por
T. Austin-Sparks
Editado e suprido por Golden Candlestick Trust. Origem: "A Good Beginning". (Traduzido por Marcos Betancort Bolanos)
Continuamos mais um pouco na série de nossas meditações anteriores. Você sabe que estamos refletindo a respeito da distância a qual é na natureza da diferença entre nós mesmos e o Senhor, diferença e distância que constitui a peregrinação espiritual ou jornada do povo de Deus. Os onze dias se desenvolveram em quarenta anos no deserto por causa dessa imensa diferença que existe entre o povo do Senhor e Ele próprio, e a jornada é alongada ou reduzida de acordo à nossa conformidade com Ele. A jornada trata inteiramente de que deixemos o que nós somos e sejamos transformados no que Ele é, o que o nosso Senhor é. Nas nossas meditações prévias estávamos especialmente refletindo a respeito do final da jornada, o alvo, o qual é descanso, o descanso de Deus.
Na carta aos Hebreus que temos diante de nós agora sabemos que existe muita coisa referida - de fato é o ponto que governa a carta - sobre avançar, "Avancemos para a maturidade". Seguindo o que já fora dito no final de Hebreus 5 sobre comida sólida sendo para homens maduros, agora, diz o apóstolo, deixemos determinadas coisas que são elementares, e avancemos. É esta jornada espiritual outra vez - avançando até um final. Este avanço e esta maturidade formam um todo com a entrada no descanso, o descanso de Deus. Você sabe o que é avançar, é avançar em descanso. Nós sabemos o que maturidade é, é entrar no descanso.
Existem muitos do povo de Deus que têm a ideia, que certamente transmitem a impressão, que crescimento espiritual, aumento espiritual, maturidade espiritual, avanço espiritual, é marcado por uma tremenda intensidade, um grande esforço, uma tensão que trazem na suas vozes e nas suas aparências. A impressão que eles dão é que a vida cristã é um assunto árduo e quanto mais intenso você fica, mais espiritual você é. Me deixe dizer logo que isso é de fato um erro muito grande. Todos nós sabemos que o povo que representa a maior medida da verdadeira vida espiritual, que têm alcançado algo da plenitude de Cristo, que sim representam maturidade espiritual, são pessoas de muito descanso. Existe um sossego neles, não há aparência de tensão, na conduta, na voz ou na impressão que eles dão. Eles são pessoas que conhecem algo do descanso interior, e você se sente descansado ao estar com eles, tranquilo, confortado, acalmado; você sente que eles têm força na qual você quer se refugiar, eles são como a sombra de uma grande rocha. Se existe uma coisa grande acerca da rocha, é a personificação do espírito do descanso. Se você mora entre colinas e montanhas, você sabe que simplesmente ficar de pé ou se assentar e olhar para elas traz uma sensação de consolidação, sossego; elas estão lá inalteradas através das gerações. E isso é algo acerca de Deus. Temos acabado de cantar - "pois Deus é descanso", e crescimento espiritual significa que o desgaste espiritual desaparece de nosso olhar, e de nossas faces, e de nossas vozes, e essa terrível intensidade, tensão, desaparece. Não é de modo algum uma marca de crescimento espiritual. Portanto, livremo-nos das falsas ideias sobre o que significa ser um cristão maduro. Significa estar entrando no Seu descanso; todos nós precisamos disso.
Assim, esta carta traz à luz a jornada, mas outra vez, é neste sentido, que não é necessariamente uma longa jornada. A duração da jornada depende de nós e depende da nossa apropriação pela fé daquilo que é provido para o descanso da nossa alma.
Ora, devemos só pensar por mais um pouco juntos sobre algumas das coisas que são necessárias para o crescimento, consecução, alcançar o fim, avançar.
