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Azeite para o Candelabro

por T. Austin-Sparks

Transcrito de uma mensagem dada em Julho 1955. Origem: "Oil for the Light".
(Traduzido por Marcos Betancort Bolanos)

O Livro de Êxodo, capítulo 27 no versículo 20: “Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de olivas amassadas, para o candelabro, para que haja lâmpadas continuamente acesas no recinto. 21Arão e seus filhos manterão essas lâmpadas acesas na Tenda do Encontro, fora do véu que está diante das Tábuas da Aliança, para que queimem desde a tarde até a manhã perante Yahweh. É um decreto perpétuo para as gerações dos filhos de Israel”.

Azeite para o candelabro. É minha crescente convicção queridos amigos, que a maior necessidade de nosso tempo é um verdadeiro conhecimento e entendimento do Espírito Santo e a Sua obra. Tal conhecimento, se é apreendido espiritualmente, realmente resolveria claramente o maior número de problemas que afligem cristãos e a igreja hoje. Se apenas vivêssemos no benefício da habitação interior do Espírito Santo com tudo que isso significa como um assunto de luz... quão diferente seria tudo.

Então digo outra vez, a necessidade urgente de nosso tempo é por esse conhecimento, esse entendimento. E assim, o que se segue nesta manhã estará tocando justamente na mesma margem desse assunto; não é de modo algum uma tentativa para abranger ou esgotar isto.

Este simples fragmento: “ Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de olivas amassadas, para o candelabro...” Você percebe que isto é uma ordenança para o povo do Senhor. Isto é um imperativo. Isto é uma necessidade. Isto é indispensável, isto é essencial – uma ordenança. Não é opcional, deixado à escolha; isto é uma obrigação: “Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite para o candelabro”.

Agora, primeiramente perceba o lugar do candelabro. O candelabro, como você sabe, estava no lugar santo, entre o átrio e o santo dos santos. Era nesse lugar que em tipo é um lugar intermediário, um lugar entre o céu e a terra, o céu e o mundo – está o exterior e está o interior. Está tudo que há aqui neste mundo por um lado, por outro lado está tudo aquilo que é essencialmente o céu – a mesma presença de Deus. E no meio do céu e a terra, este candelabro era para ser um lugar que unisse o céu e a terra e no entanto os dividisse.

Penso que o significado é o que o nosso Senhor quis dizer na Sua grande oração. Me parece que Ele estava permanecendo sem dúvida nesta posição quando Ele orou em João 17: “Eles não são do mundo assim como Eu não sou do mundo, e no entanto... e no entanto eles estão no mundo, estes estão no mundo. Vou para Ti, eles não pertencem ao mundo”. É uma verdade tão familiar, quase uma frase banalizada, “no mundo mas não dele”. Aqui há um lugar intermediário que é o lugar dos crentes nesta presente dispensação, neste tempo atual. É o nosso lugar entre o céu e a terra num sentido muito real. Bem, nós sabemos disso, não é? Sabemos que por um lado estamos neste mundo, claro o suficiente, e é muito real. E contudo, é igualmente real que não pertencemos a ele, não pertencemos à sua vida, estamos num lugar intermediário. Sabemos que ainda não estamos literalmente e na verdade no céu, e mesmo assim e mesmo assim! De alguma forma ou outra estamos profundamente ligados ao céu. O lugar entre... é aí onde o candelabro era para estar ou onde a luz estava; um lugar que divide o céu e a terra e no entanto os ajunta.

Não haviam janelas nesse lugar. Nenhuma janela no lugar santo. Nenhuma provisão foi feita para a luz natural. A luz natural foi excluída. Mas se não fosse por este candelabro, teria ficado totalmente escuro. Tudo o que estava lá representava-se em tipo e símbolo, todos os valores e funções desse lugar eram somente possíveis, capazes de serem eficazes por uma luz que não era a luz da natureza.

A Luz do Espírito

A luz é produzida pelo azeite. Isso é bem verdade e toca muito de perto a minha observação introdutória. Este lugar santo, este lugar intermediário era simbólico da posição na qual Israel estava justamente naquele tempo, eles estavam fora de Egito mas ainda não estavam literalmente e completamente na terra de Canaã. Ele estavam num lugar intermediário e oh, quanto eles precisavam da luz do céu para essa viagem no deserto!

