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A Administração do Mistério - Volume 2

por T. Austin-Sparks

Capítulo 11 - Conclusão. A Base de Tudo


Tendo apontado para o objetivo inclusivo, não podemos encerrar sem mais uma ênfase especial sobre a base exclusiva. A pergunta que estará em muitas mentes é: Como tudo isto acontecerá na Igreja, nas igrejas e no indivíduo? Há uma resposta, mas ela irá nos desafiar no profundo e em cada ponto de nossas vidas. Muito — talvez tudo — irá depender de quão seriamente estamos interessados no propósito de Deus, e, portanto, quão prontos estamos em colocar de lado todo o preconceito, superficialidade, ceticismo, familiaridade e, talvez, tradições. É o caso dos apóstolos. Estavam as coisas diferentes do que deveriam estar nos dias deles? Havia uma condição na igreja em Roma que demandava tal tremenda correção como aquela grande Carta escrita a eles? Havia um estado de coisas em Corinto — divisões, carnalidades, desordens, rivalidades, dissensões, e outras coisas piores, as quais pediam tal correção, como a Primeira Carta a igreja que estava lá? Havia uma incipiente perda de glória na Galácia? Havia uma “mosca no bonito bálsamo” em Filipo? Havia alguma ameaça de falsa espiritualidade em forma de misticismo em Colossos? Sim, tudo isto e outras coisas, que ameaçavam o testemunho das igrejas e sua influência no mundo. Os apóstolos não desculparam, não sancionaram, nem aceitaram nada daquilo. A atitude deles foi: “Essas coisas não devem permanecer”. Como eles lidaram com aquelas situações? Tinham eles alguma base e meio comum de abordagem e remédio? Sim, eles tinham! Em cada caso era a mesma coisa.

A Roma foi: Romans 6:3–10; 12:1,2.
À Galácia: Gálatas 2:20; 5:24; 6:14.
A Filipos: Filipenses 2:5–8.
A Colosso: Colossenses 2:11,12; 3:3.

Bem, há, puro, claro e positive: a Cruz de Jesus Cristo trazido pelo Espírito Santo bem à raiz e fundação da vida de cada cristão. Uma crise fundamental e, depois disso, uma obra interior e exterior. “Nós”, “Vós”, “Eu” — todos os pronomes de aplicação direta. Os cristãos creem no Espírito Santo. Muitos desejam conhecê-lo como uma realidade e um poder em suas vidas. Porém, deveria ser compreendido e reconhecido que o Espírito Santo está empenhado e ligado à Cruz. Sua vinda aguardou a obra da Cruz. Somente após a simbólica representação da Cruz na morte, sepultamento e ressurreição com Cristo no batismo — assim entendido — o Espírito Santo de fato assumiu o seu lugar com poder nas vidas dos primeiros cristãos. Devido à raiz principal de tudo o que a Cruz foi destinada a tratar ser a vida do ego, cuja palavra do Novo Testamento é “a carne”, o Espírito Santo conduz as pessoas sob o seu governo a experiências que são calculadas com a finalidade de expor e trazer a vida do ego dos filhos de Deus. É uma parte primária e inseparável da obra do Espírito Santo tornar real o significado da Cruz.

Isto não é algo popular, mas é a porta para a plenitude espiritual, e, quanto mais profunda a Cruz, maior a medida, o poder e a luz da vida ressurreta. Isto toca todo o terreno e alcance da autoridade de Satanás. O poder sobre Satanás é algo inseparável da Cruz. Por isso ele irá fazer tudo o que for possível para destruir, colocar de lado, desvalorizar e desacreditar a Cruz. A Pessoa de Cristo e a Cruz de Cristo tem sido a base da mais amarga controvérsia na história do Cristianismo. Naturalmente, eles são uma coisa só. É a Pessoa quem dá à Cruz o seu real significado e valor, e é a Cruz que reincidica a Pessoa; desde que a Cruz signifique morte, sepultamento e ressureição para a glória. As Escrituras citadas anteriormente e muitas outras deixam claro que a Cruz de Cristo é algo mais do que um evento histórico de muito tempo atrás. É algo que tem que se tornar muito real na experiência, e não apenas na doutrina, do cristão. Mas quem poderia sobreviver à Cruz naquilo que ela significou no caso de Jesus Cristo? Ela o rasgou, devastou e desolou, alma e corpo, coração e mente. Para Ele significou uma ida às trevas exteriores, ao abandono. Toda a agonia eterna foi concentrada em algumas horas e a um último terrível momento. Não há outra criatura no universo que poderia passar por isso e sobreviver. Graças a Deus, nenhuma outra criatura jamais foi requerida a passar por tudo isso: Ele sofreu tudo por nós. E há outro aspecto daquilo que concerne à nossa “união com Ele à semelhança de Sua morte” (Rom. 6:5) e “trazendo sempre e por toda a parte a mortificação de Jesus” (2 Cor. 4:10) e a “comunhão de Seus sofrimentos”; o beber do cálice que Ele bebeu. Esta obra de Sua morte na Igreja e no cristão sera progressivo. A lei da natureza, que é apenas outra maneira de falar da lei de Deus, é mais vida, mais fruto, mais crescimento, pelo recorrente Inverso e Primavera, alternando experiências de morte e de vida, cada ciclo para aumento. Esta é a lei da Cruz (João 12:24). Deus não é um Deus de teorias; Ele imensamente prático.

Um dos maiores inimigos da plenitude é a superficialidade. Esta é uma era de “retornos rápidos”, ganhos fáceis, menos problemas, tudo com o menor esforço, problema e custo possível. Profundidade é uma dimensão de perda. Vigor é uma qualidade negativa. É por isto que Deus permite as guerras, as convulsões da natureza, e as dificuldades. O Céu apenas irá vir através da tribulação — tribulação é o princípio da Cruz que Deus está mantendo diante dos homens. Serão aqueles que participarem do Seu trabalho que irão participar do Seu reino.

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