer coisa por um processo mental, e há esse perigo de fascinação com as coisas avançadas, que passam por alto os passos de avanço para as coisas mais elevadas, ou mais profundas do Senhor. Esse é o perigo; e nós nunca poderemos atingir o mais elevado, ou o último, a menos que os inícios sejam apropriadamente forjados em nós, e neste sentido nós nunca nos afastamos dos começos. É um ponto que tem sido muitas vezes percebido, mas que fazemos bem em nunca esquecer, que quando Israel passou por cima do Jordão, (um tipo do povo do Senhor entrando através da união de identificação com Cristo na morte e sepultamento e ressurreição, e chegando ao terreno Efésio e Colossense, que é os celestiais) a base de todas suas operações a partir daquele momento foi Gilgal, e nunca saíram para a batalha, para um empreendimento, para possuir algum novo território, sem que retornassem para a base deles imediatamente depois, e voltassem da base deles para a próxima porção de conquista. Gilgal é o lugar da Cruz, o remover, a circuncisão da carne, e amado, cada porção de avanço, apreensão, herança no novo território espiritual, é sobre o terreno do retorno a um reconhecimento desse fato; isto é, nós nunca nos movemos de nossa base finalmente, que os começos de nossa fé, o primeiro terreno, que é a Cruz de nosso Senhor Jesus, governa cada porção do progresso. Então, como acabamos de dizer, que quando você chega ao final, à consumação, e à companhia Vencedora no trono, e ao grande clamor do céu, “Celebrai, ó céus”, ao fim de Deus realizado nessa companhia, é ainda relacionado ao sangue do Cordeiro, ainda em relação ao Cordeiro imolado, você nunca se afastará disso, nem por um instante.

Não “Ensino”, Mas uma Pessoa

Agora então, sendo isso verdadeiro, devemos reconhecer que tudo está ligado à Pessoa e nunca deve ser considerado como só verdade. Esse é o assunto. Nós nunca devemos olhar às coisas como uma verdade, doutrina, ensino como tal. Tudo está ligado à Pessoa. É Cristo o poder de Deus. É Jesus Cristo e Ele crucificado. A Pessoa, embora na glória, embora exaltado à destra da Majestade no alto, embora tendo ascendido muito acima de todo principado e autoridade, embora agora no poder de Sua poderosa ressurreição, a Pessoa é ainda Cristo como crucificado. E amado, você e eu só avançaremos espiritualmente na medida em que isso for uma realidade prática nos nossos corações, em nossas vidas, cada dia que vivermos. É ainda uma Pessoa e a Pessoa é ainda Cristo crucificado, em toda a virtude disso. Isso tem ainda que ser mais completamente explicado, é claro. A Pessoa é Cristo crucificado, isto é, Cristo em relação a Sua Cruz. Agora o que é o Evangelho então? Bem, Paulo nos diz o que o Evangelho era, e é, no que lhe diz respeito. Você examina a carta aos Gálatas, capítulo um, versículo onze. “Caros irmãos, quero que saibais que o Evangelho por mim ensinado” - ora, observe o que ele está dizendo - “o Evangelho por mim ensinado, caros amigos, quero que saibais que não é de origem humana. Porquanto não o recebi de pessoa alguma nem me foi doutrinado; ao contrário, eu o recebi diretamente de Jesus Cristo por revelação”. Retome isso novamente. “Caros irmãos, o Evangelho por mim ensinado foi por revelação de Jesus Cristo”, versículo 15, “Mas, quando aprouve a Deus... revelar o Seu Filho em mim, para que eu O proclamasse”

O Que é o Evangelho?

O que é o Evangelho? O Evangelho de Cristo crucificado, como revelado no coração. O Evangelho não está somente atestando fatos objetivos, mesmo o fato de Cristo crucificado, mas o que constitui o Evangelho é, que o que foi verdade no Senhor Jesus, tem sido revelado por Deus no coração. Não somos constituídos pregadores do Evangelho porque temos lido em algum lugar que Cristo foi crucificado, levantado dentre os mortos e ascendido, e todos esses fatos históricos, mas porque Deus tem revelado em nós, não fatos mas uma Pessoa em relação aos fatos, e os fatos em relação à Pessoa. Tem chegado aos nossos corações por revelação do Espírito de Deus, Jesus Cristo e Este crucificado, e isso tem nos constituído pregadores, isso tem constituído o Evangelho. Não existe Evangelho à parte disso. Agora, observe como isso nos leva de volta para nossa posição inicial. Significa isto, que uma luta para alcançar, atingir, algo concebido como Cristianismo, é uma falha em ver Cristo, Cristo não tem sido visto, Ele não tem sido revelado. Logo que o Espírito Santo revelar o Senhor Jesus em nós, nós teremos entrado na posição em que a obra é realizada, e o que estamos fazendo agora é viver a partir de uma posição aperfeiçoada, em vez de esforçarmos para alcançar uma posição aperfeiçoada.