Existem dois aspectos da vida cristã. Em Cristo é verdade que estamos sentados nos celestiais, mas Pedro nos dirá que somos ainda peregrinos e estrangeiros; somos forasteiros – sempre os dois aspectos. E neste lado, a posição mesmo peculiar, do povo de Deus neste tempo atual é: o aspecto de peregrinação.
E isto é verdadeiro ao ensino positivo no Novo Testamento. Nesta vida, Deus não fez nenhuma provisão para a luz natural. Se você e eu vamos no nosso caminho para alcançar o fim pleno de Deus, então a luz natural, por um lado, não nos serve de nada, pelo outro, Deus a excluiu. Ele não fez nenhuma janela. Esse é o argumento da primeira carta aos Corintios, não é? “O homem natural não recebe as coisas de Deus e nem pode conhecê-las”. E toda a força do capítulo na qual essas palavras ocorrem, é: “Deus não fez nenhuma janela para isso – sua razão não entra aqui, a luz do seu juízo não é permitida aqui. É tudo excluído. A luz que há aqui é a luz do azeite. É a luz do Espirito”.

Portanto, o argumento da primeira carta aos Corintios é o argumento sobre o Espírito, não é? E sobre o que é espiritual para orientar, para julgar, para aconselhar, e para o conhecimento de tudo do Senhor. Nenhum lugar para a luz natural, porém a provisão de Deus para a luz que é melhor do que essa, é a própria luz de Deus.

Agora olhe para o conteúdo deste lugar, o santo lugar. Bem, em adição ao candelabro, o candelabro de ouro, você sabe que havia o altar de incenso de ouro e depois havia a mesa do pão, dos pães. Simples símbolos que nos ajudam a entender o significado da luz, o funcionamento do azeite. Justamente isto, queridos amigos, e é claro, você sabe que o simbolismo é que o azeite é o Espírito Santo e o Espírito Santo é a nossa luz para as coisas de Deus. Mas esta luz não é somente para si mesma. É para lançar raios, acender, iluminar todo este assunto de oração.

E tenho a certeza de que carrego você comigo quando falo da tremenda necessidade que existe para que o povo de Deus saiba como orar no Espírito. Se apenas soubéssemos como orar no Espírito Santo! Isso é uma frase do Novo Testamento: “orai no Espírito Santo”. Precisamos disso. Nunca chegaremos realmente muito longe sem isso. Ficaremos dando voltas em círculos. E você vê que o Senhor de vez em quando mandava parar nesta viagem, para montar o tabernáculo novamente, com tudo que continha. Mas bem no centro havia esta coisa: a luz no lugar santo sobre este assunto de intercessão e oração – o altar de incenso. É como se o Senhor estivesse dizendo, “não podemos avançar mais até que coloquemos uma nova ênfase sobre este assunto da oração no Espírito, orando no Espírito Santo”.

Nosso futuro, nosso progresso, nossas novas etapas requererão que entremos no Espírito de oração novamente e obtenhamos a oração no Espírito. Agora, é difícil para mim deixar claro tudo que estou sentindo sobre isso, mas queridos amigos, você compreenderá o ponto. Se nas nossas orações e na nossa própria vida privada de oração, e quando nos reunimos, nos reunimos para a oração como o povo do Senhor, estivéssemos orando no Espírito, quanto mais avançaríamos! Em vez de orar nos nossos próprios juízos, nossos próprios sentimentos, nossos próprios impulsos, nossas próprias ideias, nosso próprio razonamento – o que deveria ser, o que achamos que deve ser e assim por diante – e proferindo um monte de coisas partindo de nossa própria luz natural. Se o Espírito Santo se apossasse de nosso orar e orássemos no Espírito até mesmo uma coisa, quanto mais avançaríamos! Veja, não creio que é possível orar algo no Espírito Santo sem nenhum resultado, sem algo acontecer, sem algo ser atingido e algum mover ocorrer.

Olhe de novo no livro de Atos. É justamente isso que acontecia, observe, eles oravam no Espírito. E isso não significa que eles só oravam num tipo de sentimento, o Espírito Santo é o Espírito da luz, percebe. E o Espírito Santo sabe o que Deus quer. Ele conhece todos os propósitos de Deus, todos os projetos de Deus, todos os caminhos de Deus, todos os tempos de Deus. Ele sabe quando o tempo é oportuno para tal e tal coisa. Ele sabe exatamente como essa coisa deve ser feita. Ele o sabe tudo, Ele é o Espírito da luz! Ore no Espírito Santo e você orará bem nas coisas que Deus tenciona e devem ser.

