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A Administração Do Mistério - Volume 1

por T. Austin-Sparks

Capítulo 12 - Tomando o Terreno do Homem Celestial


Ler: Col. 2:16–23; 3:1–11; Efé. 4:13–15.

Há uma particular aplicação de toda esta vasta e abrangente verdade que sentimos que deveríamos enfatizar neste momento. Tem a ver com o nosso tomar o terreno do Homem Celestial. Quer você o considere de forma pessoal ou corporativa na Palavra; você verá que uma coisa que está sendo salientado como absolutamente necessária, é que o terreno do Homem Celestial deverá ser assumido; isto é, que o homem deverá ir para o terreno do Homem Celestial. Deus não tem nada a dizer aos homens, nada a fazer com eles, em qualquer outro terreno que não seja o do Homem Celestial. Sua atitude é esta, se você quiser que Ele fale a você, ou que tenha alguma coisa a ver com você, você precisa ir para o terreno dele, que é o terreno do Homem Celestial. Você terá que deixar o seu próprio terreno natural, seja qual for o seu pensamento a respeito dele, e terá que ir para o terreno do Homem Celestial. Você tem que deixar o terreno do homem terreno, do Adão caído, deixar o terreno natural e ir para o terreno do último Adão, para o terreno celestial, que é um terreno espiritual.

Se você tomasse este pensamento e começasse a ler novamente o evangelho de João, e, então, fosse para as epístolas, especialmente as de Paulo, embora isto não esteja restrito a elas, você veria que isto é algo que de dá ao longo de todo o caminho, e que daria a você uma maravilhosa abertura da Palavra.

Cristo é o Único Terreno onde Deus Trata com o Homem

Começamos, então, vendo que o Pai tem estabelecido o Filho como o terreno onde Ele trata com os homens, e Ele não irá com o homem em nenhum outro terreno: “...a este o Pai, Deus, O selou” (João 6:27). Jesus de Nazaré foi ungido por Deus. Agora este é o terreno: “Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo” (Mat. 3:17); “Este é o Meu Filho ... escutai-O” (Mat. 17:5). Deus estabeleceu o Seu Filho, e, se você quiser ter alguma coisa a ver com Deus, se você quiser que Ele tenha alguma coisa a ver com você, você precisa vir para o terreno do Seu Filho, para o terreno do Homem Celestial. Deus se encontra conosco no Filho. Deus realiza a Sua obra lá neste terreno. Deus realiza a Sua obra somente aí. Pois, em todo o interesse e atividade de Deus conosco, Cristo é o Primeiro e o Último. Ele foi estabelecido, selado, ungido, e somente nele encontraremos o céu aberto.

Referindo-se novamente a Jacó e seu sonho, lemos: “E chegou a um lugar onde passou toda a noite lá ... E sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela. E eis que o Senhor estava em cima dela, e disse...” (Gen. 28:11–13). O Senhor retomou isto, como você bem se lembra, com Natanael, e disse: “...vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (João 1:51). O Senhor comunga com o homem por meio dessa escada, a qual é o Filho do Homem, e somente por meio dele; Ele tem falado a nós, nestes últimos tempos “por meio do Seu Filho, a quem constituiu como herdeiro de todas as coisas”. Penso que não precisamos salientar que este é o lugar onde começamos, e isto é o que o Pai tem feito. Ele estabeleceu o Homem Celestial, o Seu Filho, como sendo o único terreno onde Ele se encontra com o homem.