Esta carta aos Hebreus deixa uma coisa muito clara, e se nós pudermos compreender e obter o seu benefício será uma coisa boa feita se fosse a única coisa feita hoje. Deixa claro que um bom começo é muito necessário. Temos que chegar a uma posição clara no início. Isso é o que diz, em outras palavras, em Hebreus 6. Temos dito que avançar está em consonância com a jornada, alcançar o objetivo de Deus. Hebreus 6, como você sabe, é: "Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus E da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. E isto faremos, se Deus o permitir". Isto equivale a entrar numa posição perfeitamente livre com o Senhor, e a origem judaica do povo a quem a carta foi escrita deixa bastante claro para nós o que isso quer dizer - entrar numa posição clara com o Senhor.
Você sabe que a carta é escrita para cristãos judaicos ou crentes judaicos, aqueles que tinham vindo a Cristo do Judaísmo. Isso significa que eles tinham, com efeito, saído de um sistema externo de religião que era estabelecido aqui na terra e tinham entrando numa posição espiritual muito clara de uma natureza e caráter celestial. Você percebe como o apóstolo fala sobre estas coisas, o modelo e a realidade celestial. Em Hebreus 8 ele se refere a isso - "um ministro do santuário, e do verdadeiro santuário, o qual o Senhor fundou, e não o homem" (Heb. 8:2). "Os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou".
Depois, em Hebreus 9 você tem mais uma referência - "De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu" (Heb. 9:23,24).
Existe um modelo e existe uma realidade. Um modelo estava aqui na terra, dado a Moisés, mas as realidades celestiais permaneceram no céu.
Ora, o Judaísmo simplesmente se tratava desse modelo de coisas nos céus estabelecidas aqui na terra, tudo formal e externo, apontando para uma realidade celestial, o qual tudo é Cristo: Cristo - o tabernáculo de Deus, a habitação de Deus; Cristo - o sacerdote de Deus; Cristo - o sacrifício de Deus; Cristo - a nova aliança de Deus; Cristo - o Cristo celestial, "Eu desci do céu" (João 6:38) "Eu sou de cima" (João 8:23). Cristo - a realidade celestial; Todo o modelo judaico estava apontando para Ele, e quando vieram a Cristo, eles saíram de um modelo de coisas da terra para uma realidade celestial livre, mas demostrou ser um caminho muito custoso, porque estas coisas terrenas, mesmo que estejam relacionadas com Deus e para Deus, e embora na sua inserção vieram de Deus, tendo sido fixadas aqui, são coisas muito rigorosas. Elas têm uma influência violenta, e nas mãos do homem se tornam um meio de governar e dominar, e se você, ao as deixar, infere que você as repudia, você não vai escapar facilmente. Você descobrirá que elas têm tanta influência que podem exercer uma efeito tremendamente prejudicial na sua vida temporal aqui, e o Judaísmo estava demasiadamente fixado na terra e demasiadamente difundido em cada povoado e cada cidade, e por todas as zonas rurais. E em qualquer lugar estavam os que pregavam Moisés, e eles poderiam tornar a vida impossível - a realização do seu próprio comércio poderia se tornar impossível se você não se conformasse.
Esse tipo de coisa é o que estes crentes enfrentaram, e eles perceberam que tinham sido deixados de lado, bloqueados, excluídos, banidos, e nas suas vidas temporais e vidas sociais postos sob Proibição. E com este sofrimento e esta dificuldade vindo sobre eles, sobre as suas famílias, eles foram tão pressionados que olharam em volta buscando um caminho mais fácil. E todo o tempo havia o forte argumento de que o que eles deixaram era de Deus, eles tinham abandonado o que Deus trouce à existência, que Deus o tinha selado através de longas gerações. E quando você tem argumentos como esse em tempos de intenso sofrimento, quando você vê os seus filhos em privações e toda a sua vida se tornando extremamente difícil, não é fácil se posicionar.
Assim eles contemplaram um caminho mais fácil e pelo menos estiveram em perigo de fazer um compromisso: tentar permanecer com Cristo e ainda continuar com a velha ordem, tendo as duas coisas juntas. E para poupar eles de voltarem para as obras mortas, esta carta foi escrita, para mostrar como de impossível é chegar à plenitude de Cristo em consonância com as coisas terrenas e limitadas, mesmo que estejam ostensivamente relacionadas com Deus; coisas religiosas.