Agora, isso precisa se tornar um pouco mais claro. O que acontece é isto. O Espírito Santo traz Cristo em Sua obra completa para os nossos corações, e então procede para nos conformar a Ele à medida que cooperamos e continuamos. Percebemos que se Cristo está em nós, Ele não é um Cristo imperfeito? Ele não é somente o Cristo que lidou com nossos pecados. Ele abrangeu todo o terreno de nossa perfeição na obra de Sua Cruz. Quando o Senhor Jesus forjou Sua obra do Calvário, amado, Ele não somente lidou com o assunto do perdão ou remissão dos pecados, de modo que quando chegamos à Cruz isso é tudo que obtemos; o Senhor Jesus continuou pela Sua Cruz, diretamente para a perfeição da redenção até que Ele alcançou o trono do Vencedor absoluto. Ele varreu todo o terreno, tudo e qualquer coisa que alguma vez os crentes irão encontrar no curso da experiência cristã como uma obstrução, resistência, dificuldade, como uma tentação, como algo tencionado e calculado a impedir eles de alcançarem o fim de Deus – Ele enfrentou tudo. Não existe experiência que pode jamais vir a você ou a mim no curso de nossa vida cristã que crie dificuldade em alcançarmos o fim de Deus, mas que Cristo já tem lidado com isso. Nele, a Pessoa, desde a remissão dos pecados para a vitória absoluta sobre o dragão e todas suas hostes, Nele, a Pessoa, todo o terreno é abrangido, está terminado, está completo. Não é algo para o que temos que lutar, está feito. Agora, o Espírito Santo traz esse Cristo aos nossos corações com tudo que Ele contém em Sua Pessoa em virtude da Sua Cruz, e depois, sendo trazidos em união vital com Cristo residindo no interior, a seguinte coisa é o Espírito Santo proceder, conforme deixamos Ele, cooperar com Ele, enquanto consentirmos e enquanto continuarmos, Ele procede a nos conformar à imagem do Filho de Deus, Jesus Cristo, e nos levar para a plenitude de Cristo. De modo que vencer não é algo para se lutar, é algo a ser forjado em nós à medida em que consentimos com a obra da Cruz. Observe a diferença. Oh, que diferença! “Cristo em vós a esperança da glória”, e algumas pessoas parecem pensar que a luta deles é a esperança da glória. Isso resulta como o desespero da glória. Eles tem logo chegado ao descobrimento de que não há muita esperança da glória restando ao longo dessa linha! Assim, a vida cristã, de acordo ao pensamento de Deus, é Cristo tendo Seu caminho em nós e nós continuando em viva comunhão com Ele. Existem suficientes provas nisso porque é lá que Cristo e Este crucificado é aplicado.

Agora vamos ver o que isso significa, provavelmente durante o tempo desta conferência. Apenas mencionemo-lo agora numa maneira inicial. Continuar com o Senhor é a aplicação de Cristo crucificado. É “Trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus, da mesma forma, seja revelada em nosso corpo”. O morrer do Senhor Jesus; e um aspecto muito importante do morrer do Senhor Jesus era um morrer para tudo exceto para a vontade de Deus. Ele assumiu esse morrer no Jordão, quando o tentador veio e tentou fazer com que Ele agisse nos Seus próprios interesses espirituais, nos interesses de Sua grande obra da vida, mas para agir fora da harmonia com a vontade de Deus, e Ele morreu todo o tempo para tudo menos para a vontade de Deus. Esse é Cristo crucificado, amado, e esse é o morrer do Senhor Jesus. Há espacio suficiente que você vê, ao continuar com o Senhor para testes, para provações, e isso é o que faz o assunto tão real. É progresso pela morte. É vida da morte. É ganho da perda. Mas bendito seja Deus – e nós devemos manter nossos olhos nisto – que Cristo está lá com toda a plenitude, como se fosse, na Sua mão, e enquanto continuamos “de Sua plenitude todos nós temos recebido, graça sobre graça”. Então, o que temos primeiramente que ver, com olhos espirituais, não olhos mentais, é o significado da morte de Cristo. Por favor, não diga, oh nós sabemos tudo sobre isso, temos ouvido tanto sobre isso. Você não tem ouvido mais sobre isso do que eu, pelos menos não penso que você tenha, e no entanto, se existe uma coisa que é mais real para mim hoje do que nunca é da consciente necessidade de conhecer mais do significado da morte de Cristo. Oh, que o Senhor abra isso para nós nestes dias. Apenas alusões do que está na morte de Cristo são suficientes para nos fazer, se forem alusões vivas, desejar analisar este assunto novamente. Amado, há algo na morte de Cristo que você e eu nunca temos visto, e meu coração está apenas se achegando para obter aquilo ao que o Senhor tem dado alusão. E estou orando para que venha por nosso intermédio vivamente nesta conferência.