O Significado da Unção Divina do Filho

Ao usar o termo “Homem Celestial”, estamos fazendo mais do que apenas nos referindo a uma Pessoa Divina, o Filho de Deus. Estamos implicando uma grande ordem de Homem, um tipo de Homem, constituído por todos os aspectos, fontes e faculdades celestiais. Tudo sobre este Homem é celestial, e de valor prático. Nada nele é sem significado, sem valor. Antes, é algo do tipo aplicado; isto é, tudo que está em Cristo é de uso, de uso celestial para nós, de valor celestial, de significado prático. Este é o porquê de falarmos dele como sendo o Homem Celestial, o tipo que Deus mantém à vista. Deus somente pode tratar com este tipo, e é por isso que precisamos deixar o nosso próprio terreno e ir para o terreno de Cristo, porque Deus somente pode lidar com este tipo de Homem. É isto o que se pretende com a frase familiar: “Crer no Senhor Jesus Cristo...” (literalmente, coloque sua fé no Senhor Jesus Cristo). Não é simplesmente tomar uma atitude na direção dele e dizer: Naturalmente eu creio nele, creio que Ele é perfeitamente confiável. Não! É o comprometimento de si próprio, um passo na direção do terreno dele, assumir o terreno do Homem Celestial. Enquanto isto não for feito, não haverá qualquer esperança. Para fazermos isto temos que deixar o nosso próprio terreno, e isto não é tão simples como parece. É um aprendizado que dura a vida toda. Pode haver um ato no início, onde, naquele primeiro sentido, cremos no Senhor Jesus Cristo; onde damos um passo de fé na direção dele e nos comprometemos com Ele e confiamos nele, porém, para o resto de nossas vidas estaremos aprendendo o que significa deixar o nosso próprio terreno e tomar o dele. Ao fazermos isso, chegamos à plenitude da estatura de Cristo. É quando aprendemos a deixar o nosso próprio terreno e assumimos o terreno do Homem Celestial que tudo se torna possível. Temos muitas oportunidades diárias para fazer isso. É um curso que dura a vida toda, embora tenha havido aquele ato inicial do qual falamos.

A Verdade Ilustrada no Caso de Nicodemos

Tome alguns exemplos, Nicodemos apresenta-se ao Senhor Jesus como interessado nas coisas Divinas; interessado no que ele chama de Reino de Deus. Ele sente que Jesus pode lhe dizer algo, e lhe dar alguma informação. “Rabi, sabemos que és Mestre vindo de Deus... ” (João 3:2). Bem, Tu pode nos dizer algo! O Senhor não lhe dá qualquer informação. Jesus não satisfaz as perguntas de Nicodemos; não abre a ele os segredos Divinos. Jesus não responde à pergunta, mas apenas diz, em efeito: Nicodemos, principal dos Judeus como você é, você precisa deixar este terreno e vir para o outro; você precisa nascer de novo.

Quando você acompanha o significado desta conversa, e daquilo que o Senhor disse a Nicodemos, você percebe claramente que Jesus apenas está dizendo em outras palavras: Você precisa vir para o Meu terreno. Você precisa estar onde eu estou, antes de você poder conhecer alguma coisa. Você precisa conhecer o que eu conheço. Bem, eu não posso falar a você, mas, se você nascer de novo, então você poderá saber; você poderá receber do meu conhecimento celestial quando você ocupar o meu terreno celestial. E você somente poderá ocupar este terreno celestial se nascer do alto, assim como eu. É um terreno de homem celestial para um conhecimento de homem celestial. Você precisa deixar o seu próprio terreno. O que, deixar o meu terreno? O que há de errado com ele? Eu sou um bom e íntegro israelita, um fiel mestre da Lei! Sim, mas você precisa deixar o seu terreno, diria o Senhor Jesus; eu não estou agora tratando com um homem e sua observância à Lei; estou tratando com você, Nicodemos, mestre em Israel; você precisa deixar o seu terreno e vir para o meu.

É isto que está claramente inferido em João três, e o mesmo princípio pode ser rastreado através do evangelho. Esta é a lei que está sendo aplicada ao longo de todo o caminho.