Assim havia esta ênfase na necessidade para uma posição absolutamente clara no princípio, estar com o Senhor num lugar em que tudo era de um caráter celestial e vivo, uma coisa orgânica. E uma coisa orgânica é uma coisa que é governada pelo princípio da vida, não forma, não repetição, não ritual, não tradição, mas só vida livremente operando e se expressando de acordo à sua natureza, dando a forma da sua própria natureza para o organismo.
É por isso que a vida cristã começa com a ressurreição. A ressurreição é a entrada de uma nova vida. Mas mesmo nesta ressurreição, tem de haver um despir e um abandonar dessas coisas que amarram em morte. Era o costume lá, e é no Leste, enfaixar um cadáver com roupas de túmulo, atar mãos e pés, cabeça e dedos. Você lembra quando Lazaro saiu do túmulo, chamado pelo Senhor, ele estava amarrado com faixas nas mãos e pés, e o Senhor disse, "Retirai as faixas e deixá-lo ir!" Essas faixas são o que se quer dizer aqui em Hebreus 6:1 - obras mortas, "arrependimento de obras mortas". Quais são as faixas do Judaísmo? Simplesmente as formas externas terrenas velhas, ordens legais, da religião. É para serem despidas. Tem de haver uma arrependimento das obras mortas. Acho que a nossa ideia do arrependimento é geralmente fechado num derramamento de lágrimas penosas e ficar extremamente pesaroso. Esse não é o significado completo da palavra "arrependimento". Arrependimento simplesmente significa "virar as costas". Quando nos arrependemos de nossos pecados, nós viramos as costas com tristeza, talvez com lágrimas, mas o arrependimento real não é lágrimas nem tristeza; é virar as costas em exatamente a direção oposta, deixar essa direção das coisas. Arrependimento de obras mortas é deixar as faixas.
Talvez você esteja pensando que isto é pouco apropriado para uma reunião como esta, pois nós sabemos isto muito bem e todos temos sido mais ou menos libertos, mas permita-me lhe dizer que este tipo de coisa, estas obras mortas ou faixas do Judaísmo, não é só algo externo, é uma tendência persistente; é tão fácil tornar qualquer coisa cristã num sistema terreno fixo como era tornar o Judaísmo uma coisa da terra. Você pode tornar qualquer coisa num sistema aqui, algo que é fixado, para o qual você tem que se conformar. É uma tendência que você descobre brotando e se expressando sempre - um conjunto de doutrinas, uma determinada interpretação, uma apresentação ou um lugar onde um ensino é transmitido, e se tornou fixo - essa coisa relacionada àquele lugar, e eu pertenço lá e nós fazemos isto e não fazemos aquilo. Isso é puro e simples Judaísmo. Pode-se tornar imediatamente legal, algo trazido a esta terra, algo que se tornou fixo, e no momento em que se torna isso, o princípio orgânico é ferido.
A abordagem é inteiramente da outra direção. Você e eu nunca erraremos e não falharemos em chegar a todo o pensamento de Deus em cada direção e conexão e aspecto, se estamos nos movendo pelo espírito da vida em relação ao Senhor Jesus sozinho. Apenas surgirá - e esta é a beleza disso, este é o descanso disso, esta é a marca da maturidade.
Me deixe falar com total liberdade e de maneira perfeitamente simples. Existem dois caminhos na experiência conforme prosseguimos com o Senhor. No início, quando não tínhamos tido muita experiência, víamos algo mais do que o Senhor queria, o que Ele quer em relação a vidas crucificadas, identificação com Ele por parte do Seu povo na morte, sepultura e ressurreição, e depois em relação à igreja, a natureza celestial, espiritual da igreja e da igreja local como uma expressão local do Corpo de Cristo, e chegamos a ver algo disso. E depois a nossa tendência, ó, esta tendência persistente crônica é tentar fazer com que isso aconteça, tentar impô-lo sobre as pessoas, trabalhar resolutamente atrás disso, criar uma intensidade sobre isto para incidir nas pessoas ao perceberem. E nós conseguimos algo, não é de modo algum o que queremos ou o que o Senhor quer.