E não posso fazer mais nada nesta manhã do que só fazer este apelo: que você e eu procuremos o Senhor ainda mais seriamente, para que nossa vida de oração seja no Espírito, iluminada pelo Espírito, para que oremos na inteligência e o entendimento do Espírito Santo.

Portanto, o azeite para o candelabro tem um relacionamento com a oração no Espírito Santo. Por outro lado, esta luz era dirigida sobre a mesa e pão. E isso certamente indica que devemos nos alimentar da Palavra de Deus na iluminação do Espírito Santo. Este é o fator extra que é tão necessário, sinto talvez que é mais necessário hoje do que nunca, se isso for possível.

Você pode tomar este livro, a Bíblia, e do mesmo livro, usando as mesmas Escrituras, obter centenas de posições diferentes, mesmo cada uma das quais em conflito com a outra. Isso é o que tem sido feito! Isso é o que está sendo feito. Você vê que quase todos os aspectos e formas diferentes do Cristianismo hoje constroem-se sobre a Escritura, defendem suas posições pela Escritura, e muito poucos deles podem permanecer juntos. Eles são contraditórios se não antagonísticos um ao outro, eles tomam uma coisa da Palavra de Deus e você obtém estes diferentes pontos de vista que estão absolutamente em conflito com cada outro, e contudo construídas sobre a Escritura. E isso pode ser estendido sobre tantas coisas, tantas maneiras.

Bem, o que é para nós fazermos? Como é para nós sabermos? Não deixando a Escritura e chegando à nossas próprias conclusões e juízos, mas precisamos que o Espírito Santo nos diga o que a Escritura significa. Existe algo extra para a Palavra, percebe. O Espírito deu esta Palavra e Ele conhece o que Ele quis dizer por ela. E Ele nunca pretendeu dizer duas coisas em conflito e contraditórias. Ele não é dessa maneira. A mente do Espírito é uma mente. O Espírito Santo é sempre muito consistente, e não existem contradições na Bíblia no que respeita ao Espírito Santo; existem na nossa luz natural interpretações ou apreensões.

Você não vê quão importante é trazer azeite para o candelabro? Que na palavra de Deus, sobre a qual temos que nos alimentar (é nosso Pão), Cristo veio para nós como o Pão na forma da Palavra, “não só de pão viverá o homem mas de toda palavra...” toda Palavra! Cristo é a Palavra viva como o Pão vivo. Mas oh! Precisamos do Espírito Santo para iluminar esta Palavra e para interpretar, convencer, e salvar-nos de contradição. Ah sim, mas o Espírito Santo não tem janelas para nosso razonamento e nossas interpretações – luz natural. Aqui tudo é fechado para Ele; fechado para Ele – tudo o mais excluído.

Bem, nosso tempo passou. Penso que você vê o que quis dizer, a tremenda importância no nosso dia do Espírito Santo – conhecer o Espírito Santo. Minha última palavra é esta: amassadas. “tragam azeite puro de olivas amassadas para o candelabro”. Deve haver um exercício claro sobre esta questão da orientação do Espírito Santo, a iluminação do Espírito Santo. Não só acontece e surge. Não só surge, temos que descer para este assunto em exercício e energia real , e direi, fazer disto, um assunto: “Senhor, Senhor, descarte meu juízo, descarte meus sentimentos, descarte meus gostos e meus desgostos. Você vem pelo Seu Espírito e tens absoluta preeminência no meu coração, na minha mente enquanto oro, enquanto leio a Sua Palavra”. Percebe? Seu assunto, amassadas, exercício real sobre o lugar e obra do Espírito Santo na nossa vida pessoal com o Senhor e na nossa vida coletiva.

Desejemos ouvir essa nota nas nossas orações de oração, lancemos mão realmente do Senhor, “Agora Senhor, esta noite nesta hora, devemos entrar na mente do Espírito acerca das coisas...” Tomar posse de Deus, amassando. “Ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de olivas amassadas, para o candelabro”.


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