(b) A Inquirição dos Gregos

Você chega ao capítulo doze e lê: “Ora, havia alguns gregos entre os que tinham subido para adorar no dia da festa: estes, pois, dirigiram-se a Filipe ... e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus” (João 12:21). Então os discípulos vieram e contaram ao Senhor Jesus que havia alguns gregos que queriam vê-lo. O que o Senhor respondeu? Ele disse: Muito bem, eu irei e me mostrarei a eles! Não! “Jesus respondeu-lhes, dizendo: A hora é chegada, para que o Filho do Homem seja glorificado. Em verdade, em verdade vos digo a vós, que, se o grão de trigo cair ao solo e não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (versos 23, 24). Queriam eles ver a Jesus? Então eles precisariam vir para o terreno dele. Que terreno? O terreno celestial, o terreno da ressurreição. Não é o terreno desta criação; você precisa morrer para entrar no terreno do Senhor. Não é o terreno desta vida terrena; você precisa morrer para esta vida. Aqueles gregos jamais podiam “vê-lo” enquanto seus pensamentos acerca de Jesus fosse apenas aquele sobre alguém do interesse deles aqui nesta terra; enquanto eles estivessem ali apenas para ver alguém falando coisas maravilhosas; enquanto estivessem procurando um homem maravilhoso que operava milagres; enquanto Jesus fosse uma das atrações pelas quais eles tinham vindo à festa, alguém com quem eles podiam manter contato. Eles precisavam deixar completamente este terreno, e deixá-lo por meio da morte (nós iremos voltar a isto mais tarde); então, eles O verão através de um relacionamento corporativo: “...se morrer, dá muito fruto”. Um grão de trigo transformado em espiga, e, depois, numa colheita. É assim que o Senhor Jesus pode ser conhecido, quando nos tornamos parte do Homem Celestial, por meio da morte e da ressurreição. Você precisa deixar o terreno natural se quiser vê-lo. Não é por meio da contemplação dele como uma figura histórica que você O vê; você somente O vê através da ressurreição juntamente com Ele, no terreno do Homem Celestial.

Quão verdadeiro isto foi com os próprios discípulos. Jesus esteve com eles por três anos e meio, contudo eles não O conheciam; não O “viram”; porém, após ter Ele partido, então eles O viram e O conheceram. O conhecimento era algo que transcendia em muito aqueles dias da Sua carne.

(c) Pedro e os Gentios

Avance mais, nos primeiros capítulos do livro de atos, e você chega àquele parágrafo na história das primeiras coisas na igreja, onde Pedro estava jejuando e orando. Ele entra em êxtase e vê o céu aberto e um lençol descer do céu. No lençol estão todos os tipos de animais quadrupedes e criaturas rastejantes; e uma voz diz a ele: “Levanta, Pedro; mata e come” (Atos 10:13). Ao que Pedro responde: “Não, Senhor; pois jamais comi qualquer coisa imunda” (verso 14). Sabemos a que isto está relacionado. Num lugar distante dali há um homem devoto, que possui muito pouca luz, que buscava de todo o coração conhecer mais perfeitamente o Senhor, seguir com Deus; que estava faminto pelo Senhor, mas não conhecia o caminho. Em sua busca pelo Senhor, ele foi visitado por um anjo, o qual lhe disse que, se ele procurasse em determinado lugar, em tal e tal endereço, que lá havia um homem chamado Pedro, o qual, se fosse chamado, viria e lhe falaria o que ele precisava saber. Enquanto isso, em relação a Cornélio, que não era judeu, que não era de Israel, que estava fora da aliança, o Senhor trata com Pedro. Para Pedro aquele homem seria como um daqueles répteis, aquelas criaturas rastejantes, um alimento imundo, só porque não pertencia a Israel. Pedro diz: “Não, Senhor...” Pedro precisa deixar este terreno. Este é o seu velho e judaico terreno, e ele precisa deixá-lo e ir para o terreno do Homem Celestial. Qual é o terreno do Homem Celestial? É aquele onde não há judeu, nem grego, onde estas distinções não devem ser feitas. Você não deve fazer tais distinções, Pedro! Você não pode ficar apático a isto, dizendo, eu sou judeu e ele não; nós não temos relações! Relacionamento é a marca do Homem Celestial, e nele todas as discriminações desaparecem. Você precisa sair do âmbito do seu terreno histórico, tradicional, Pedro, e ir para o âmbito do Homem Celestial.
O Senhor deixou muito claro que Pedro tinha que fazer isto, e as conseqüências seria muito graves e críticas se ele não o fizesse. Pedro obedeceu e deixou o seu próprio terreno, e foi para Cesaréia e se deparou com uma das maiores surpresas da sua vida, uma vez que descobriu que o Senhor estava lá! Ele tinha que relatar aos outros apóstolos judeus que, embora ele tivesse ido com todo o temor e apreensão, ele encontrou o Senhor lá. Sim, o Senhor estava no terreno em que Ele próprio havia provido, o terreno do Homem Celestial. Nós iremos sempre encontrá-lo lá. Deixe o seu próprio terreno, e vá para o Meu, e Eu irei encontrá-lo lá, e irei mostrar-lhe algo que o surpreenderá. Assim foi neste caso: “quem era eu para que resistisse a Deus?” O Senhor havia dado do Seu Espírito a eles, e eu tive que sair do meu terreno e ir para o dele, o terreno do Homem Celestial.