O Senhor lida conosco, nos conduz para profundezas, nos quebra e esvazia, e ensina as lições. E dentre elas a maior de todas as lições que, uma vez que estamos em linha com o Senhor e estamos livres para o Senhor, separados, sem amarras, sem prejuízos, que realmente estamos com o Senhor numa posição clara, tendo em conta isso, o Senhor mesmo vai fazer o resto, trazendo à existência o que Ele quiser. E ele nos diz, "Agora o deixe Comigo, mantenha as mãos longe; a sua parte é cooperar em oração, talvez em transmitir a palavra, mas Me veja fazê-lo; não force este assunto, não tente fazer com que aconteça, não tente fazer uma igreja, não tente crucificar as pessoas; mantenha as mãos longe!" Existe um maravilhoso descanso numa posição como essa. Você diz que isso é passividade; não, não é. Você está dentro; num sentido e numa maneira, você está participando do sofrimento, você está no conflito, você está pagando o preço, mas você não o está realizando. Mas o Senhor está realizando a coisa, a coisa está discretamente tomando forma, e você sabe que não é você que o está realizando e que tem a responsabilidade. Esta é a obra do Senhor, o assunto do Senhor, e o Senhor o está realizando. Talvez você gostaria de que fosse feito um pouco mais rápido, mas está ocorrendo, está acontecendo, o Senhor o está realizando. É algo orgânico, não algo organizado, e Deus está atrás disto e há descanso para a sua alma.
Ora, isso é muito simples. Existe toda a diferença entre propormos a fazer uma coisa, fazer com que ela aconteça, forçar algo, formar algo, realizar algo, e estarmos numa posição tão clara e livre com o Senhor que o Senhor mesmo pode só fazê-lo. Ó, quanto necessitamos desse início claro com o Senhor para ficarmos livres das velhas faixas de túmulo. Quão difícil é para muitos que têm sido criados talvez numa ordem fixa, terrena, religiosa, de coisas e sistemas, onde se trata de farás e não farás, onde tudo é tão legal e onde quase a consciência tem se amarrado a essas coisas por causa do treino precoce. Quão difícil é ficar claro, dar ao Senhor uma posição absolutamente livre, um caminho livre, e isso é muito necessário. Creia-me, nós não vamos chegar a lugar nenhum até que o Senhor tenha obtido essa posição livre. O problema com tantas pessoas é que eles trazem as velhas faixas do velho sistema pegajoso, eles ainda estão presos, existem umas leis de algum tipo ainda lhes segurando firme, algumas aceitações fixadas, e uma das maiores necessidades para o crescimento espiritual e realização é uma ajustabilidade permanente.
Pobre Pedro que teve que aprender isso. "Nunca me lavarás os pés" (João 13:8). "Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá" (Mat. 16:22). Bem, Pedro, você terá que esquecer essa posição, você terá que retirar isso e dizer, "Uma vez disse, nunca lavarás meus pés; faça como você quiser! Uma vez disse, Senhor, isto nunca acontecerá com Você; tenho chegado a ver que é a única maneira, e eu o aceito como o único caminho de saída!"
Marta tinha que aprender a ajustabilidade. Marta chegou muito esquentada e incomodada ao Senhor aquele dia e disse, "Senhor, minha irmã me deixou com todo o trabalho para fazer, mande ela vir e me ajudar!" Bem, Marta, você terá que aprender a esquecer, você deve aprender a ser ajustável! E ela aprendeu: ela não aprendeu a não servir o Senhor. Não, ela está ainda servindo, mas ela estava servindo no terreno de ressurreição na última ocasião. Podemos chamá-lo de serviço orgânico agora, ao passo que anteriormente o serviço era organizado. Era o ímpeto e tensão externo, e pressão das coisas. Marta tinha que aprender a descansar no serviço, a obra da vida.