Não sei se vou dizer muito mais nesta manhã. Podemos avançar desse ponto enquanto o Senhor nos conduzir em outras reuniões. Mas gostaria encerrar nesta observação positiva agora. Para lembrar você que o Espírito Santo tem sido encarregado, e tem aceito a plena responsabilidade por tudo isto. Isto é, Sua obra é revelar Cristo em nós e produzir Cristo em nós. Ora isso, por um lado, é algo abençoador para nossos corações. Depois de termos recebido o Espírito Santo como Quem cuja missão, cuja responsabilidade é revelar e reproduzir Cristo no crente, se isso não é realizado, a obra do Espírito Santo não é realizada. E a única razão pela qual não será realizado é achada na nossa própria atitude para com Cristo. O Espírito Santo nunca falhará Nele porque Ele não pode Nele mesmo fazer a coisa por falta de recursos, falta de poder, falta de habilidade, falta de paciência e persistência, e tudo isso é preciso para realizar isto. Ele nunca falhará no que a Ele diz respeito; se Ele falhar a causa da falha estará conosco, porque não deixamos Ele, nós não cooperamos. Mas podemos estar certos de que se o Senhor, o Espírito, tiver Seu caminho, Ele fará cada um de nós (não uma pequena companhia seleta, assentada no trono) – Vencedores. Isso é para você, o mais simples crente no Senhor Jesus, você que se deleita e gloria no grande fato inicial de que você é salvo do pecado, inferno e juízo. O Senhor ao salvar você tem ligado Seu trono, se você deixar Ele obrá-lo. É claro, enquanto este fato da missão e obra do Espírito Santo é uma grande benção com a que contar, é também por outro lado uma prova. É uma prova quanto a se o Espírito Santo está tendo Seu caminho. Pode ser uma prova quanto a se temos recebido o Espírito Santo. Pelo menos é uma prova para crentes quanto a se Ele está tendo Seu caminho.

Ou seja, você está vivendo a vida de altos e baixos, a vida de luta? Há algo tudo errado com isso. Essa não é a vida do Espírito Santo. Essa não é a vida da habitação interna reinante do Senhor Jesus. Portanto, devemos reconhecer isto, esse poder em relação ao Espírito Santo não é algo a ser buscado, a ser tido como uma força abstrata. É relacionado à Pessoa de Cristo, especialmente em conexão com a Sua Cruz. Quando falamos do Espírito Santo normalmente temos ideias de poder, e quando estamos falando do poder normalmente pensamos do Espírito Santo, mas muitas vezes com efeito o pensamento do Espírito Santo é sem o artículo, é “Espírito Santo” num tipo de poder, elemento, força, alguma coisa que vem e toma você, e faz coisas extraordinárias, e efetua alguns resultados, é a operação só de um elemento, um poderoso elemento. Isso é estranho ao Novo Testamento. Poder em conexão com o Espírito Santo está inseparavelmente ligado à Pessoa de Jesus Cristo e Este crucificado, e o Espírito Santo operando como poder somente faz assim revelando Cristo e Este crucificado. Isso tem sempre sido assim, nos tempos do Novo Testamento e desde então. O poder do Espírito Santo era manifesto na revelação de Jesus Cristo e Este crucificado, de modo que Cristo era o poder de Deus, e Cristo é o poder de Deus. Agora então, amado, o que precisamos ver é da necessidade para o Espírito Santo fazer real cada parte de Cristo crucificado em nós. E isso deve ser diariamente. Cada parte – é assim como o coloco para simplificá-lo – existem muitas partes de Cristo crucificado. Está a morte é claro, está a ressurreição, está a exaltação; e o Espírito Santo tem que fazer o significado espiritual de cada uma destas partes de Cristo crucificado real em nós, mas nós precisamos reconhecer a necessidade do Espírito Santo para realizá-lo, e temos que chegar à posição em que contamos com o Espírito Santo para realizá-lo, em que definitivamente temos um entendimento com o Espírito Santo que agora é entendido que Você faz todo o significado da morte de Cristo real em mim, e tudo que está implícito e envolvido na Sua ressurreição e ascensão, real em mim.

E portanto agora, o caminho está aberto para avançarmos a ver algo mais do que está na morte de Cristo, na ressurreição de Cristo, na exaltação, na entronização. Mas estas são apenas partes diferentes da única Pessoa e da única obra, Cristo e Sua Cruz. Amado, quero que isto seja reunido numa palavra prática que você possa compreender, e quero dizer isto como sentença de encerramento. Que tudo para uma vida de plenitude, de vitória, é ligado ao fato de que este Cristo que tem realizado e aperfeiçoado tudo, está em nossos corações e está tendo Seu pleno caminho e pleno domínio nos nossos corações, e isso é muito diferente de lutar para viver a vida cristã. É a vida cristã sendo vivida por Cristo, através do Espírito, em nós enquanto obedecemos, cumprimos, cooperamos, ativamente e não meramente de forma passiva.

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.