(d) Paulo e Israel

O que foi verdade em relação a Pedro também o foi em relação a Paulo. Penso que Paulo precisou de um longo período para abandonar completamente o seu próprio terreno. Ele se agarrou a Israel o tanto quanto pode. Outras coisas houve, as quais tinham que rapidamente ficar claras, e a sua saída aos gentios tinham-no distanciado bastante até mesmo deste terreno, mas ele ainda estava apegado a ele, em certa medida. Aquele voto, e aquela subida a Jerusalém que lhe trouxeram alguns problemas, foi tudo fruto do seu apego a Israel, do fato de ele estimar os seus irmãos segundo a carne mais do que os demais. Ele não largou mão disto assim tão facilmente. Mas, quando amplamente Paulo conseguiu abandonar este terreno, então ele pode escrever a carta aos efésios. Esta carta é uma gloriosa expressão do terreno celestial sendo alcançado em plenitude. Não é isto? Efésios trata do estar nos lugares celestiais em Cristo. Fala da estatura da plenitude de Cristo. O pleno crescimento do homem é o Homem Celestial. Finalmente ele abandonou completamente o seu próprio terreno, o terreno da tradição, do natural, do nascimento, da esperança natural, e, agora, estando no terreno do Homem Celestial, ele tem uma plenitude a transmitir. Ele diz — e tais palavras geram tanta riqueza quando você enxerga o que elas representam da posição a qual ele mesmo havia chegado — “E revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e retidão” (Efé. 4:24). Neste terreno celestial, não pode haver judeu, nem grego. Você precisa deixar tanto o terreno judaico como o terreno grego. No terreno do Homem Celestial não pode haver circuncisão, nem incircuncisão. Você precisa deixar esses dois terrenos. No terreno do Homem Celestial não pode haver bárbaro, nem cita, nem escravo, nem livre, mas Cristo é tudo em todos. Este é o terreno do Homem Celestial.

Todo o Terreno Natural Precisa ser Abandonado

Nesta dispensação, Deus não está tratando com os judeus como judeus, nem com gentios como gentios, embora muitos estejam cometendo o erro de pensar sim. Deus diz ao judeu: Você precisa deixar sua condição de judeu e se apresentar Mim não como judeu, mas como um homem, e, enquanto você assim não o fizer, Eu não terei nada a dizer para você; você não irá ter qualquer luz enquanto persistir em vir diante de Mim em seu próprio terreno. O mesmo deve ser dito a qualquer outra pessoa. Temos que deixar o nosso próprio terreno, em todo sentido.

Da mesma forma que isto se aplica em relação a nacionalidades, também se aplica a todos os demais sentidos. Você pode dizer ao Senhor: Mas eu sou isto ou aquilo, e aquilo outro; ou: Mas eu não sou isto, nem aquilo. A questão não é o que você é, mas o que o Filho é; é isto que conta. Venha para o terreno do Senhor. Ele não irá conhecê-lo baseado no que você é, seja bom, seja mau; Ele só irá conhecer você no terreno do Homem Ceslestial. Então você responde: Mas eu sou tão fraco! O Senhor não irá conhecê-lo neste terreno; Ele irá conhecê-lo no terreno de Seu Filho. É isto o que o Espírito Santo quer dizer com aquelas palavras que foram ditas por meio de Paulo: “...fortalecei-vos na graça que está em Cristo Jesus” (2 Tim. 2:1). Deus nos ouve exclamar: Mas eu sou tão fraco, Senhor! Ele não presta a menor atenção ao que queremos dizer com tal confissão, a qual sugere: desça para o terreno da minha fraqueza, Senhor, e me tome! Ele diz: Você precisa abandonar este seu terreno, e vir para o terreno do Meu Filho, então você irá encontrar força. Eu sou tão tolo, Senhor! O Senhor responde: você irá continuar tolo enquanto não vier para o terreno do Meu Filho, O qual foi feito sabedoria para você.