Arrependimento de obras mortas. Esta posição celestial, espiritual viva, é muito necessária no início antes de chegarmos a qualquer lugar; este desfazer de tanta coisa que nos tem agarrado firmemente de maneira religiosa não contribui para o descanso. É a mesma coisa, dando voltas e voltas o tempo todo. Era para isso que o Senhor dirigiu as Suas palavras sobre encontrar descanso para a alma. Ele não estava falando para o mundo em geral. Ele estava falando para o pobre povo judeu em volta Dele, para Israel, e Ele disse, "Todos os que estais cansados e sobrecarregados". E Ele disse, "Tomai sobre vós o meu jugo... o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" (Mat. 11:28-30). Se você quer saber o que Ele quis dizer, você torna para outro lugar e ouve Ele falando para os Fariseus, os lideres judeus religiosos - eles "atam fardos pesados e difíceis de carregar, e os põem sobre os ombros dos homens" (Mat.23:4). O que eram os fardos pesados e difíceis de carregar? O sistema legalista religioso, a introdução dessa coisa toda que era um modelo de coisas celestiais e o tornando o último, a coisa final em vez de só aquilo que apontava para outra coisa; o tornando a coisa e impondo-a sobre os homens e dizendo, "Agora então, isto e aquilo, e isto e aquilo não!" O pobre povo judeu estava sob esse jugo atrito desse sistema fixo trazido à terra, e o Senhor diz, "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados!" E na carta aos Hebreus sabemos o que Ele quis dizer; é explicado, "Estas pessoas estão tornando um jugo difícil e sobrecarregado de sacrifícios, e sacerdócios, e sistema sacerdotal a ser mantido à sua custa. Vinde a Mim, Eu sou o sacrifício de uma vez para sempre, Eu sou o Sacerdote de uma vez para sempre; vinde a Mim, vocês encontrarão descanso para as suas almas. Meu jugo é suave, Meu fardo é leve!" O peso de uma ordem terrena religiosa fixada é retirada e é vida de dentro, e você não precisa temer que você vai perder alguma coisa. Esse é o caminho de realização, de atravessar, de chegar ao fim de Deus.
Se você e eu formos realmente acionados por um relacionamento vivo com o Senhor Jesus, tendo dado ao Senhor um claro lugar absolutamente livre onde nós não temos nada para trazer de um ordem fixa, e o Senhor tem um caminho livre conosco, tudo que está na mente do Senhor pode ser realizado e será realizado. Operará espontaneamente, operará. Nós chegaremos ao conhecimento da Cruz e a sua operação interna. Não teremos que estudá-lo - nós chegaremos. O Senhor fará com que conheçamos a verdade. Chegaremos ao significado do Senhor sobre a igreja, o Corpo de Cristo, a sua natureza, a sua vocação, a sua ordem. Chegaremos; irá acontecer, isso é tudo. E enquanto mantermos um caminho aberto com o Senhor, tudo e mais alguma coisa que o Senhor tenha em mente virá, seremos guiados a isso. Vai acontecer porque o Senhor tem este assunto em mãos e tudo isto volta para a necessidade absoluta de nós estarmos livres para o Senhor.
Se nós vamos ter algum 'mas' e perguntas - "Mas fui ensinado... e é assim como eu cresci!" Se vamos introduzir isso, nós vamos colocar algo no caminho do Senhor. Não quero dizer que vamos largar e jogar coisas que são vitais, mas você e eu temos de manter pelo caminho todo uma posição onde o Senhor é livre para nos mostrar que mesmo coisas que anteriormente tínhamos pensado e acreditado serem finais e últimas eram, afinal de contas, apenas degraus para algo mais; por enquanto eram importantes, mas a importância delas era apenas comparativa. O Senhor por esse processo estava soberanamente nos conduzindo para algo mais. Nós não devemos ficar lá porque o Senhor nos levou até lá. Devemos nos manter completamente livres para o Senhor nos conduzir além disso. Essa é a jornada espiritual, uma posição livre com o Senhor.