Isto é aplicado ao longo de todo o caminho. Nós tomamos o nosso próprio terreno diante do Senhor e ficamos surpresos que Ele não nos tire dele e nos coloque numa posição melhor; Ele jamais fará isso. Iremos permanecer em nosso próprio terreno para sempre se esta for a nossa atitude. A palavra do Senhor a nós é: Abandonem o seu próprio terreno e venham para o Meu. Eu providenciei um Homem Celestial que está pleno de tudo aquilo que vocês necessitam; venham para este terreno. Não importa o que você é, ou o que não é. No terreno do Senhor tudo é ajustado e tornado perfeito.

O Testemunho dos Testemunhos para a Verdade:

(a) Batismo

Este é o significado dos testemunhos do batismo e da imposição de mãos, como mencionado em hebreus seis. Esses dois testemunhos caminham juntos. O batismo significa, por um lado, deixar o terreno de sua própria natureza, morrer para o seu próprio terreno e ser enterrado. No que concerne ao seu próprio terreno natural, isto é terminado com: “Morrestes...” Você foi separado do seu próprio terreno natural. Por outro lado, em seu batismo, você ressuscitou com Cristo e veio para o terreno dele, do Homem Celestial. “tendo sido sepultados com Ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dentre os mortos”. É assim que a verdade à qual nos referimos é colocada em colossenses. E o apóstolo prossegue chamando a atenção para o reconhecimento disto. “Se morrestes com Cristos para os rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se estivésseis vivendo ainda no mundo...” Morrestes! Você agora está em outro terreno, no terreno do Homem Celestial. Na ressurreição você foi ressuscitado juntamente com Cristo; pensai, portanto, nas coisas de cima.

Que possamos falar aqui, para que não caiamos em algum perigo ao fazer tal afirmação, que entre as coisas mencionadas está dito que você morreu e não precisa mais estar debaixo da escravidão do Sábado. Isto é muito verdadeiro, mas apenas como algo legal, como parte de uma coisa legal, de um sistema legal imposto a você; você morreu para isto, e não mais está preso a ele. Mas, observe, nós não cremos que um homem ressurreto, um homem espiritual, irá violar o princípio do Sábado. Não cremos que um homem realmente espiritual irá fazer isto. Há esta porção do nosso tempo que é a porção do Senhor, a qual deve ser separada para Ele de todas as outras coisas em questão de tempo, a qual deve dar a Ele o Seu lugar, dar um espaço livre para as coisas do Senhor em nossa semana. Esta é uma lei estabelecida de um caráter espiritual que está por detrás da ordenança do Sábado. Eu não posso crer por um momento que um homem que está sob o governo do Espírito Santo irá tratar todos os dias da mesma forma, que irá transformar o Sábado num dia de prazeres e ganhos pessoais. O Espírito Santo iria examinar o homem espiritual em tal questão, ao mesmo tempo que o manteria livre do Sábado legal, para que ele guardasse este dia para Deus e não como parte de um sistema religioso.
Agora, falamos isto entre parêntesis, para salvaguardar aquilo que que acabamos de expressar contra uma conclusão injustificável. Oh, eu posso fazer o que eu quero porque não estou debaixo da lei, dirá alguém. Oh não! De modo algum! Nós podemos ter o Espírito Santo agora na ressurreição, e, no terreno do Homem Celestial, seremos guardados pelo Senhor nestas questões.
Você vê que o batismo estabelece, por um lado, o abandono do nosso próprio terreno natural, através da morte, e, por outro lado, o nosso ir para o terreno do Homem Celestial na ressurreição.