E você vê muitos do povo do Senhor só grudados, estão fixos, eles nunca se movem além de um determinado ponto simplesmente porque eles encerraram tudo num tipo de conclusividade, e porque algo não está de acordo a isso deve estar errado, deve ser suspeito. O Espírito diz, através de João, "A unção que vós receberam Dele, habita em vós, e ninguém precisa que vos ensine; mas...a sua unção vos ensina... todas as coisas" (1 João 2:27). Você pode tomar isso erradamente, você pode dizer, "Muito bem. Eu dispenso os mestres, dependerei da unção!" Isso não é o que João está dizendo. Se você olhar ao contexto, você verá isto, que João está falando sobre Anticristos, "Mesmo agora surgiram muitos anticristos". O espírito de Anticristo já está trabalhando. Agora ele diz nessa conexão, "A unção que vós recebestes habita em vós e Ele vos ensinará acerca deste assunto; você conhecerá pela unção em você se este é Cristo ou se este é Anticristo, se isto está certo ou errado; a unção ensinará você. Você não precisa que alguém chegue e lhe diga, 'tenha cuidado desse e daquele, ele é um anticristo, um falso mestre'. A unção que você recebeu tornará você consciente de que isso não está de acordo a Cristo. O Espírito em você vai dar testemunho de Cristo, vai lhe guardar de acordo a Cristo". Isso é o que João está dizendo. Então lembre do contexto; ele não diz que você não precisa de nenhum mestre em absoluto. Ele está dizendo que o Espírito em você lhe ensinará todas as coisas em conexão com Cristo, lhe tornará consciente do que Cristo é e o que Cristo não é, mas o Espírito lhe trará tudo que se relaciona com Cristo se Ele tiver um caminho livre em você, e esse é o caminho do descanso.
É algo muito abençoado, muito repousante, uma coisa agradável, algo pelo qual estar muito agradecido ao Senhor, quando você pode dizer, "O Senhor me ensinou isso, o Senhor me conduziu nessa direção; foi algo pelo que o Senhor me deu luz!" Digo, isso significa medida. O oposto disso é que você tem tudo a partir do homem e o que você é, simplesmente é a soma total do que você recebeu de segunda mão. O Senhor não quer que seja assim, mesmo no ministério para o povo do Senhor. o Senhor não quer você porque alguém o diz, que você o deve acreditar e sair e fazê-lo. O valor do ministério é que o Senhor mesmo pode dar testemunho da verdade, e o ministério fica aquém e cessa em seu valor para você a menos que o Espírito Santo torne o assunto vivamente seu, e você seja capaz de dizer, "Bem, Mr. fulano de tal o disse e eu acreditei, ou não, mas o Senhor me mostrou agora que estava certo, o Senhor tratou agora comigo para tornar isso uma realidade muito viva para mim!" E assim crescemos.
Mas a questão é que tudo tem de ser assim; vivo, orgânico, não algo imposto do lado de fora, mas algo em operação do lado de dentro e isso nunca poderá acontecer até que tenhamos passado para o terreno da ressurreição, o qual significa que uma posição completamente nova, clara, livre é obtida para o Senhor em primeiro lugar - o princípio orgânico da vida. Arrependimento de obras mortas, fé para com Deus, fundamentos estabelecidos, logo estar numa posição clara com o Senhor, avancemos, podemos prosseguir, e, tendo em conta essa posição clara, a jornada não precisará ser tão longa.
Este é o caminho do descanso; a vida é o caminho do descanso, e a vida é a expressão do que o Senhor está fazendo livremente em nós, não o que estamos assumindo externamente. Se trata de se deixar ir ao Senhor e não se agarrar tenazmente a alguma ordem de coisas fixadas estabelecidas; sendo os filhos do Senhor, andando com o Senhor. Confio que a nossa pequena meditação será de ajuda em relação a isso, e abra um caminho para o Senhor nos nossos corações e nos conduza para o pleno crescimento.
Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.