(b) A Imposição de Mãos

Chegamos, então, à imposição de mãos. Ela segue imediatamente após o batismo na Escritura de hebreus seis. Qual é o significado da imposição de mãos? Ela testemunha a nossa vinda para o campo do Homem Celestial Corporativo, um único Corpo, de modo que na imposição de mãos há o testemunho trazido por duas, três, ou mais pessoas, por um ato de identificação, o qual mostra que não somos unidades isoladas, mas somos um corpo coletivo, corporativo, somos o Homem Celestial Corporativo. O terreno do próprio Senhor foi este do um só Corpo, do Homem Celestial Corporativo. Não há qualquer dúvida de que é nesta vida de unidade de Espírito, a qual é a vida do Homem Celestial, que encontramos uma maior plenitude de Cristo. Há sempre algo a mais em dois do que em um. Há sempre algo a mais do Senhor na comunhão do que no isolamento. O Senhor indica muito claramente isto quando, por meio do escritor aos hebreus, Ele diz: “Não deixeis de vos reunir, como é costume de alguns, mas exortai-vos uns aos outros; ainda mais quando verem que aquele dia se aproxima”. (Heb. 10:25). Por que deveria estar escrito “ainda mais quando verem que aquele dia se aproxima?” Porque aquele é o dia da plenitude, o dia da consumação. O nosso caminhar juntos “ainda mais” em vista daquele dia torna possível ao Senhor acrescentar ainda mais àquela plenitude final. Precisamos disto tanto mais quanto nos aproximamos do fim, e do início do “dia”. O território do Homem Celestial, pessoal e corporativo, é o território que definitivamente precisamos tomar.

Em Cristo, que é o Homem Celestial, tudo vive. O princípio governante é a vida eterna. Tudo vive nele. Temos dito que nele a Palavra de Deus é vivificada. No âmbito do Homem Celestial, a Palavra é vivificada. Vá para este terreno e você irá provar que as coisas realmente estão vivas. Deixe o seu próprio terreno e vá para o terreno do Senhor e você encontrará vida. Ponha isto à prova se quiser. Se você se apegar ao seu próprio terreno, você morrerá, ou irá permanecer na morte. Você diz: Mas, Senhor, eu sou tão fraco! Bem, permaneça neste terreno e veja se você não morre. Senhor, eu sou tão tolo! Permaneça aí, e veja quanto de vida você goza. O campo do “o que sou” é terreno de morte. E, embora isto seja o outro tipo de “eu” que pensa ser alguma coisa, isto é, que possui certa satisfação pessoal, auto-suficiência, contudo, é morte. O terreno do “o que sou”, seja o que for, é terreno de morte. Não é o terreno do Homem Celestial. Vá para o terreno do Homem Celestial e encontre vida. Deixe o seu próprio terreno e aceite o do Senhor, e o resultado será vida.

Se você fica aborrecido, ofendido, e explode e se irrita, e acalenta a sua queixa, você irá morrer. Está você esperando que o Senhor venha até você e lhe suplique: Oh, não fique tão aborrecido, não dê muita atenção a isto! O Senhor não irá fazer nada disso. Ele não nos segue desta maneira. Ele diz a nós: Você tem que deixar este terreno e vir para o Meu! Você irá morrer fora dele! E você sabe que, enquanto você não dominar o seu ataque de fúria, e não voltar para o terreno do Senhor, você não viverá novamente. As coisas celestiais são práticas, e não míticas. Em qualquer outro terreno, que não o do Senhor, o que existe é morte. Se nos separarmos, se deixarmos esta comunhão, esta associação que é o nosso relacionamento na vontade de Deus, iremos começar a perder e a nos tornar como Tomé. Ficaremos do lado de fora, e nossas vidas se tornará pequena, mirrada, miserável. O Senhor não irá sair atrás de um Tomé. O Senhor jamais seguiu atrás de Tomé. Quando os outros discípulos chegaram juntos e Tomé não estava com eles, porque ele havia ficado ofendido, o Senhor não foi procurá-lo, a fim de lhe dizer: Venha, Tomé! O Senhor encontrou os demais discípulos quando eles estavam todos juntos, porém, enquanto Tomé não entrou onde eles estavam, ele não viu o Senhor, não entrou para a vida, e não chegou a ver quão tolo ele tinha sido. Então Tomé se prostrou e disse: “Senhor meu e Deus meu”. Esta é a sua confissão por ter sido um tolo.

Se nós nos separarmos e perseguirmos qualquer outra causa, morreremos. O Senhor não sairá até nós. Ele estará dizendo a nós o tempo todo: Deixe este terreno e volte para onde eu possa me encontrar com você. Este é o terreno do Homem Celestial. O Senhor nos ensina o significado disto.

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.